Philistea
Em dezembro de 133, para reconquistar a colônia rebelada, o imperador Trajano substituiu o comandante militar Tineius Rufus pelo general Julius Severius, e entregou-lhe o comando de 10 legiões compostas por 100 mil legionários e sofisticadas máquinas de guerra.
Ao invés de um ataque direto aos destemidos revolucionários, o comandante romano usou a estratégia de tomar uma cidade após outra para brecar o suprimento de alimentos a Jerusalém sitiada. O general havia sido transferido da Bretanha para sufocar a rebelião judaica.
As tropas revolucionárias de Bar Kochba evitavam o combate direto em campo aberto e ocupavam posições geográficas elevadas, as quais eram ligadas uma às outras por meio de túneis subterrâneos dotados com perfurações verticais para coletar ar e iluminação natural para o interior das instalações.
Com a queda da cidade milenar, pelos romanos, o comandante judeu transferiu suas unidades militares para o lugarejo de Beitar, localizado há poucos quilômetros de Jerusalém, local onde instalou seu quartel-militar, e resistiu às tropas invasoras durante o período de três anos e meio.
O comandante militar romano também dividiu suas tropas em grupos para atacar as pequenas unidades revolucionárias, delegando à fome, às doenças e à espada a morte dos revolucionários.
Cerca de 50 comandantes rebelados, 985 cidades importantes e 580 mil judeus foram mortos e a região queimada a fogo. A perversidade das tropas invasoras consistia em envolver crianças judaicas em rolos da Torá e atear fogo para queimá-las vivas.
Os destemidos combatentes de Beitar preferiram morrer em combate, ou tragados pela fome, ou de enfermidades, mas nunca se renderiam aos romanos. E quando as tropas romanas penetraram na fortaleza silenciosa, decorada com cadáveres insepultos, ao localizarem o corpo do comandante revolucionário, cortaram-lhe a cabeça e a levaram ao imperador romano, que se expressou: “Se seu Deus não o matasse o que poderia tê-lo superado?”
Os judeus feitos prisioneiros foram vendidos como escravos, ao preço de um cavalo, o nome Judeia foi mudado para Philistea, ou “Palestina, em honra aos filisteus”, a Lei Mosaica foi proibida de ser ensinada ao povo, o nome Jerusalém foi mudado para “Aelia Capitolina”, sendo Aelia em honra ao nome do imperador e Capitolina em honra a Júpiter, a estátua equestre do imperador foi instalada em local público, e edificou um templo a “Vênus”, a deusa romana da prostituição sagrada, erguido sobre o túmulo de Jesus de Nazaré.
O imperador colocou o nome Aelia Capitolina para que ninguém mais se lembrasse do nome Jerusalém, instalou uma colônia romana para velhos combatentes, construiu um hipódromo, casas de banho, um teatro, e sobre a área do templo edificou um monumento a Júpiter.
Um arco do triunfo erguido pelo Senado de Roma, em honra aos feitos do imperador, foi erguido na cidade de Bethshean. Muitos séculos depois, a edificação foi descoberta pela pá do arqueólogo.
Após a morte de Trajano, ao assumir o trono, o imperador Antônio Pio reverteu a política perversa de seu antecessor e autorizou que os cadáveres dos revolucionários judeus fossem devidamente enterrados, e revogou o decreto que afetou os costumes religiosos do povo judeu.
No dia 9 de av de 586 a.C., o Templo de Salomão foi incendiado pelas tropas do imperador Nabucodonosor; em 9 de av de 70 d.C., o Templo de Herodes foi destruído pelas legiões de Tito Vespasiano; em 9 de av de 135, caiu o reino de Bar Kochba; em 9 de av de 1492, judeus-espanhóis foram expulsos da Espanha; e, 9 de av desse ano, nazistas deportaram judeus-poloneses do gueto de Varsóvia para campos de concentração montados por Adolf Hitler.
De maneira que o dia 9 de av tem sido a data reservada, por Deus, o Eterno, para marcar profundamente a mente do povo judeu, por este haver violado o pacto que a nação judaica, no passado, havia firmado no Monte Sinai e no Calvário.
Livro - Israel, a figueira que voltou a brotar
Autor – Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira
Editora – Clube de Autores
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