Mathias - VI

Mathias VI - Buscando nos seus pertences a Sra. Ellen encontrou o cartão de visitas da Sra. Margareth e naquela mesma noite ligou para a amiga, mas a empregada disse que no momento ela não se encontrava em casa. Avisada que foi do telefonema, na manhã do dia seguinte a Sra. Margareth retornou o contato, a Sra. Ellen explicou o motivo da ligação que fizera e a convidou para passar uns dias em sua casa e juntas tentarem descobrir as razões das alucinações do menino Willian.

A Pesquisadora, prontamente, aceitou o convite e na tarde da quarta feira da semana seguinte o Dr. George e a Sra. Ellen foram busca-la no aeroporto. Durante o trajeto de volta, a Sra. Ellen disse para a Sra. Margareth que embora essas “alucinações” do Willian, houvessem se tornado mais frequentes e evidentes, isso em nada atrapalhava a sua vida e nem os seus estudos.

A Sra. Margareth disse que já havia acompanhado alguns casos de crianças com quadros semelhantes, mas que tudo passa. Assim que chegaram em casa a convidada foi apresentada ao jovem Willian que disse lembrar-se e que já havia pensado em conversar novamente com ela.

Satisfeita com a recepção, especialmente, do menino a visitante foi encaminhada, pela anfitriã, ao quarto de hóspedes e depois do jantar os Magrecor e a Sra. Margareth reuniram-se na sala para conversar. Mas como a noite estava mais fria, que de costume, logo todos se recolheram para um merecido descanso.

Na manhã do dia seguinte Willian foi para a escola e as duas senhoras sentaram-se na varanda para conversar. A Sra. Margareth quis saber mais sobre as “alucinações” do menino e a Sra. Ellen passou a descrever com pormenores o que sabia e o que havia presenciado, inclusive sobre a tradução do vaso da Cleomara.

A Pesquisadora anotava tudo e, vez por outra, parava para fazer algum comentário ou pergunta como, por exemplo, se ela já havia pegado o Willian, falando sozinho, isto é, conversando com amigos imaginários ou se ele já havia dito ver alguém estranho ou vultos dentro de casa.

A Sra. Ellen disse que isso é normal em crianças e que sim já havia visto o Willian falar com amigos imaginários, inclusive, outro dia ele estava a conversar com uma menina chamada Shara na biblioteca que foi o motivo do seu pedido de ajuda. Ao ouvir o aquele nome a pesquisadora lembrou que ele era um dos que estava gravado em uma das lápides no outeiro do Egito.

Procurando não demonstrar sua emoção a Sra. Margareth disse para a Sra. Ellen que era melhor esperar para falar com o Willian logo mais à tarde quando ele voltasse da escola. Como tinham o resto da manhã livre a Sra. Ellen convidou a amiga para juntas irem ao shopping, fazer um lanche e na volta passar no supermercado comprar alguns frios e verduras.

Antes do meio dia as mulheres já estavam em casa e preparavam a mesa quando chegaram o Dr. George e o jovem Willian. No almoço foi servido um dos pratos tradicionais da Irlanda salmão com batatas e muita verdura como brócolis, cenoura, alface e tomate.

A tarde depois de o Willian haver feito as suas tarefas escolares a Sra. Ellen o chamou para conversar com a pesquisadora na biblioteca. O jovem veio descontraído e ao chegar ainda brincou com a Sra. Margareth perguntando se ela não tinha medo de ficar sozinha na biblioteca.

Pego de surpresa, a Sra. Margareth perguntou e por que haveria de ter medo, por acaso à biblioteca era assombrada? Ao que Willian respondeu, sim já vi muitas pessoas por aqui à noite e em pleno dia. Interessada no assunto a pesquisadora perguntou que tipo de pessoas?

O Willian respondeu: uma senhora muito bonita de cabelo preso na nuca e com um vestido longo, parecida com aquelas esculturas das antigas mulheres gregas, uma menina de cabelos pretos lisos e um bonito cão que fica deitado a seus pés enquanto ele estuda ou conversa com a menina.

A Sra. Margareth sentou-se no sofá grande pegou seu bloco de anotações, pediu para que Willian sentasse no sofá pequeno e disse que iria fazer algumas perguntas para ele. O jovem respondeu: tudo bem pode perguntar.

Aquele dia do passeio pelo Egito quem lhe disse que havia um cemitério no outeiro? O menino respondeu que ninguém disse, mas que ele sabia. E o nome Rachel escrito na pedra lembrava alguém para ele? Sim disse o Willian é o nome da mulher que aparece aqui na biblioteca com a menina Shara e o cão Phado.

