POETA MANUEL DE BARROS

BIOGRAFIA DO ORVALHO: A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas.

O POETA MANUEL DE BARROS E SEU TRABALHO POÉTICO

O momento em que surge a terceira geração modernista no Brasil é o período menos conflituoso em relação às outras duas gerações. Ou seja, é a fase da redemocratização do país, desde o fim do Estado Novo, em 1945, que havia sido implantado pela ditadura de Getúlio Vargas. Em todo o mundo, 1945 é também o fim da Segunda Guerra Mundial e do sistema totalitário do nazismo. Enquanto isso, a Guerra Fria e a corrida armamentista começaram. A Geração de 45 foi uma das mais criativas da literatura brasileira e latino-americana. O presente trabalho tem como fim o de realizar uma breve abordagem sobre as principais características dessa época, levando em conta os poemas escritos por Manoel de Barros, sua vida, além de apresentar aqui suas próprias concepções sobre este movimento, sendo que o próprio poeta não se identificava com o movimento literário em si.

¹ Neide Inez Pantoja Pereira professora licenciada em História pela Universidade Federal de Rondônia, poetisa com obras publicadas no repositório Recanto da Letras. Site https://neideinez.com/

INTRODUÇÃO

A Geração de 45 foi denominada como um grupo de intelectuais que desenvolveram seus trabalhos entre os anos de 1940 e 1960 e que eram muito críticos de sua realidade histórica. Manoel de Barros é um poeta que esteve totalmente inserido na Geração de 45. Por isso vale ser analisado aqui sob a perspectiva dessa geração ainda que ele mesmo tenha dito que não se identifica com ela.

O presente trabalho se justifica pela necessidade de se falar um pouco sobre a vida e obra de Manoel de Barros levando em conta o seu perfil de escrita poeta segundo o tempo em que viveu e as influências que sofreu ao longo de sua trajetória artística dentro ou fora do Brasil. Daí a necessidade de se abordar também o que foi a Geração de 45.

O método de abordagem utilizado será o hipotético dedutivo que usa tanto a indução como a dedução. Do primeiro os fatos particulares, do segundo a generalização para a formatação da teoria. Sendo também, um pouco dialético porque trabalharão com análise, interpretação e comparação de ideias. Já em relação aos métodos auxiliares, será utilizado o comparativo, sempre presente nas pesquisas.

As técnicas de pesquisa usadas serão: a bibliográfica; por meio de documentos.

Assim, tal trabalho, também vai se tratar de uma revisão bibliográfica sobre o tema em questão. Apresentadas as metodologias a serem aplicadas, passaremos a contextualização do tema. O trabalho se divide em: Introdução que contêm a justificativa e a metodologia; o Referencial teórico com a exposição das ideias, a fundamentação teoria, a argumentação e discussão; e as Considerações finais sobre o trabalho.

REFERENCIAL TEÓRICO

Um dos pontos de inflexão na realidade cultural do Brasil é o surgimento de um novo grupo de intelectuais conhecido como Geração de 45. Esta geração é caracterizada por possuir um vasto espírito crítico e um desejo de sensibilização, se move entre dois polos: por um lado, mostra um impulso parricida, acabando com a proeminência dos antigos mestres e fazendo uma forte crítica ao sistema operacional.

Por outro lado, perpetua modelos antigos pertencentes ao Brasil de décadas anteriores. (BANDEIRA, 1997). A partir da década de 1940, uma nova época cultural começou para o país surgindo uma nova geração de intelectuais que abandonou orçamentos antigos.

Essa geração contribui significativamente para renovar a realidade cultural do país. Seu nome foi atribuído com referência na crítica literária latino-americana. A denominação de Geração de 45 não corresponde exatamente às datas de surgimento desse movimento, que deve ser entre 1938-1940.

