Eles descem e sobem a avenida com sacolas, crianças e sotaque espanhol.São os venezuelanos, que foram regularmente recebidos em Brasília, assim como em outros Estados. Todos partem de Roraima. Aqui ficam  algum tempo no SOS Criança, uma casa de acolhimento perto da minha residência. Alguns param na Horta para falar de plantas ou pedir ajuda para encontrar trabalho. Nunca pedem dinheiro, comida ou outro tipo de auxílio. 

 

Certa vez tive muita pena de uma família, tentei ajudar mas não consegui. Era o casal e cinco filhos. O de colo, que ainda não caminhava, pesava 8 quilos e a mãe se dizia cansada de carregá-lo. Reclamou porque mandaram que ela deixasse o carrinho de bebê lá no Aeroporto de Porto Velho. Acionei meus contatos, mas não apareceu nenhum doador de carrinho.  Fui até onde eles se hospedaram. Já estavam acomodados em uma cidade satélite distante. Sempre que os vejo passando na frente da Horta, sinto muita pena. São pessoas simples, sofridas, vivendo uma instabilidade que dói na alma. Imagino-me na situação deles. 

 

Hoje subia a rua outra família. O rapaz, meio sem jeito, me perguntou se havia plantas medicinais. Respondi que sim e quis saber se necessitava de alguma. Ele informou que estava com problemas nos rins e que queria algo para melhorar a imunidade, mas antes deveria saber quanto iria pagar. É tudo gratuito, respondi. Vi que entendia um pouco de tratamentos alternativos. Perguntei se tinha condições de ferver água para preparar chás (Tés!). Respondeu animado que sim.

 

Sugeri o chá da cana do brejo, que estava à mão e temos em quantidade. Fui retirando algumas folhas, enquanto conversávamos. Expliquei como deveria fazer o "Té" em infusão e sugeri que tomasse dois litros por dia. Quanto à baixa imunidade, propus água com limão  antes do café da manhã e melhoria na qualidade da alimentação, eliminando gordura saturada e açúcar. Não sei se terá condições de fazer  essa dieta. 

 

Em seguida, veio a esposa pedir-me algo para cólica menstrual. Ofereci folhas do algodoeiro para três copos de chá e sugeri que tomasse também um pouco do chá que fará para o marido. 

 

As crianças pareciam bem. Convidei-os a voltar caso desejassem algo mais. Vi a visita deles como um presente deste final de Dia de Ramos. Louvado seja Deus!

Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 24/03/2024
Reeditado em 24/03/2024
Código do texto: T8026968
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