POESIA E A MAGIA DAS PALAVRAS

O bom poeta-autor sabe ou, no mínimo, urge que tenha a noção de que vai funcionar, no processo da emissão poética, apenas como um propositor ou instigador à inauguração do estado de Poesia dentro do Outro, tudo no sentido de que se instaure um universo emocional diferenciado daquele que a realidade dos fatos comumente apresenta no dia a dia.

Cabe ao arauto do Mistério abrir portas e janelas ao receptor, de modo a que este se conecte com o universo poético e, através de sua palavra, venha a auxiliar na transfiguração do mundo fático de tal modo que o poeta-leitor possa obter a sensação de ser feliz em plenitude como um todo idealizado, assegurada a perspectiva de percepção de que tem pleno e cabal direito à fruição prazerosa, por ajuste de convivência presencial entre o eu, o seu alter ego e o Outro.

A partir deste estágio sensitivo se estabelecerá um novo território psicoemocional no qual até a hostilidade individuada toma novo sabor e protagonismo. Neste universo gozoso ser e estar feliz é o que mais importa.

Por esta razão, meu querido autor e/ou leitor, cumpre o teu papel: procura ler e escrever todos os dias, peleja com as palavras de modo a que a Poesia te ocupe por inteiro, fluindo visceral no teu fluxo emocional, e, com este proceder, venhas a adquirir intimidade com a fonte que verte a água pura da dadivosa vertente do Mistério.

Sim, porque “Poesia é pra comer”, como dizem muitos loucos e alguns doutos.

Convém ter em conta que a Poesia só escolhe os desassombrados e intimoratos ciosos de seu mister, aqueles que jamais abrem mão do amor e fascínio pela palavra elegante e graciosa em sua vestimenta de festa.

E que o bom forno ajuste o seu fogacho sob o cadinho criativo, moldando o humor palaciano das transitórias delícias.

MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2024. Revisado.

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