BREVE ANÁLISE DA POESIA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA
A poesia portuguesa depois de navegar entre a poética tradicional e o estilo renascentista, de se destacar através das poesias Trovadoresca, Palaciana e Camoniana, e de conquistar grande popularidade nos versos de Fernando Pessoa, atualmente tem sido abrilhantada na lírica de poetas como Manuel de Freitas, Ana Luísa Amaral, José Tolentino e Maria do Rosário.
Na verve de Manuel de Freitas podemos encontrar um estilo que procura o efeito do realismo e menos as artes e ofícios da linguagem poética. Distinguindo-se por apresentar uma poesia que se alinha com a poesia da experiência, que, entre outras práticas, propõe um registro lírico, ornado de acontecimentos cotidianos, com registro de algum fato, vivência ou experiência do sujeito lírico. Já a escritora Ana Luísa Amaral é reconhecida como uma das vozes mais singulares da atual produção poética portuguesa. Sua poesia é eivada com a presença de humor e ironia, com uma delicadeza de expressão de afeto e de ternura, que consegue o equilíbrio entre o prosaico e o lírico. No caso de José Tolentino Mendonça sua poesia apresenta um caráter místico, abordando a dimensão existencial e ética, buscando a indissociabilidade da verdade entre palavra e mundo, abordando a infância, a presença de Deus com intertextos bíblicos, destacando a história grega e latina da literatura e a ideia de transitoriedade do tempo. E a poesia de Maria do Rosário Pedreira caracteriza-se pela atuação de um lirismo mais íntimo e puro, analisando a problemática do sujeito lírico com as vivências do amor e com a memória afetiva de família. Em seus versos o vivido não se distingue do seu dizer, pois tem a mesma natureza.
No poema O olhar descoberto de José Tolentino (2006, p. 18) o questionamento feito pela voz lírica, referente à possibilidade de o tempo ser “um único olhar prolongado nos dias” demonstra a visão como recurso para apreender o tempo. Ele analisa nesse poema a hipótese de a morte não vir a existir pelo modo como a vida se relaciona com a eternidade. Entretanto, ele não demonstra uma preocupação em questionar qualquer limite referente ao tempo que está em perfeita harmonia com o universo que o circunda.
REFERÊNCIAS:
PEREIRA, Edgard. A Poesia Portuguesa Contemporânea. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/cesp/textos/(1998)07-A%20poesia.pdf
Consultado em 02/04/2023.
DE CAMARGO, G. de F. de C. (2020). Considerações sobre a poesia portuguesa contemporânea: leitura de quatro poetas. Disponível em: https://doi.org/10.25094/rtp.2020n31a707. Consultado em 02/04/2023.
PREVEDELLO, Tatiana. O Lugar do Tempo na Gênese Lírica de José Tolentino Mendonça. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/view/75339/42726
Consultado em 03/04/2023.