A novela dos originais do romance Guidinha do Poço de Oliveira Paiva
Com quem estarão os originais de Oliveira Paiva?
Está pergunta fora feita por Monteiro Lobato, em carta a Antônio Sales, em carta, no ano de 1918, sobre o paradeiro do livro “Guidinha do Poço” de Oliveira Paiva.
Para quem não conhece o assunto, vamos resumir:
Manoel de Oliveira Paiva, nasceu 12 de julho de 1861, Fortaleza, Ceará e 29 de setembro de 1892, Fortaleza, Ceará. Entrou no Seminário do Crato com 14 anos. Ainda criança, lá escreveu em uma carta: “Que a jovem nação não seja subjugada pelo peso da escravidão, esse monstro que nos aterra, amigos da liberdade!”.
Estudou na Escola Militar do Rio de Janeiro e começou a escrever no Jornal A Cruzada. Por motivos de saúde voltou ao Ceará. Escreveu em vários jornais: No “O Libertador”, manteve uma coluna intitulada “Sons da Viola”. Com colaboração com João Lopes e Antônio Martins escreveram A semana, crônica que Libertador publicava aos domingos, assinada por Gil, Pery & Cia, além de escrever no rodapé do jornal um romance: “A Afilhada”. Também escreveu na “A Quinzena”. Escreveu também o romance “ Dona Gudinha do Poço” que finalizou no período de maio a setembro de 1889, em que Oliveira Paiva, se licenciou por motivo de saúde e ficou em Quixeramobim. Nesse mesmo ano, alguns capítulos foram publicados na Revista Brasileira. Em 1992 veio a falecer.
Bem. Continuemos: Com quem estarão os originais de Oliveira Paiva? A pergunta que não quer calar saiu das palavras de Monteiro Lobato em 1918 a Antônio Sales. Leia-se: 29 anos depois da publicação dos primeiros capítulos na Revista Brasileira.
Qual o interesse de Lobato em adquirir os originais?
Está pergunta fora feita por Monteiro Lobato, em carta a Antônio Sales, no ano de 1918, sobre o paradeiro do livro “Guidinha do Poço” de Oliveira Paiva. Simplesmente, como editor, queria publicar a obra e explicou os motivos em novembro de 1918 a Antônio Sales: “Desejo muito editá-la em volume porque é um crime tê-la enclausurada numa revista hoje rara. Mas, nesse caso, com quem devo me entender a respeito de direitos autorais? Na qualidade de editor tomo cautelas para evitar futuros aborrecimentos”. E disse mais: “Fica desde já entendido que o amigo prefaciará a obra e eu me esforçarei por que na fatura material não destoe o livro das excelências da obra”.
Na carta de 20 de agosto de 1919 há o registro do recebimento do livro e a preocupação de Lobato em relação aos direitos autorais: “Estou com uma carta sua em atraso. Veio com ela a Guidinha. Quanto à propriedade literária, a primeira lei que cuidou disso entre nós foi uma de 1898 estabelecendo o prazo de 50 anos da data da publicação da obra. Ora a Guidinha saiu em 99, já no regime dos 50 anos”.
Em carta de 3 de outubro de 1919, Lobato responde:
“Quanto ao negócio da Guidinha, ficamos entendidos. Edito-a logo que puder, independente de mais nada. A sua carta tirou-me os receios”
Somente em 1921, Lobato escreve a Antônio Sales? Não acha que já é tempo de fazermos as pazes? Você está brigado comigo, mas eu estou disposto a pagar na mesma moeda porque continuo a ter Antônio Sales em alta estima e a fazer propaganda dos seus livros sempre que me ocorre oportunidade. Além disso, a vítima da sua turra está sendo o Oliveira Paiva, cuja D. Guidinha não desisti de vulgarizar. Nem por amor dele você se resolve, caro e neurastênico Sales, a reatar amizade com o Lobato? Vamos lá! Toque nestes ossos e retomemos o caminho do ponto em que a Alemanha nos apartou.
Enfim, nada!
Em 1931, dez anos depois, a filha de Oliveira Paiva, Jacinta de Oliveira Paiva – irmã Maria Pia de Fortaleza, pergunta a Antônio Sales sobre a publicação do livro de seu pai.
E...21 anos depois, em 24 de janeiro 1952, já com os “originais” passados por Antônio Sales, escreveu Américo Facó, a viúva de Antônio Sales, que saia a primeira edição do livro. E pede que os direitos autorais de 18.000 mil cruzeiros sejam divididos com as duas velhinhas, irmãs de Oliveira Paiva.
Interessante que uma delas já havia falecido e seu filho à época, nem foi procurado para receber a sua parte.
Aqui com meus botões: Que tanto vai e vem, publica, não publica, que deixou no esquecimento, por 60 anos, o nosso Oliveira Paiva?