EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE (XXVII)...Diálogos e reflexões com o POETA DÉCIO GOODNEWS...💢🗨💫💥
Prezado Poeta DÉCIO GOODNEWS, em referência ao seu texto novela, tão bem escrito e com fartos conteúdos em literatura, tomo a liberdade de interagir e fazer algumas reflexões à luz da PSICANÁLISE E EXISTENCIALISMO, tema do seu texto em questão, bem como discorrer sobre a PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA .
Sim, Décio, todos nós deveríamos exercitar a nossa "autonomia", mas parece que poucos sabem como conquistá-la ou como buscá-la.
Parece que no mundo em que vivemos, sermos nós mesmos, ou obedecer somente a nós, a nossa própria razão, como você bem disse, isto é uma conquista muito difícil. Assim é preciso buscar mais essa reflexão e ter essa consciência dos muros que devemos demolir, das correntes que devemos quebrar, das lutas que teremos que vencer, como você muito bem elencou no seu texto.
Não devemos esquecer que somos reflexos da nossa cultura, das nossas vivências, dos valores passados pelos nossos pais, das nossas crenças, não nos formamos sozinhos ( sobrevivemos porque um outro me olhou e cuidou de mim).
Nossos pais são as nossas primeiras figuras de identificação; então a nossa subjetividade é formada envolta a essas referências tanto familiares, como culturais e nossos valores pré adquiridos, tanto na família, escola, comunidade, etc...
Desde pequenos formamos os vínculos afetivos e essa necessidade de pertencimento, ou a um grupo do qual fazemos parte se torna extremamente importante e se estende permanentemente ao longo das nossas vidas, como você bem salientou.
Dessa maneira, estamos mesmos enredados numa cadeia cósmica, planetária, social e familiar, ou em um labirinto de mentiras, como você bem colocou. O livre arbítrio parece ser assim uma ilusão, está longe de ser exercido.
Não somos apenas razão, somos também emoção. Freud também já dizia que somos governados pelo nosso inconsciente, é ele quem determina parte do nosso comportamento, e parte do nosso EU; assim pensamos que somos livres, mas a nossa total liberdade é relativa.
Freud cita as chamadas "forças pulsionais" que habitam dentro de cada um de nós, que podem ser canalizadas tanto para o bem, como para o lado destrutivo; por isso estamos presenciando os instintos agressivos dominando o mundo através das forças do ódio, da vingança, da destruição; é preciso direcionar as nossas forças para o lado criativo, benéfico , construtivo e reparador.
Os códigos monitoram as ações das pessoas como você bem salientou, sendo que o pensamento e a moral vêm dos nossos hábitos diários e costumes socialmente aceitos.
Sim, estamos diretamente inseridos na cultura e somos o resultado das demandas tanto individuais, quanto coletivas.
Vivemos em um mundo cristalizado, onde estamos nos distanciando do nosso verdadeiro EU, pois o nosso imediatismo, as nossas urgências acabam nos "automatizando", nos tornando robôs, engenhocas da Inteligência Artificial, muito bem colocado no seu texto.
A corrente psicanalítica também valoriza a herança psíquica; Freud mais do que ninguém ao voltar no passado traz de volta os conflitos infantis, a repetição ou a reedição das histórias familiares, o encontro e reencontro de gerações.
Em muitas abordagens psicanalíticas, como o trabalho com famílias e em grupos é possível trazer materiais de histórias vividas no passado que podem se repetir nos membros das novas famílias, tentando compreender a patologia como herança psíquica geracional.
Então os nossos antepassados, na visão psicanalítica podem reatualizar os sintomas que podem ter relação com os conflitos e as vivências familiares passadas.
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O existencialista SARTRE já dizia que somos responsáveis pelas nossas escolhas, diante de várias possibilidades que a vida vai nos apresentando.
