O SOL, ESSE DEUS INVISÍVEL, SE ELEVA NAS MONTANHAS DO LAGO...
Lá no lago ao redor das montanhas
Contemplo o percurso do sol
Que se ergue na imensidão
Como é repousante
Até acende um clarão na alma!.
Como o sol se eleva nas montanhas
Cada vez mais brilhante e distante
Que sentimento grandioso
Haveria ali uma civilização?
O que o homem pode fazer
Sozinho nas montanhas
Se não podemos nem ao menos
Acender o seu fogo?
Olho o rio que desce da colina
Sim, a vida provém da montanha
Onde está a água, está também a vida
Como não perceber isso?
O ar límpido das alturas
Pairando no verde da colina
Há um horizonte ilimitado
Uma inconsciência do Universo!.
No enlevo das montanhas
A morada alcança
O teto de um mundo infinito
O Sol , essa bola de fogo
Seria formada por um Deus invisível
A presença do Criador
Todos podem sentir isso!.
"Faço aqui uma pequena homenagem a todos os Índios, que tanto enriquecem a nossa cultura, através da sua sabedoria milenar, seus valores, conhecimentos, costumes e crenças , trazendo tanta diversidade, miscigenando todos os povos.
Este poema foi escrito inspirado nas leituras das viagens de Jung ao Novo México onde habitavam os Índios Pueblos.
Jung achava importante ter contato com outras culturas que não fosse apenas a Europeia, com outras raças e outras concepções de mundo.
Ali, com os índios, Jung teve a oportunidade de falar com os "não europeus", homens que não pertenciam à raça branca.
Foi nessas conversas que Jung pode perceber toda a pureza e a simplicidade dos mesmos e como eles tinham uma cultura rica em sabedoria, tão contrastante com o homem branco. Foi nesse encontro, de um local muito alto, com o chefe dos índios que Jung pode contemplar o percurso do sol que todos os dias se erguia no céu puro.
Ali, se agrupavam muitas casas construídas umas sobre as outras, e também havia um rio, muito límpido, onde também se erguia uma enorme montanha isolada, majestosa, "a montanha que não tinha nome".
Jung ficou bastante impressionado quando o índio lhe disse que " O Sol é Deus; todos podem ver isso!". E outro índio idoso lhe disse que toda vida provém da montanha, pois onde "está a água, está também a vida".
Para os índios que permanecem no teto do mundo, eles são os filhos do Pai, o Sol, e graças à religião são ajudados todos os dias pelo Pai a atravessar o céu. E eles não podem cessar estas práticas religiosas, pois depois de alguns anos o Sol não se ergueria mais, então haveria uma "noite eterna".
"Precisamos sorrir, ainda que de puro ciúmes, da ingenuidade dos índios e de nos vangloriarmos de nossa inteligência, a fim de descobrirmos o quanto nos empobrecemos e degeneramos. O saber não nos enriquece; pelo contrário, afasta-nos cada vez mais do mundo mítico, no qual, outrora, tínhamos direito da cidadania ".
(Carl Gustav Jung sobre os Índios Pueblos, no livro Memórias, Sonhos e Reflexões).