Por esse motivo, há autores que preferem usar o nome de Geração Crítica, sendo esse o qualificador que melhor evidencia sua característica dominante. Embora esta geração inclua poetas, pintores, economistas, plásticos e diretores de teatro, são os escritores que ganham mais destaque. No entanto, essa é a opinião do poeta Manuel de Barros ao falar da geração em que viveu:

acho que não pertenço à Geração 45, senão cronologicamente. Não sofri aquelas reações de retesar os versos frouxos ou endireitar sintaxes tortas. A mim não me beliscava a volta ao soneto. Achava e acho que ainda não é hora de reconstrução. Sou mais a palavra arrombada a ponto de escombro. (BARROS, 1990, p. 08)

Duas características do comportamento intelectual são imaginação criativa e consciência crítica. A imaginação é valorizada não apenas por sua capacidade profética, mas também por sua capacidade de construir. Se trata de uma imaginação que está emparelhada com a realidade movendo seus elementos para compor obras originais com eles.

Por outro lado, as ideias, que são consequência da consciência crítica, propõem uma luta e assumem uma posição, procuram lutar com o estabelecido. (BUENO, ET AL, 2000). A consciência crítica não pode ser medida validamente, exceto em seu confronto com os valores dominantes.

A geração mencionada abrange trinta anos e tem duas promoções. Vai de uma situação em que a inviabilidade do sistema ainda não é evidente para uma situação em que sua ineficiência se torna notória. Esta crise é atribuída primeiro ao governo, depois aos partidos políticos e, por último, é considerada uma consequência do sistema vigente.

Na primeira fase (antes de 1955), podemos distinguir uma tendência para o internacionalismo. No segundo, surge uma propensão para o nacionalismo. Em um primeiro período, o Brasil é considerado um país europeu dentro da América Latina. Este é o resultado de certas virtudes atribuídas ao país, como a democracia política estável, cultura difusa, participação na informação mundial, sociedade burguesa empreendedora e esclarecida, equilíbrio entre as classes médias, entre outros. Bueno e Miranda ressaltam que:

A pluralidade de linguagem convive com escolhas temáticas diferenciadas: a confissão e a encenação do “eu” na poesia exemplar de Ana Cristina Cesar; a reflexão sobre o próprio fazer poético, como em Armando Freitas Filho; o diálogo crítico entre experimento e tradição que se apresenta nas obras de Sebastião Uchoa Leite e Francisco Alvim; as vozes telúricas de Manoel de Barros e Adélia Prado; as ousadas realizações intersemióticas dos textos de Sebastião Nunes e Arnaldo Antunes, da poesia holográfica e dos vídeo poemas. (BUENO; MIRANDA, 2000, p. 45)

A partir de 1955, a situação nacional se transforma e a crise econômica provoca uma desvalorização da moeda e uma dívida do Estado com bancos estrangeiros. Isso influencia negativamente a realidade cultural do país. No início do século XX, o Estado desenvolve um papel paternalista, garantindo o bem-estar da classe média.

O crescimento das cidades enquadra esta geração em um ambiente urbano. Esses intelectuais são testemunhas do avanço da tecnologia, da disseminação da informação e da comunicação cultural. (BANDEIRA, 1997). Este grupo é um dos primeiros a participar ativamente do desenvolvimento dos meios de comunicação de massa.

Isso faz com que o Brasil, bem como o resto da América Latina, se torne um fiel espectador dos acontecimentos do primeiro mundo. Durante o desenvolvimento da geração crítica, o mundo é afetado por diversos episódios, entre os quais se destacam a Guerra Civil Espanhola, o surgimento dos governos fascistas, a Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, a Guerra Fria.

A literatura se engaja e se concentra mais na América Latina. (GARCIARODRIGUES, 2006). Cuba e Guatemala conquistam o apoio dos escritores. O Brasil passa a se identificar com o resto dos países latino-americanos e ameniza sua superioridade em relação ao resto do continente.

Aos poucos essa identidade da diferença vai diminuindo e a América Latina surge como a grande pátria. Existe uma solidariedade interna e uma luta contra o inimigo comum, através do antiimperialismo. Esta geração de intelectuais brilhantes caracterizou-se pelo revisionismo crítico e reflexivo que exerciam sobre a sociedade da época.

Suas contribuições foram fundamentais para a cultura brasileira e marcaram a identidade das novas gerações: atacaram a ingenuidade e o conformismo e alertaram sobre a hipocrisia em que vivia o Brasil.

