Os poemas mais famosos da literatura brasileira

 

 

 

Revisão por Laura Aidar

Escrito por Rebeca Fuks

 

Na literatura brasileira encontramos muitas pérolas poéticas. Por isso, compor essa lista com apenas alguns poemas consagrados foi uma tarefa árdua.

Versos de amor, solidão, amizade, tristeza, sendo de autores contemporâneos ou não... são muitas as possibilidades!

 

1. Soneto de Fidelidade (1946), de Vinicius de Moraes

 

Um dos mais famosos poemas de amor da literatura brasileira é o queridinho de muitos apaixonados ao longo de gerações. Escrito por Vinicius de Moraes, a promessa aqui não é por amor eterno.

O autor promete amar em absoluto, na sua plenitude e com todas as suas forças enquanto o afeto durar. Ao longo dos versos ele garante a entrega (mas não necessariamente a longevidade da relação).

Ao comparar o seu amor ao fogo, reconhece que o sentimento é perecível e que, assim como a chama, se apagará com o tempo.

Mas o fato de ser uma ligação provisória não retira a beleza do encontro, pelo contrário: Por ser efêmero é que o sujeito poético proclama a necessidade de ser intenso e aproveitar cada momento.

 

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

 

2. Poema No Meio do Caminho (1928), de Carlos Drummond de Andrade

 

Esse é um poema de Carlos Drummond de Andrade publicado em 1928. Foi inicialmente pouco compreendido e até mesmo repudiado devido ao excesso de repetições (afinal, dos dez versos, sete contém a famosa expressão "tinha uma pedra").

Fato é que o poema em pouco tempo acabou por entrar no imaginário coletivo principalmente por tratar de uma circunstância comum a todos nós: quem é que nunca encontrou uma pedra no meio do seu caminho?

Os versos tratam dos empecilhos que vão surgindo ao longo do nosso percurso e de como escolhemos lidar com esses pequenos (ou grandes) imprevistos que nos deslocam do nosso itinerário inicialmente idealizado.

 

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

 

3. Vou-me embora pra Pasárgada (1930), de Manuel Bandeira

Quem é que um dia não teve vontade de mandar tudo para o espaço e fazer as malas rumo à Pasárgada? O poema lançado em 1930 fala diretamente a cada um de nós que, um belo dia, diante de um aperto, teve vontade de desistir e partir em direção à um lugar distante e idealizado.

Mas afinal, você sabe onde fica Pasárgada? A cidade não é inventada, ela de fato existiu e foi a capital do Primeiro Império Persa. É pra lá que o sujeito poético pretende escapar quando a realidade presente o sufoca.

O poema de Bandeira é marcado portanto por um desejo de escapismo, ansiando alcançar liberdade e descanso em um lugar onde tudo funciona em plena harmonia, pelo menos no campo da imaginação.

 

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

 

Vou-me embora pra Pasárgada

 

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

 

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

 

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe - d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar

 

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

 

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

 

4. Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar

O Poema sujo é considerado a obra-prima do poeta Ferreira Gullar e foi concebido em 1976, quando o criador estava no exílio, em Buenos Aires.

São mais de dois mil versos - um poema longo - que narram um pouco de tudo: desde a origem do poeta, até as suas crenças políticas, o seu percurso pessoal e profissional e o seu sonho de ver o país encontrar a liberdade.

Intensamente autobiográfico, o Poema sujo é também um retrato político e social do Brasil dos anos setenta marcado pela ditadura militar.

 

Que importa um nome a esta hora do anoitecer em São Luís
do Maranhão à mesa do jantar sob uma luz de febre entre irmãos
e pais dentro de um enigma?

 

mas que importa um nome
debaixo deste teto de telhas encardidas vigas à mostra entre
cadeiras e mesa entre uma cristaleira e um armário diante de
garfos e facas e pratos de louças que se quebraram já

 

um prato de louça ordinária não dura tanto
e as facas se perdem e os garfos
se perdem pela vida caem pelas falhas do assoalho e vão conviver com ratos
e baratas ou enferrujam no quintal esquecidos entre os pés de erva-cidreira

 

5. Os ombros suportam o mundo, de Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), considerado o maior poeta brasileiro do século XX, escreveu poemas sobre os mais diversos temas: o amor, a solidão, e a guerra, o seu tempo histórico.

