É rica a literatura brasileira? O quão rica ela é?

Não sei se é rica, maravilhosamente rica, a literatura nossa, a brasileira, escrita em língua de Camões e Padre Vieira e João de Barros, venha ela bem ou mal cuidada, não importa. Não sei se se ombreia a literatura brasileira, a nossa, com a portuguesa, mais antiga de séculos, e com a francesa, a inglesa, a alemã, a italiana, tão antiga quanto à lusitana, ou mais - as antigas conservam o vigor, o viço da juventude, ou estão valetudinárias? Sincero, afirmo que não tenho formação literária, tampouco talento, para empreender a tarefa ingente, a de comparar as literaturas nacionais, e avaliá-las, e detectar nestas valores superiores àquelas. Ora, já vi críticos literários se baterem porque não se entendem quanto ao valor literário, cultural, histórico, estilístico, daquele e deste livro, e difamarem-se, esmurrarem-se porque não têm o mesmo apreço por este e aquele escritor. E estou a falar de críticos literários de formação invejável, e não de qualquer zé-mané que, porque aprendeu, ontem, o be-a-bá da literatura, se tem, hoje, na conta de gênio universal da crítica literária.

Independentemente de ser, ou não ser, eis a questão, a literatura brasileira, que é nossa, das maiores que há, tem ela, não se pode negar, e sabe quem já leu um bom punhado de livros de escritores brasileiros, obras de valor inestimável, que, não erra quem tal afirma, rivaliza-se com os seus similares portugueses, franceses, ingleses, italianos, russos e os de outros povos igualmente antigos, ou mais. Ninguém há de negar valor às obras de Machado de Assis, Herberto Sales, Graciliano Ramos, Josué Montello, Lúcio Cardoso, Clarice Lispector, Gustavo Corção, e tantos outros.

Não temos, é verdade, uma Odisséia, uma Divina Comédia, um Dom Quixote, um Crime e Castigo, um Hamlet, mas temos Brás Cubas, Angústia, O Fruto do Vosso Ventre, Lições de Abismo.

E há literatura policial escrita por brasileiros? E de terror? E de espionagem? E de fantasia? E de ficção científica? E romance histórico? E de aventuras? Verdade: nestes gêneros, a literatura brasileira deixa muito a desejar.

E nos contos está a literatura nossa bem representada, ninguém há de dizer o contrário. É nosso o Machado de Assis, um dos melhores contistas que o mundo já viu.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 20/12/2023
Código do texto: T7958236
Classificação de conteúdo: seguro