A pesquisadora perguntou, e como você sabe que o nome do cão é Phado? Willian disse que foi a menina que falou. Depois de obter a confirmação de ele ter sido preso no forte egípcio e de haver enterrado Rachel a pesquisadora disse estar satisfeita, agradeceu a atenção e cooperação do jovem e o dispensou.

Mais tarde, a Sra. Ellen veio chamá-la para tomar um café ou um chá e descansar um pouco. Apreensiva a Sra. Ellen quis saber como foi a conversa com o Willian. Calmamente a Sra. Margareth disse que Willian não tinha problema algum e que era uma criança normal, mas que queria ter uma conversa com ela e com o Dr. George sobre as “alucinações” do garoto.

À noite, depois do jantar, reuniram-se na sala de estar, mas sem a presença do jovem Willian. Depois de conferir demoradamente as anotações que fizera a Sra. Margareth foi direto ao assunto perguntando se o Dr. George e a Sra. Ellen acreditavam em reencarnação, vidas passadas, em espíritos ou coisas do gênero? Adiantando-se a Sra. Ellen disse que esse tema era corrente nas rodas sociais e entre suas amigas, mas que ela como fiel luterana não admitia nem acreditava nessas coisas.

O Dr. George, disse que em algumas jornadas médicas de que participou esse tema foi alvo de muitas palestras e até com alguma aceitação no meio acadêmico, mas que ele ainda não estava convencido de que pessoas falecidas pudessem retornar ao mundo dos vivos em outras épocas e em outros corpos.

A Sra. Margareth, disse que respeitava a posição e a crença do casal, mas pediu permissão para lembrar que estavam diante de uma realidade comum e evidente, para a qual nem a medicina, nem as religiões, nem a psicologia ortodoxa e muito menos a ciência, até o momento, haviam apresentado alguma solução e nem mesmo alguma explicação convincente para tantos casos como as das presentes “alucinações” do jovem Willian.

O Médico se ajeitou no sofá e perguntou o que a Sra. Margareth tinha a dizer sobre isso e qual era a sua posição sobre esses fatos. Prontamente a pesquisadora disse que, independente do caso do Willian, o que é muito comum, a verdade é que a vida não acaba com a morte visto que o nosso espírito continua a sua jornada evolutiva em outros planos. Mas como o assunto é muito complexo e de difícil entendimento para o leigo iria apenas procurar explicar as “alucinações” do garoto Willian sob o ponto de vista da espiritualidade.

A Sra. Ellen disse que estavam ali para procurar entender e compreender as “alucinações” do Willian e que a Sra. Margareth tinha plena liberdade para falar sobre essa tal espiritualidade. A pesquisadora agradeceu e disse que na Universidade de Cambridge era coordenadora do grupo de estudos avançados da metafísica e explicou que metafisica é a linguagem filosófica da espiritualidade nos meios acadêmicos.

Disse ainda, ser pós-graduada e doutora em psicologia transpessoal, que é a área espiritualista da psicologia, e que nessa condição, iria explicar o que, entendia estar acontecendo com o Willian.

Inicialmente, ela disse que eles não eram obrigados a acreditar no que ela tinha a dizer, mas que não havia duvida de que o Willian passava por um período de lembranças ou de vivencias de vidas passadas e que em outra vida ele deveria ter mesmo vivido no Egito.

Sem saber o que dizer o Dr. George perguntou se a Dra. Margareth podia provar o que dizia? Ao que a pesquisadora respondeu. A humanidade nunca pode dizer que tem certeza sobre alguma coisa, porque o que hoje é, amanhã já não será mais, e o Senhor, como médico sabe disso, mas as evidências não deixam duvidas.

O próprio Willian, como vocês sabem, provou que esteve nas Pirâmides, conhecia o vaso da múmia Cleomara, as lapides no outeiro, o enterro de Rachel, a prisão no forte e agora as conversas com Shara e as presenças do cão Phado e de Rachel na biblioteca.

Diante dessas constatações o casal Magrecor ficou calado, mas o Dr. George arriscou a perguntar como ela, Dra. Margareth, chegou a essa conclusão? A pesquisadora começou lembrando que o psiquiatra e espiritualista Carl Jung já dizia que no Inconsciente Coletivo estão gravadas todas as vivencias da humanidade e que no inconsciente individual são gravadas as vidas de cada pessoa aos quais os espíritos encarnados têm acesso parcial através dos sonhos.

Jhon Macker
Enviado por Jhon Macker em 09/08/2023
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