Os ombros suportam o mundo, publicado em 1940, foi escrito na década de 30 e permanece atemporal. O poema fala sobre um estado de cansaço, sobre uma vida vazia: sem amigos, sem amores, sem fé.

Os versos nos lembram os aspectos tristes do mundo - a guerra, a injustiça social, a fome. O sujeito retratado no poema, no entanto, resiste, apesar de tudo.

 

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

 

6. Retrato (1939), de Cecília Meireles

A poesia de Cecília Meireles é intimista, autobiográfica e autorreflexiva, criando uma relação de proximidade com quem a lê.

Ela trabalha também a transitoriedade do tempo e reflexões acerca do sentido da vida.

Em Retrato encontramos um sujeito autocentrado, congelado no tempo e no espaço. É a partir da imagem que a reflexão é elaborada e são revelados sentimentos de melancolia, saudade e arrependimento.

Encontramos nos versos pares opositores: o passado e o presente, o sentimento de outrora e a sensação de desamparo atual, o aspecto que se tinha e o que se tem. A autora tenta entender ao longo da escrita como essas transformações se deram e como lidar com elas.

 

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

 

7. Com licença poética (1976), de Adélia Prado

O poema mais famoso da escritora mineira Adélia Prado é Com licença poética, que foi incluído no seu livro de estreia chamado Bagagem.

Como era até então desconhecida do grande público, o poema faz uma breve apresentação da autora em poucas palavras.

Além de falar de si mesma, os versos também mencionam a condição da mulher na sociedade brasileira.

O poema é ainda faz referência a Carlos Drummond de Andrade porque usa uma estrutura semelhante ao seu consagrado Poema das Sete Faces. Drummond, além de ter sido um ídolo literário para Adélia Prado, era também um amigo da poetisa novata e impulsionou muito sua carreira.

 

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.

 

Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.

 

Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

 

8. Contagem regressiva, de Ana Cristina César

A carioca Ana Cristina César (1952-1983) infelizmente ainda é pouco conhecida pelo grande público, apesar de ter deixado uma obra preciosa. Embora tenha vivido uma vida curta, Ana C., como também ficou conhecida, escreveu versos muito variados e sobre os mais diversos temas.

O trecho que trazemos, retirado do poema mais longo Contagem regressiva (publicado em 1998 no livro Inéditos e dispersos) fala sobre a sobreposição de amores, quando escolhemos nos envolver com uma pessoa para esquecermos outra.

A poetisa deseja, a princípio, organizar a sua vida afetiva, como se fosse possível ter controle total dos afetos e superar aqueles que amou.

Mas ela acaba descobrindo que o que amou nas relações anteriores permanece, mesmo com novos parceiros.

Se gosta de poesia achamos que também irá se interessar pelos seguintes artigos:

 

(...) Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos

 

9. Incenso fosse música (1987), de Paulo Leminski

A lírica de Leminski é formada a partir de uma escrita simples e um vocabulário cotidiano, apostando na partilha com o leitor e leitora para construir um espaço de comunhão.

Incenso fosse música talvez seja o seu poema mais celebrado. Incluído no livro Distraídos venceremos, o poema é composto por apenas cinco versos e parece ser como uma pílula de sabedoria.

A composição trata da identidade e da importância de buscar a nossa melhor versão. O autor convida a um mergulho interno a fim de descobrir sua potencialidades e desejos, para quem sabe atingir um futuro promissor.

 

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

 

 

10. Morte e Vida Severina (1954-1955), de João Cabral de Melo Neto

Um grande clássico da literatura brasileira, a obra Morte e vida Severina é a mais famosa do escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto. Ao longo de muitos versos, o poeta nos narra a história do retirante Severino, um brasileiro como tantos outros que foge da fome em busca de um lugar melhor.

