Daniela Diana resume o Sargento de Milícia, de Manuel Antônio de Almeida

Memórias de um Sargento de Milícias

Daniela Diana Escrito por Daniela Diana Professora licenciada em Letras

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Memórias de um Sargento de Milícias é uma obra do escritor brasileiro Manuel Antônio de Almeida.

Dividida em 2 tomos e 48 capítulos titulados, ela foi publicada em 1854 durante o Romantismo no Brasil.

Personagens

Os principais personagens da trama são:

Leonardo: protagonista da obra, filho de Leonardo-Pataca e Maria da Hortaliça.

Leonardo-Pataca: pai de Leonardo e esposo de Maria da Hortaliça.

Maria da Hortaliça: esposa de Leonardo-Pataca e mãe de Leonardo.

Barbeiro: padrinho de Leonardo.

Parteira: madrinha de Leonardo.

Chiquinha: filha da parteira e futura esposa de Leonardo-Pataca.

Luizinha: menina que Leonardo se apaixona e que por fim, torna-se sua esposa.

Dona Maria: avó de Luizinha.

José Manuel: amigo da família de Luizinha, interessado na fortuna deles.

Vidinha: mulata que se envolve com Leonardo.

Major Vidigal: autoridade que prende Leonardo.

Resumo da Obra

O romance gira em torno da vida de Leonardo, um menino travesso e malandro que entre tantas ações se torna um sargento: O Sargento de Milícias. A história tem como espaço a cidade do Rio de Janeiro.

Ainda pequeno, ele foi entregue aos cuidados dos padrinhos, um barbeiro e uma parteira. Isso porque seus pais, Leonardo-Pataca e Maria da Hortaliça, brigaram. Sua mãe foge para Portugal e seu pai, o abandona.

O barbeiro almejava uma boa formação para o menino, portanto, empenhou-se em dar uma educação religiosa para que ele se tornasse padre.

Entretanto, Leonardo era muito travesso e mal sabia ler e escrever, resultado de sua saída da escola.

Mais adiante, o menino se apaixona por Luizinha, porém, o envolvimento deles nesse momento dura pouco.

A família de Luizinha era muito abastada. José Manuel, um amigo da família, resolve pedir a mãe dela em casamento com o intuito de ficar com os bens e a fortuna.

Leonardo, sabendo de sua intenção, resolve desabafar com seus padrinhos que logo falam com Dona Maria, avó de Luizinha. Esse fato, fez com que José Manuel fosse expulso da casa e ainda, proibido de casar com Luizinha.

O padrinho de Leonardo fica doente e logo depois vem a falecer. Com isso, ele recebe uma herança. Interessado na herança recebida pelo filho, Leonardo-Pataca entra em cena e o convida para viver com ele.

Nesse momento, Pataca já está casado com a filha da parteira, Chiquinha, e com ela tem uma filha.

Leonardo tem várias discussões com seu pai e sua madrasta, o que resulta em sua expulsão da casa. Nesse tempo, ele se envolve com uma mulata chamada Vidinha e se apaixona por ela. Passa a viver com os jovens da Rua Vala.

Cada vez mais envolvido com Vidinha, dois primos dela que lutam pelo seu amor, começam a ficar com ciúmes de Leonardo.

Com isso, eles dizem ao Major Vidigal que Leonardo está vivendo clandestinamente na residência dos jovens. Isso resulta na prisão dele pelo major Vidigal. Além disso, ele se recusa a alistar-se no exército, sendo preso novamente.

Sua madrinha vai até a prisão e pede para o major liberar Leonardo. Por fim, o major lhe oferece o cargo de Sargento de Milícias.

Com a morte do marido de Luizinha que só lhe maltratava, Leonardo casa-se com ela.

Confira a obra na íntegra, fazendo o download do PDF aqui: Memórias de um Sargento de Milícias.

Análise da Obra

Inserida no movimento do romantismo, a obra é narrada em terceira pessoa e retrata a vida do Rio de Janeiro no início do século XIX.

Considerado um romance urbano ou de costumes, foi publicada nos folhetins no Correio Mercantil do Rio de Janeiro. Ou seja, semanalmente era oferecido um capítulo ao público.

Assim, Manuel Antônio de Almeida prendeu a atenção de seus leitores com capítulos curtos e diretos e ainda, utilizando uma linguagem coloquial.

Foi a primeira vez durante o Romantismo que a figura do “malandro” (pícaro) surge nas ações de Leonardo. Isso explica o estilo inovador do escritor segundo os moldes dos romances na época.

Muitos personagens da obra são movidos por interesses, como José Manuel e Leonardo-Pataca. Além disso, alguns deles não tem nome, como é o caso do padrinho e da madrinha de Leonardo.

Diante disso, a intenção do escritor era usar alegorias simbólicas com o objetivo de incluir pessoas comuns que viviam naquele período no Brasil.

Ainda que o espaço central fosse a parte urbana do Rio de janeiro, Manuel também descreve locais mais afastados como um acampamento de ciganos. Nisso, as diferentes classes sociais são abordadas no romance.

Vale notar que essa postura esteve avessa aos modelos do Romantismo, uma vez que os romances criados nessa época focavam somente nos aspectos aristocráticos.

Trechos da Obra

Para compreender melhor a linguagem utilizada pelo escritor, confira abaixo alguns trechos da obra:

Tomo I - Capítulo I: Origem, Nascimento E Batizado

“Era no tempo do rei.

Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo — O canto dos meirinhos —; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.

Daí sua influência moral.”

Tomo I - Capítulo XX: O Fogo No Campo

“À hora determinada vieram os dois, padrinho e afilhado, buscar D. Maria e sua família, segundo haviam tratado: era pouco depois de ave-maria, e já se encontrava pelas ruas grande multidão de famílias, de ranchos de pessoas que se dirigiam uns para o Campo e outros para a Lapa, onde, como é sabido, também se festejava o Divino. Leonardo caminhava parecendo completamente alheio ao que se passava em roda dele; tropeçava e abalroava nos que encontrava; uma idéia única roía-lhe o miolo; se lhe perguntassem que idéia era essa, talvez mesmo o não soubesse dizer. Chegaram enfim mais depressa do que supusera o barbeiro, porque o Leonardo parecia naquela noite ter asas nos pés, tão rapidamente caminhara e obrigara o padrinho a caminhar com ele.”

Tomo II - Capítulo XXV: Conclusão Feliz

“A comadre passou com a viúva e sua tia quase todo o tempo do nojo, e acompanhou-as à missa do sétimo dia. O Leonardo compareceu também nessa ocasião, e levou a família à casa depois de acabado o sacrifício.

Aquele aperto de mão que no dia do enterro de seu marido Luizinha dera ao Leonardo não caíra no chão a D. Maria, assim como também lhe não escaparam muitos outros fatos consecutivos a esse.

O caso é que não lhe parecia extravagante certa idéia que lhe andava na mente.

Muitas vezes, ao cair de ave-maria, quando a boa da velha se sentava a rezar na sua banquinha em um canto da sala, entre um padre-nosso e uma ave-maria do seu bendito rosário, vinha-lhe à idéia casar de novo a fresca viuvinha, que corria o risco de ficar de um momento para outro desamparada num mundo em que maridos, como José Manuel, não são difíceis de aparecer, especialmente a uma viuvinha apatacada.”

Daniela Diana
Enviado por Paulo Miranda em 26/09/2023
Código do texto: T7894608
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