UM POUCO DE VAIDADE
Acabo de encerrar aqui na minha mente, um assunto que me incomodava. Sobre o livro comercial. Registrei o incômodo neste site. Agora estou me lembrando de um dito. Acho que de Machado de Assis. Ele dizia: vaidade das vaidades. O que era a vaidade das vaidades? Era a escrita literária. E um autor nosso contemporâneo o elogiou: Machado de Assis foi o autor brasileiro que mais ousou. Fui logo reler os livros do grande Machado de Assis. E concordei, ele realmente ousou, principalmente se lido no nosso tempo. E o autor que o elogiou, foi considerado conservador. Vejam bem se tudo não está nos eixos? Pelo menos no mundo da literatura.
É como dizia um crítico a respeito de um poema de Drummond: no mundo da literatura. O poema era:
"Mundo, mundo, vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não uma solução."
Mas quem passa uma vida lendo os bons livros com atenção, prefere não sair para o mundo da vida. E se esse alguém um dia resolve escrever, está trabalhando para a continuação de uma tradição. Eu aqui não estou me referindo ao mundo da vida. Porque existem homens e mulheres experientes, que conservam seus filhos e filhas. Dão-lhes escola e, quem sabe dentre eles não sairá algum escritor. Nem que seja um neto. E nisso não vai alguma vaidade? Do pai ou do avô.
Claro que vai. Assim como a mãe que se perfuma, se enfeita com uma jóia e que trabalha. Ela está dando o exemplo à filha e, quiçã até um ensinamento ao filho. Nisso a tal mãe plantou a semente da conservação da família. Para dizer melhor, a semente da tradição daquela determinada família. Porque o filho aprende a agradar um mulher.
Donde surgem ditos como:
- Naquela família ali, é assim.
E se esse dito vazar, e o outro ou a outra retrucar:
-E vocês são assim.
Nessa troca de informações, também se cria mais uma noção de tradição. É que cada família tem uma tradição, toda sua. E na referida troca de informação acima, eles se socializam. E. eu, ao estar terminando este texto, confesso:
- Felizmente, ou infelizmente, neste texto vai uma gota de vaidade.