LITERATICES

Vivo no meu país há muitos anos, sonhando sempre com um grande país dia a dia. E vou vendo meu país caminhar principalmente literariamente. Literatura sempre alcançou os melhores talentos, sejam políticos que escrevem, sejam cidadãos que se dedicam às Letras. E eles sempre obtiveram bom público.

A chama da palavra é almejada sempre para as crianças, que é quando os pais se alegram:

- Olha ali, meu filhinho já aprendeu a falar!

Dentro em pouco o filhinho estará escrevendo as primeiras letras. Em todas as gerações sempre um se distingue. Brilha no céu do desempenho, e é chamado de gênio. Por aqueles olhos vigilantes, talvez da crítica especializada que cuida de dar tratos às bolas para que a Literatura sobreviva nas próximas gerações. E o espírito não é propriedade de ninguém. E não estou falando de direitos autorais. Pagos os direitos autorais, o que importa é que a obra sobreviva, e geralmente a obra sobrevive. Porque habitamos todos um país onde as gentes procuram ser civilizadas.

Ser civilizadas... E quanto mais lidas são as gentes, mais civilizadas são estas gentes. Desde há muito tempo eu brigo para que se leia ao menos a Bíblia. Nâo estamos vivendo mais no seio de nenhuma idade média. Mas foi nesta época que se chamou de bárbaros os povos que não tinham fé. Hoje temos muito menos gente bárbara. E cada vez mais gente que lê Literatura Leiga. E esta literatura vai sobrevivendo, graças a Deus, contando estórias e História nossa e de nossa gente. E à medida que aprendemos, inclusive línguas estrangeiras, assimilamos muita coisa de fora. O que tendo olhos de boa vontade, chamamos de contribuição de nossos irmãos de fora.

E não temos porque não ter boa vontade. Eu vinha acompanhando o mundo das influências que nossos literatos de ontem sofria. E não eram só os pequenos literatos. Eram também os literatos graúdos. E essas influências ajudaram-nos a ter nossa grande Literatura. Que serve até para Literatura a ser exportada. E não ficar nada a dever aos estrangeiros. E é muito natural que se sofra influências. Assim como um amigo que nos fala algo que nos desperta o espírito para outro algo.

Falei à pouco de grande Literatura, mas o grande Literato bebe sempre no copo dos míúdos. E não existe sequer leitor, mesmo o que não tem obra literária, que não leia o pequeno literato.

E agora, digo: arrematei no último parágrafo a irmandade entre o pequeno e o grande. E de que modo ela se dá? Veja uma biblioteca, como ela se constitui, de pequenas e grandes obras. E não só de obras Literárias. Os escritores dignos desse nome leem de tudo. E, claro, leitura requer tempo. Aquele homem que trabalha durante a semana, se as coisas contribuírem com ele, ele poderá ler e escrever nos fins de semana. Ou planejar a época de sua época mais propícia à realização de sua Literatura. Pode até ser para quando se aposentar.

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 13/05/2023
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