Severino é um símbolo dos imigrantes nordestinos que precisaram sair do seu lugar de origem, o sertão, para procurarem uma oportunidade de trabalho na capital, no litoral.

O poema, trágico, é conhecido pela sua forte carga social e é uma das obras-primas do regionalismo brasileiro.

 

Conheça um breve trecho do longo poema:

 

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

 

 

11. O tempo (1980), de Mario Quintana

Mario Quintana está entre os poetas mais populares da literatura brasileira. Talvez seu sucesso se deva à simplicidade dos seus versos e capacidade de identificação com o público leitor.

O famoso poema O tempo tinha como título original Seiscentos e Sessenta e Seis, uma referência aos números contidos dentro dos versos que ilustram a passagem implacável do tempo e também uma alusão bíblica ao número do mal.

Encontramos aqui um sujeito que, já ao final da vida, olha para trás e procura extrair sabedoria de suas vivências. Como não pode voltar no tempo e refazer a sua história, tenta transmitir através dos versos a necessidade de se aproveitar a vida sem se preocupar com o que é desnecessário.

 

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

 

 

12. Amavisse (1989), de Hilda Hilst

Hilda Hilst é uma das maiores poetisas brasileiras. Sua obra em geral gira em torno do sentimento amoroso romântico e aborda aspectos como o medo, a posse e o ciúme.

O título escolhido para esse poema é uma palavra latina que quer dizer "ter amado". Os versos contam sobre um amor fulminante, uma paixão absoluta que domina completamente o sujeito.

 

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.

Que tal ler o artigo Os melhores poemas de Hilda Hilst?

 

13. Versos íntimos (1912), de Augusto dos Anjos

O poema mais famoso de Augusto dos Anjos é Versos íntimos. A obra foi criada quando o escritor tinha 28 anos e está publicado no único livro lançado pelo autor (chamado Eu). Pesado, o soneto carrega um tom fúnebre, um ar de pessimismo e frustração.

Através dos versos podemos perceber como é a relação com aqueles que estão ao redor e como o sujeito se sente decepcionado com o comportamento ingrato dos que o cercam. No poema não há uma saída possível nem uma ponta de esperança.

 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

 

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

 

14. Último poema, de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira (1886-1968) é autor de algumas obras-primas da nossa literatura. Último poema apresenta apenas seis versos, onde o poeta devaneia sobre seu processo criativo.

Reina aqui um tom de desabafo, como se o poeta escolhesse compartilhar com o leitor o seu último desejo.

Ao chegar ao final da vida, com a maturidade, o sujeito alcança a consciência do que realmente importa e decide entregar para o leitor o que demorou a vida toda para compreender.

O último verso, intenso, encerra falando sobre a coragem daqueles que escolhem seguir por um caminho que desconhecem.

 

Assim eu queria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

 

15. Os três mal-amados (1943), de João Cabral de Melo Neto

Pelo poema em questão é longo, por isso trazemos um trecho. Aqui percebemos o tom do poema, que fala sobre como o amor transformou o seu dia a dia.

O poema aborda os efeitos da paixão, transmitindo a sensação de arrebatamento por alguém. A paixão, simbolizada como um bicho faminto, vai se alimentando do cotidiano do sujeito de forma a dominar tudo a sua volta.

 

O amor comeu meu nome, minha identidade,
meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade,
minha genealogia, meu endereço. O amor
comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos
os papéis onde eu escrevera meu nome.

 

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas
camisas. O amor comeu metros e metros de
gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o
número de meus sapatos, o tamanho de meus
chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a
cor de meus olhos e de meus cabelos.

 

O amor comeu meus remédios, minhas receitas
médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas,
minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus
testes mentais, meus exames de urina.


 

 

 

Adaptado de:

 

https://www.culturagenial.com/maiores-poemas-literatura-brasileira/

 

 

 

Cláudio Carvalho Fernandes
Enviado por Cláudio Carvalho Fernandes em 27/07/2023
Reeditado em 27/07/2023
Código do texto: T7847040
Classificação de conteúdo: seguro
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