Depois do simbolismo nenhum outro movimento ocorreu em nossa poesia até cerca de 1920, quando se inicia em São Paulo, e logo em seguida no Rio, a influência das escolas europeias de vanguarda, gerando entre nós um movimento que se tornou conhecido sob o nome de modernismo. Cumpre advertir que ele nada tem a ver com o que no mundo do idioma castelhano se designa sob o mesmo nome.

(BANDEIRA, 1997, p. 432)

Eles tomaram a cidade como espaço narrativo e cidades como Rio de Janeiro se tornou, pela primeira vez, o centro de ação de romances, poemas e contos. Os personagens, distantes do mundo rural até então narrado, desenham com suas angústias e preocupam-se com o cotidiano de um mundo novo e urbano.

O fenômeno cultural abarcou não apenas a produção literária e jornalística, mas também permeou o teatro, a música, a filosofia e as artes plásticas. (BANDEIRA, 1997). A primeira etapa é caracterizada pela visão internacionalista, um olhar para os modelos literários europeus e americanos; e a segunda, influenciada pelos acontecimentos políticos ocorridos no país e na América Latina, concentra sua atenção na criação de uma literatura própria, bem mais nacionalista: há uma preocupação e compromisso político muito mais evidentes, a narrativa e a poesia.

São eles se tornam mais militantes e os autores questionam a realidade nacional em todos os níveis. Dentro dessa perspectiva, tem-se Manoel de Barros, brasileiro e modernista pertencente à terceira geração modernista, chamada também de “Geração de 45”.

É considerado um dos maiores poetas brasileiros, ganhador de diversos prêmios literários. Um cenário importante na composição de suas obras é a natureza uma vez que

a poesia de Manoel de Barros não é uma representação naturalista do Pantanal, porém recria, a partir da memória, uma parte desse cenário brasileiro: águas, bichos, árvores e pedras em um mundo de musgos e de lagartos, com palavras que bafejam halo de vida. Assim, o poeta nos traz a memória de coisas (que, de tão esquecidas, tornaram-se desconhecidas) e nos apresenta um lado insólito da vida: o olhar do poeta mapeia o chão e seus componentes; reedita a criação do mundo, ordena as formas do caos em um “logos” com a pureza da ancestralidade mítica. (GRACIA-RODRIGUES, 2006, p.33)

Entre os prêmios que ganhou ao longo de sua trajetória, tem-se o “Prêmio Jabuti” recebido duas vezes pelas obras “O guardador de águas” (1989) e “O fazedor de amanhecer” (2002). Manoel Wenceslau Leite Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, em 19 de dezembro de 1916. Filho de João Venceslau Barros e de Alice Pompeu Leite de Barros.

Passou a infância em sua cidade natal onde seu pai, João Venceslau Barros, tinha uma fazenda no Pantanal, talvez tenha servido de inspiração para os poemas que veio a escrever durante sua vida artística. (BUENO, ET AL, 2000). Quando adolescente, se mudou para Campo Grande onde estudou num Colégio Interno.

Formou-se em Direito no Rio de Janeiro, onde também acabou se afiliando ao partido Comunista, contando com o apoio de Luís Carlos Prestes a Getúlio Vargas. No entanto, devido algumas desilusões, sua participação na vida política não durou muito.

O ano de publicação da sua primeira obra foi em 1937, intitulado “Poemas concebidos sem pecado.” (BANDEIRA, 1997). Chegou a morar em outros países: Bolívia, Peru e Nova York. Nos Estados Unidos. Ao voltar do exterior se casou em 1947, foi pai de três filhos. Manoel de Barros faleceu em Campo Grande, dia 13 de novembro de 2014, aos 97 anos.

A geração de 45 representou um grupo de literatos brasileiros da terceira geração modernista. Ele surgiu com a "Revista Orpheus" (1947) e teve representantes em prosa e poesia. A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 e 1945. Assim, a Geração de 45 marcou o início da Guerra Fria, a corrida armamentista, bem como o fim da Segunda Guerra Mundial e de muitos governos totalitários, especialmente o nazismo alemão.

