FALANDO DE POEMINHOS MÉTRICOS: Explorando a Arte Poética do Haikai e do Poetrix

Por Adriano Espíndola Cavalheiro, Advogado, militante político, marido, pai, filho, irmão, tio e, nas brechas do tempo, poeta.

No trilhar de minha jornada, tenho reservado parte do meu escasso tempo para a publicação e estudo de poesias. Nessa caminhada, deparei-me com os Haikais e Poetrix, duas formas poéticas que, podem de compartilharem a mesma métrica básica de 5-7-5 sílabas, desdobram-se em sutis e intrigantes nuances.

Entretanto, antes de mergulhar nesse universo, para melhor compreendê-lo, pertinente se faz explorar um pouco sobre métrica. Ela se configura como o compasso que mensura um verso por meio da contagem das sílabas poéticas, atentando-se à sonoridade singular.

Como ensina o Mestre Roberson Frizero, no artigo ‘Ritmo na poesia e a divisão das sílabas métricas: o decassílabo’, publicado in https://www.frizero.com.br/2021/03/03/ritmo-na-poesia-e-a-divisao-das-silabas-metricas-o-decassilabo, "métrica é o nome que se dá à medida de um verso. Porém, essa contagem não se dá do mesmo modo que na separação silábica gramatical, mas de acordo com a contagem das sílabas métricas. Logo, a métrica não se guia necessariamente pela divisão silábica gramatical e sim por regras próprias."

Na contagem poética silábica, considera-se a última sílaba tônica da última palavra do verso. Ademais, quando uma sílaba poética termina em vogal átona e a seguinte se inicia com vogal ou H (sem som), essas sílabas se fundem. No caso de sílabas com -rr ou -ss, os dígrafos não separam na contagem das sílabas poéticas.

Com base nas lições do referido Mestre, importante anotar que para saber quais são as sílabas métricas, o mais importante é a sonoridade, portanto recitar ou falar um verso em voz alta é a melhor maneira de percebê-las. É por isso que nem sempre as sílabas métricas coincidem com as sílabas gramaticais. A contagem se encerra na última sílaba tônica da última palavra do verso. Se há mais sílabas depois, elas não são contabilizadas. Além disso, sempre que começa um novo verso, inicia-se uma nova contagem, ignorando as sílabas não tônicas que possam ter sobrado do verso anterior. Importante, ainda salientar que quando uma palavra termina com vogal átona e a próxima começa com vogal átona, ambas serão contabilizadas como uma única sílaba métrica. Finalmente, importante ignorar as pontuações, eles são importante gramaticalmente, mas não nas sílabas métricas.

De volta à nossa temática, Haikai e Poetrix, são como pequenas joias literárias, cada qual com seu brilho singular, mas igualmente valiosas. Ambas capturam instantes de reflexão, porém suas almas, origens e intentos se entretecem de maneiras peculiares.

Haicai: Um cheiro na Natureza

O Haicai, originário do Japão, reverencia a natureza e celebra a beleza efêmera do instante. Seus três versos formatados em 5-7-5 nos conduzem à contemplação da natureza, muitas vezes fixando-se na observação de um momento ou imagem. Essa forma tende ao descritivo e ao contemplativo, transmitindo frequentemente uma sensação de serenidade e simplicidade. Trata do tempo presente. A melhor técnica diz que ele não deve ter nome.

Poetrix: Impacto em Palavras Precisas

Nascido no solo brasileiro, o Poetrix também pode se configurar em três versos de métrica 5-7-5. No entanto, não tem essa rigidez obrigatória. Ele tem o limite de 30 silabas poéticas, distribuídas em três versos. Assim, não obrigatoriamente deve ter no primeiro verso 5 silabas poéticas, no segundo 7 e no último 5 como no Haicai. No entanto, se o poema tem 5-7-5 e não trata da contemplação da natureza, é um Poetrix e não um Haicai.

Assim, o Poetrix se diferencia do Haicai por abraçar uma multiplicidade de temas, desde questões sociais e políticas até estados emocionais e indagações filosóficas. O cerne do Poetrix é sua concisão, transmitindo uma mensagem profunda e envolvente em breves palavras. mas com uma liberdade de silabas maior do que a da arte japonesa. Além disso, o título, que não entra na contagem métrica, é utilizado como forma de completar, se necessário for, a Idea contemplada nos versos.

Conclusão

Ao optar entre Haicai e Poetrix, o poeta tece uma escolha entre a serenidade contemplativa da natureza e a audaciosa exploração das complexidades humanas. Ambas as formas oferecem um meio poderoso de expressão, cada qual com seu próprio encanto.

O Haicai e o Poetrix se tornam, assim, ferramentas preciosas no arsenal criativo de qualquer amante da poesia, permitindo-nos explorar e compartilhar as matizes da vida de maneiras únicas e envolventes.

E agora, se desejar conhecer mais sobre meus escritos, convido-o a explorar:

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