A POESIA

Não me pergunto, mas me respondo assim mesmo. A poesia está no ar, está também na estrada. E penso:

"Ousaria eu ser poeta?"

E rabisco alguns versos. Nunca sei se estão bons. Mas, vem um colega e me diz:

- Você escreve bem.

Não deixa de ser um estímulo. Atento eu leio cada vez mais os poetas. Estão todos no Olimpo. E são todos grandiosos, ao menos para mim são imensos. Muitos vezes um poema que eles escreveram pretendiam dizer alguma coisa aos homens que viviam o tempo que eles viveram, e a mensagem deles atravessou as eras. E me alcançou. E eu perguntaria:

- Isso já aconteceu com você?

Eu dizia que a poesia está no ar. Olhe uma flor, ela nasce ali onde a planta onde ela floresce também nasce. Eu primeiro admiro a flor, depois penso de onde veio oh, flor? Deus é imenso e nos deu junto com nossa natureza humana a natureza vegetal. Eu não ousaria dizer que nós humanos portamos poesia. Ora, inventamos a palavra poesia. Mas o que quer dizer a palavra poesia, que eu copio dos textos dos poetas, acho que só os poetas nos diriam com a sua sábia aproximação.

Hoje os estudiosos nos dão o significado e o significante. Eu ate hoje ignoro o que quer dizer um e outro. Li apenas num texto dos sábios estas palavras. E aqui eu paro com tolices e volto ao livro de poesias. E acalento meu sonho: ser poeta.

Li um poeta que tinha acabado de chegar de viagem. Ele trazia um livro que escreveu antes de viajar. E falava sobre a estrada. Por isso eu disse que a poesia também está na estrada.

E o tolo que me ouviu dizer que a poesia está no ar, quando eu lhe mostrei a flor me perguntou:

- Mas você disse que a poesia está no ar.

Não respondi. Respirei fundo, e o ar me ajudou a recuperar a calma. Sou humano e amante de coisas belas. E não há coisa mais bela que a poesia. No ar que respirei fundo estava a paz que me veio e segui com o tolo, conversando sobre coisas mais amenas e dentro de outro assunto.

Chegando em casa rabisquei uns versos sobre convivência. Quer coisa mais poética para os nossos tempos que convivência?

Mas quem me dera ser o príncipe dos poetas. Isso é coisa para Olavo Bilac. Eu me contento em ler poesia.

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 26/05/2023
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