No fim do século XIX, artistas de todo o mundo pintavam temas da vida moderna em ousadas pinceladas livremente aplicadas. Podem se ver os movimentos subsequentes tanto como desenvolvimentos do Impressionismo quanto como respostas às suas limitações. Sob vários aspectos, o Impressionismo marca o início da arte moderna.

(FARTHING. 2011, p.319)

No Brasil, o período foi a redemocratização do país e a era Vargas. Com Getúlio Vargas no poder, essa fase seria marcada pela repressão, censura e avanço da ditadura. O movimento das artes modernas buscou criticar a sociedade enquanto se distanciava da arte acadêmica.

Isso deu lugar ao folclore, regionalismos, subjetivismos múltiplos, entre outros. Foi nesse contexto que os escritores da terceira fase modernista produziram suas obras. (BUENO, ET AL, 2000). O Modernismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu no século XIX, porém, no Brasil, começou com a Semana de Arte Moderna em 1922. Por ser um longo período que abriga diversos autores e estilos, o Modernismo no Brasil se divide em três fases:

Uma primeira fase modernista, ficou conhecida como "fase heróica", começou em 1922 e foi até 1930. Foi marcada pelo radicalismo, inspirado nas vanguardas europeias. Nessa época surgiram vários grupos modernistas:

 PauBrasil (1924-1925), Escola de Tapeçaria Verde-amarelada (1916-1929),

 Manifesto Regionalista (1926) e Movimento Antropófago (1928-1929);

 Na segunda fase modernista (1930-1945), conhecida como “Fase de Consolidação”, o movimento foi marcado pelo nacionalismo e regionalismo com predomínio da “prosa ficcional”.

 A Geração de 45, no contexto da Terceira Fase Modernista (1945-1980), já inclui aspectos pós-modernos. É por isso que também é chamada de "Fase Pós-moderna", com interrupções entre a primeira e a segunda fase.

Portanto, percebe-se que a ideia inicial difundida pelos modernistas dos 22 foi mudando ao longo do tempo. Desta forma, a geração de 45 reuniu artistas preocupados em buscar uma nova expressão literária por meio da experimentação e das inovações estéticas, temáticas e linguísticas.

A Geração 45 representou uma arte mais ligada à palavra e à forma, no caso de João Cabral e Guimarães Rosa, ao mesmo tempo que explorava temas essencialmente humanos, como na obra de Clarice. (BANDEIRA, 1997). No entanto, tanto a prosa quanto a poesia foram exploradas nesse período de uma forma mais íntima, regionalista e urbana.

Além da poesia íntima, a prosa urbana, a prosa íntima e a prosa regionalista merecem menção especial. Dessa forma, voltado a Manoel de Barros, tem-se uma linguagem simples, coloquial, vanguardista e poética, sobre temas como o cotidiano e a natureza.

Muitos de seus poemas receberam um toque de surrealismo, onde o universo onírico rege. Além disso, criou diversos neologismos. Se considerarmos a produção literária de autores modernistas como Manoel de Barros é possível perceber que, em muitos casos, os próprios textos, manifestam um discurso teórico e até crítico, remetendo à profissão literária ou ao processo constitutivo de uma poética pessoal.

Manoel de Barros, ao estabelecer uma relação com o universo poético, irmanado à inutilidade, aponta com isso para a constante mutação das coisas, nas escolhas de materiais simples, que imprimem um surto inaugural, em sua poesia, a partir do inominado e do insignificante. (LIMA, 2001, p. 187)

A forma reflexiva e o desenvolvimento das ideias cruzam e invadem os gêneros, o que permite identificar os processos individuais, bem como o grau de coerência, entre teoria e prática, o afastamento da imagem, onde o modernismo seria apenas expressividade e lirismo bombástico.

A especificidade do artista e da sua obra, assumida como profissão ou prática consciente, consideramos uma conquista importante e neste campo, aliás, o modernismo deixou a sua herança. (LIMA, 2001). Os escritores desse movimento tiveram clareza suficiente para discutir e dissidentes de sua tradição mais imediata, mas também foram capazes de responder com a invenção de propostas que, embora tomadas de outros contextos, por sobreposição em espanhol, obteve-se uma literatura que seria capaz de enfrentar novos projetos socioculturais, ou seja, o desenho de uma tradição.