Penso que somos sim, Décio responsáveis pelas nossas escolhas, mesmo que as circunstâncias reduzam as nossas possibilidades existenciais; cabe a cada um de nós desenvolver meios para a ampliação dos nossos recursos, entendendo que independente do contexto e do meio dos quais estivemos ou estamos inseridos, a decisão é nossa e temos sempre que escolher. O simples fato de não escolher, isso já implica em uma escolha, como dizia Sartre.
É dele a famosa frase: "Não importa o que fizeram de mim, importa sim o que vou fazer daquilo que fizeram de mim".
Para Sartre não existe "carma" pessoal ou familiar, o meio não influencia o homem e nem o D.N.A. Assim, ele não valoriza a ancestralidade e nem a herança genética, como você questionou. Dessa forma, não existe pré determinação, ou pré concepção, nos formamos a partir do momento que viemos ao mundo, então não existe natureza humana.
A filosofia existencialista é cativante, apesar de ser muito "dura", pois não podemos atribuir ou delegar a condução das nossas vidas para ninguém, a não ser para nós mesmos, somos os únicos protagonistas da nossa própria história!.
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A corrente evolucionista acredita que o ser humano, as espécies e os seres vivos se transformam ao longo do tempo, sofrem a chamada seleção natural, onde os mais adaptados sobrevivem.
A Psicologia Evolucionista vai mais além entendendo o comportamento humano como uma junção da sua predisposição biológica, ambiental e cultural ; então nessa abordagem a comparação com as outras espécies, e não apenas entre as culturas se torna fundamental para a compreensão do comportamento. Muitas vezes pesquisa-se a antropologia ou a arqueologia para entender como funcionam as tribos com pouco contato coma civilização ocidental, ou como as coisas aconteciam com os nossos ancestrais.
Tais dados foram citados pela Professora Jaroslava Valentova, do Instituto de Pesquisas da USP.
Palavras da mesma; "A Psicologia Evolucionista trabalha sim com a parte já evoluída e, ao mesmo tempo, cultural da psicologia humana. Mas tenta oferecer também esse olhar mais distal, mais voltado para a história da espécie. Mas ela parte do princípio que a maioria dessas tendências evoluiu durante o passado e que já temos algumas tendências que hoje já não são mais adaptativas, por isso não funcionam mais".
Há muitas críticas a essa abordagem, devido aos abusos nazistas, da eugenia, do darwinismo social, se apropriarem da ideia da evolução biológica para tentar embasar cientificamente políticas totalitárias e desumanas; essas ideias acabaram marcando negativamente a teoria da evolução, principalmente suas tentativas de aplicação ao comportamento humano, é o que diz o pesquisador da USP Marco Antonio Correa Varella.( Veja a íntegra de todo conteúdo no link abaixo).
Em relação aos nossos antepassados e a LUCY AUSTRALOPITECO, considerada a mãe da humanidade, e que no seu texto evolui por diferentes espécies nas mais terríveis condições de sobrevivência, penso que há muitos conceitos da Psicologia Evolucionista que podem ser aproveitados para o seu texto em questão, como o estudo da história evolutiva de uma espécie, ou de um grupo de espécies, analisando suas relações ancestrais e descendentes.
Porém é preciso cautela para poder afirmar que algo é muito específico ou quando os traços
e os comportamentos são herdados, devendo ter estudos mais aprofundados para entender essa correlação e se os traços psicológicos têm relação com o surgimento no passado.
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A você , nosso colega Décio Goodnews, fazendo a rica leitura do seu texto e seus argumentos tão bem embasados, percebemos que os nossos olhares caminham para muitas convergências e muitas vezes podemos ter divergências pois podemos ter diferentes olhares para um mesmo tema em questão. E diante das diferenças isso somente nos enriquece e contribui para os nossos diálogos se alargarem diante de outras visões, de outros argumentos!
Muito obrigada mais uma vez por esta participação Décio, fica com Deus!
Vejam a matéria completa:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/como-a-teoria-evolucionista-pode-ajudar-a-entender-a-mente-humana/
Acessem a escrivaninha do Poeta
Decio Goodnews .
https://www.recantodasletras.com.br/novelas/8106490