AS PAREDES DE PEDRAS DO CASTELO DE LAUFEN...CONTAM HISTÓRIAS...

Muitos anos se passaram

Mas a velha parede de pedra

Continua ali, tão intacta.

E me lembro que a fogueira

Dentro de um dos vãos,

Ficava sempre acesa

E aquele fogo, tão brilhante

Era alimentado continuamente.

Por isso,

As suas chamas nunca se apagaram

Das minhas memórias.

E posso dizer que hoje

Elas representam o meu fogo,

A prova viva

De que nada se apagou

Mesmo distante do tempo.

E as antigas paredes de pedras

Quantas histórias e vidas

Presenciam

Elas conservam todas as suas

características.

Seriam enigmas,

Quanto agora me fascinam!.

Como seria possível sentir

A eternidade da minha infância

Seria imaginação ou fantasia

Ou criação da minha mente infantil

Carente de respostas?

Fiz esta poesia embasada na leitura da infância de Jung, quando ele e seus pais foram morar no Presbitério do Castelo de Laufen, que domina as quedas do Reno.

Jung conservou muitas lembranças da sua infância, e se lembrava da fogueira que sempre ficava acesa, pois para ele o fogo devia arder sempre.

Para isso, unia todos os esforços a fim de juntar toda a madeira necessária.

Seus companheiros podiam até acender outras fogueiras, mas para ele todas elas eram profanas, só o "seu fogo" era vivo e tinha um caráter sagrado. Durante anos, esse foi o seu " brinquedo preferido".

Havia também uma encosta, na qual ficava encravada uma pedra saliente, se referindo a ela como "a minha pedra".

Jung se questionava muito e se personificava na "sua pedra": "Eu estou sentado nesta pedra. Eu, em cima, ela embaixo."

Mas a pedra também poderia dizer "eu" e pensar. " Eu estou aqui, neste declive e ele está sentado em cima de mim." Surgia então a pergunta: " Sou aquele que está sentado na pedra, ou sou a pedra na qual ele está sentado? ".

Jung ficava horas meditando quem seria o quê. E ficava sentado na pedra horas inteiras, enfeitiçado pelo enigma que ela lhe propunha.

Trinta anos mais tarde, Jung volta para aquela colina e repentinamente redescobre a sua criança que acende uma fogueira cheia de significados secretos, que se senta numa pedra sem saber se " ele está em cima da pedra ou se a pedra é ele! ."

Imagens da sua infância vão surgindo e ele mergulha em um tempo eterno do qual ele fora arrancado, se afastando e se distanciando cada vez mais...

E Jung diz:

" Esse momento é inesquecível pois iluminou à maneira de um relâmpago o caráter de eternidade da minha infância ".

O mundo para Jung parecia -lhe dúbio, suspeito e veladamente hostil. Havia nele uma insegurança e uma divisão interior.

Junto à luz do sol ele se sentia a mercê de um mundo de sombras cheio de perguntas angustiantes e sem respostas.

As orações noturnas o protegiam, mas durante o dia era como se ele sentisse e temesse um "desdobramento de si próprio", como se a sua segurança estivesse ameaçada.

Talvez por isso aquela pedra era tão estranha e fascinante, tendo uma relação íntima com ele, a ponto dele não saber " quem era quem ".

Apanhados da infância de Carl

Gustav Jung.

Capitulo : A Infância.

Livro: "Memórias, Sonhos e

Reflexões".

O Castelo de Laufen é um castelo

que fica no município de Laufen, em Zurique.

Hoje é um patrimônio suíço de importância nacional com vistas para as Cataratas do Reno!.

As paredes de pedras contam histórias, é uma metáfora utilizada por mim, pois Jung acreditava na recomposição dos quatros elementos alquímicos , a água, o ar, a terra e o fogo.

Segundo Jung, através da compreensão desta união, da alquimia, nós nos transformamos a um estágio superior no processo evolutivo e de auto conhecimento.