UM OLHAR PARA O AMOR DE PAI

No encontro com a mãe, o pai contribui para a geração da vida nova, para que o mundo comece outra vez. No ápice da formação fetal, a criança vem ao mundo para através do amor em doses diversas, de energias diversas, formar-se humanamente, tornar-se pessoa na cultura já existente de um mundo já dado.

A mãe por sua natureza oferece o colo, o alimento, os cuidados e todo carinho que a frágil vida precisa para ser no mundo o que veio a ser. O amor do pai não é cuidadoso nesta forma como é o amor da mãe. O pai, que sendo pai após a fecundação, cumpre sua missão de amar numa perspectiva diferente, própria. Ele será o porto seguro, mas principalmente o impulsionador. Dará colo, mas dará limite, será presença afetuosa e referência segura, mas estimulará à liberdade. O Pai apresentará aos filhos o mundo.

O pai será um agente castrador, é ele quem corta o cordão umbilical. É o pai quem tira as penas do ninho e todo conforto para que seus filhotinhos almejem voar. Ele é quem deve inspirar a coragem e o desejo de seguir em frente. O amor do Pai é um amor que cobra, que põe limites, que regula para um bem maior. Um amor disciplinador para a vida. O amor paterno personifica o espírito e seu olhar é voltado para a amplitude. “Enquanto a mãe se move dentro de uma área limitada, o pai leva seus filhos para além desses limites, para a amplidão da vida.” (Bert Hellinger)

O pai forjará no coração de seus filhos memórias afetivas ao leva-los ao parquinho aos domingos, ao busca-los na escola dizendo que sentiu saudades, ao toma-los no colo após um tombo e um joelho ralado ao cair da bicicleta, dos jogos de tabuleiro. Os filhos lembrarão das histórias para dormir, do mama cremoso e docinho, do colo do sofá até a cama, das mãos dadas, dos micos e vergonhas na adolescência, da presença no balé da escola ou na colação de grau, da viagem para praia, seja de Ipanema ou do Rio Grande nas Três Ilhas.

Talvez, eles não lembrem do sustento garantido, da casa confortável, do carro, da dispensa cheia, da escola e dos passeios, fruto dos trabalhos do pai, em conjunto com a mãe. Talvez não compreendam o não, o limite e as cobranças. Mas tudo isso é amor de pai, numa esfera diferente e necessária.

Embora nem todos os homens cumpram sua missão, quando a vida lhes dá a paternidade, mas os que souberam e sabem cumprir essa nobre missão, e a compreendem em sua inteireza sistêmica, amando, partilhando, dando limites e impulsionando para a vida, são referência. Ajudaram e ajudam na construção do rico patrimônio a que chamamos “amor de pai”.

Hoje pai, na interação de mais de 7 anos com Helena, naturalmente minhas experiências de filho brotam na memória, num misto de saudade e gratidão pelo amor e valores recebidos de meu saudoso genitor e educador. As joias de vida herdadas, foram fundamentais para construir meu tesouro e assim poder dar à minha filha, sua herança, seu capital inicial de valores e afetos, para que construa a sua própria e rica história.

Feliz do filho que tem um pai presente, fisicamente ou na memória, que realmente cumpriu e cumpre seu papel, de ser amor numa esfera diferente, mas complementar ao amor de mãe.

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Gleisson Klebert de Melo é natural de Santana do Jacaré/MG, e Passense desde 2007.

Tem 02 Livros Publicados: “Cidade Menina” e “Deus me livre e outras histórias”.

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 09/08/2024
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