DA ESCRITA

Quando eu era um iniciante nas minhas leituras, eu me perguntava como os autores faziam para ter idéia. Pensava deles que eram privilegiados intelectualmente. Lia em muitas entrevistas que eles escreviam desde crianças. Mas, depois, eles mesmo esclareceram que escreviam desde crianças, porque estimulados em casa ou por professores que eles tinham no antigo ginasial. Com o tempo fui me familiarizando com o mundo dos livros. E fui vendo que os autores eram de carne e osso como eu. Mente e cérebro todos nós temos. A famosa criatividade é a que os professores de hoje falam na escola. Ouvi em conversa com gente mais nova que eu, isso mesmo. E já lido um livro sobre Criatividade. Pensei ao ler meus livros comprados mais recentemente que os jovens estão à toda na sua criatividade. E não me entristeci. Ao contrário, me alegrei.

E sabem porque me alegrei? Vou lhes confessar uma coisa da minha vida. Me acostumei a ler mais do que a escrever. Só ultimamente tenho escrito bastante.

Quando me veio à mente o sonho de me tornar escritor, eu imaginei que era só pegar a esferográfica e o papel e escrever. E de fato, é. Mas não para mim.

Eu digo a mim mesmo que preguiça mata. E não adianta, curto pensar em descanso. Só mesmo escrevo como quem não tem outra solução. E para alimentar o meu sonho de ser escritor, não tenho mesmo outra solução.

Então pego o instrumento de escrita que me está mais à disposição e vou ver. Agora quero falar da maneira peculiar que a minha mente funciona quando escrevo. Minha mente pede primeiro ao meu coração palavras. Meu coração de sonhador se põe a funcionar. E minhas mãos começam a obedecer ao meu cérebro. O cérebro me diz:

- Escreva sobre tal assunto.

Meu coração consulta minha alma, e ou diz escreva, ou diz esqueça. E tudo funciona segundo as minhas conveniências. Conveniências de não fazer feio, conveniências de competência, e conveniências de fé em Deus. E meu cerébro me diz:

- Não ultrapasse seus próprios limites.

Me intimido muito diante de um texto de João Guimarães Rosa, e nunca tento imitá-lo. Ele é muito para mim. E fico me lembrando que numa entrevista que ele deu, ele disse:

- Rezo para escrever e me pergunto se vão gostar.

Se ele, que é um gênio, disse isto. Eu simplesmente escrevo e mostro porque perdi a vergonha de escrever e deixar na gaveta. Já fui um modesto escriba, que se dizia deixa meu texto amadurecer. Hoje só escrevo.

E eu aqui só disse um pouquinho do que sei do mundo da escrita.

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 28/05/2023
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