O problema que precisavam resolver era o encontro da palavra, da imagem, da metáfora, do adjetivo, enfim, como realizar o verso, a estrofe, o poema, o ensaio e a crítica. Não é de estranhar, portanto, que naquele momento se manifestasse uma espécie de verbalismo excessivo, uma sobrecarga de recursos literários, a fusão de códigos de pintura e música transferidos para a palavra escrita, o sentido do ritmo e dos objetos que respondem aos critérios estéticos da ornamentação dos espaços.

O modernismo como movimento mais ou menos coerente deixou de ser considerado como tal. (BANDEIRA, 1997). Nos anos de transição entre o modernismo e a vanguarda, encontramos dois poetas que se destacam por suas contribuições, levando a estética modernista aos seus limites e abrindo-a para as práticas mais estéticas radicais que a seguiriam: Manoel de Barros e Clarice Lispector.

Manoel de Barros foi um poeta espontâneo, um tanto primitivo, que extraía seus versos da realidade imediata que o cercava, sobretudo a natureza, apesar da formação cosmopolita.

Em 1947 Manoel de Barros casou-se com Stella Barros e juntos tiveram três filhos: Pedro, João e Marta.

Em seus últimos anos de vida passou a residir na região central de Campo Grande. Aos 97 anos realizou uma cirurgia de desobstrução do intestino, mas não resistiu.

Manoel de Barros faleceu de falência múltipla dos órgãos, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 13 de novembro de 2014.

Stella Barros faleceu em 18 de dezembro de 2020, de causas naturais aos 99 anos

Se o reino interior do modernismo foi um espaço subjetivo de diálogo entre a experiência ao interior de si mesmo e do leitor, Manoel de Barros se destacou por sua capacidade de criar uma voz narrativa externa que faz do leitor um voyeur da cena poética, forçando assim o regime estética do modernismo a transbordar e oferecer um modelo para as vanguardas futuras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi analisado no presente trabalho, é possível concluir que as variações temáticas e análises globais sobre o modernismo, evidenciam as tensões a que foi submetido, entendendo com isso que, na verdade, essas complicações foram vividas e vividas por aqueles que promoveram as complexas transformações literárias e culturais do final do século XIX e início do XX.

No modernismo, entrelaçam-se variáveis que conflitam com o estatuto, de modo que, inevitavelmente, surge simultaneamente uma teoria sobre arte e sociedade, cuja prática põe em causa a eficácia dos discursos. Tal processo pôde ser visto e refletido nas poesias de Manoel de Barros, ainda que tenha ele afirmado não fazer parte desse período.

Assim, a ideia de processo com que abordado dá conta desse sentido dos diferentes rumos e perspectivas com que o movimento foi recebido, ao mesmo tempo que dinamiza o valor canonizado da sua importância e que, quando contrastando-o com a atualidade, legitima o sentido dessa tradição literária.

É possível descobrir a originalidade das propostas, ao mesmo tempo que sua heterogeneidade, ou a resistência à teoria que padronizaria na escrita de Manoel; de certa forma, é uma marca antecipatória e um desafio para compreender a nossa Modernidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Manoel de. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Record, 2000.

BANDEIRA, Manuel. Seleta de prosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

________________. Estrela da vida inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

BUENO, Antônio Sérgio; MIRANDA, Wander Melo. Moderno, pós-moderno e a nova poesia brasileira. In: CASTRO, Silvio (dir.) História da Literatura Brasileira. Lisboa: Alfa, 2000, v.3

GARCIA-RODRIGUES, Kelcilene. De corixos e de veredas: a alegada similitude entre as poéticas de Manoel de Barros e de Guimarães Rosa. 2006. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102389/rodrigues_kg_dr_arafcl.p df?sequence=1. Acessado em: 04 de setembro de 2021.

FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Tradução de Paulo Polzonoff Jr. et. al. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

LIMA, Tânia Maria de Araújo. Manoel de Barros ou a poética da Ordinariedade. 2001.

Neide Pantoja - Cadeira 15
Enviado por ABLAM em 06/05/2023
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