Arcádia de Minas Gerais, Boletim de Setembro/2022

ARCADIANAS

“AUREUM COR IN FERREO PECTORE”

BOLETIM MENSAL DA ARCÁDIA DE MINAS GERAIS

Presidente da Arcádia: Josemar Alvarenga

Editor: Árcade Paulo Miranda

Belo Horizonte, 14 de setembro de 2022

NOTA DO EDITOR

Setembro vai pela metade e, por feliz co-

ocorrência é que nosso sodalício mensal se

realiza neste décimo quarto dia do mês das

flores: a primeira quarta-feira foi cair

justamente na Magna Data Nacional,

ducentésimo aniversário da Independência

Pátria, e, esta segunda, subsequente marca

um singular acontecimento que é a

realização do encontro na residência da

Decana Árcade nossa reverenciada Elza de

Moura, certamente uma das pouquíssimas

pessoas que vivenciaram as celebrações do

primeiro e do segundo centenário da

Independência Nacional.

E o que mais vou dizer senão agradecer a

colaboração de toda a Confraria, e que

estamos dando continuidade à publicação de

artigos de convidados que adicionam cores e

sabores ao nosso cardápio literário e nos

ajudam, simultaneamente na divulgação de

nossas próprias produções.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

02 - José Carlos Serufo

03 - Márcio Aristeu Monteiro de Barros

11 - Edelvais Campos Silva

17 - Daniel Antunes Júnior

24 - Raimundo Nonato Fernandes

24 - Dr. Walter Taveira

Efemérides do mês de setembro

Maria Inês de Moraes Marreco – Cadeira No 23

01 1886 – Nasce Tarcila do Amaral, pintora modernista do Brasil

04 1842 – Casamento de Pedro II do Brasil com a princesa Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias;

05 Dia da Amazônia - A data foi escolhida em 05 de setembro de 1850, quando D. Pedro II criou o atual estado da Amazônia,

no intuito de conscientizar a população sobre a relevância da floresta amazônica e o impacto negativo do desmatamento,

desequilíbrio da fauna e da flora e poluição

1997 – Morre Madre Teresa de Calcutá, santa e missionária católica indiana de etnia albanesa

06 1922 - Data da oficialização da letra do Hino Nacional Brasileiro, véspera da comemoração do centenário da Independência

do Brasil

07 1822 – Declarada a Independência do Brasil em relação ao domínio do Império Português, episódio celebrado do Dia da

Pátria

08 1966 – Dia Mundial da Alfabetização, instituído pela ONU para destacar a importância da alfabetização em uma sociedade

1793 – Primeiro Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará

11 1836 – Os rebeldes farroupilhas proclamam a República Rio-Grandense, durante a Guerra dos Farrapos

2001 – Têm lugar os ataques terroristas da Al Qaeda às Torres Gêmeas de Nova York e ao Pentágono em Washington

12 1902 – Nasce em Diamantina/MG o ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira

1957 – Morre José Lins do Rego, escritor brasileiro

1996 – Morre Ernesto Geisel, 29o. presidente do Brasil

15 2007 – Instituído o Dia Internacional da Democracia

16 1836 – Morre o compositor brasileiro Carlos Gomes

18 Dia dos Símbolos Nacionais, em que são celebrados a bandeira, as armas, o selo e o hino

1950 – Inauguração da TV Tupi São Paulo, iniciando as transmissões de televisão no Brasil

20 1835 – Inicia-se a Guerra dos Farrapos com a invasão de Porto Alegre pelos farroupilhas

21 Dia da Árvore, a data tem como objetivo criar uma conscientização na sociedade acerca da importância das árvores para a

população e maior preocupação com a preservação do meio ambiente

2001 – Instituído o Dia Internacional da Paz, declarado pela ONU em 30 de novembro de 1981

22 Início da Primavera

24 1834 – Morre D. Pedro I do Brasil

27 Dia Nacional do idoso – Dia do ancião

28 1871 – Dia da Lei do Ventre - Livre; a Lei do Ventre-Livre, também conhecida como Lei Rio Branco, foi apresentada pelo

Visconde do Rio Branco, sancionada pela Princesa Isabel e promulgada no dia 28 de setembro de 1871 para limitar a

duração da escravidão no Brasil Imperial, propunha a partir dessa data a concessão da alforria às crianças nascidas de

mulheres escravizadas no Império do Brasil

29 1908 – Morre Machado de Assis, escritor brasileiro e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras

1992 – Fernando Collor de Mello, presidente do Brasil, sofre um impeachment e é afastado do cargo

30 1452 – É editada A Bíblia de Gutenberg, o primeiro livro impresso na Europa Ocidental a partir de tipos móveis de metal,

marcando a virada na arte da produção de livros e na transição da Idade Média para o mundo moderno

A BANALIZAÇÃO DA VELHICE

Maria Inês de Moraes Marreco - Cadeira no.23

Num mundo em mutação, em que as máquinas têm vida muito curta,

não é necessário que os homens sirvam durante um tempo demasiado

longo. Tudo que ultrapassa a 55 anos deve ser descartado como

refugo.

Dr. Leach, Antropólogo de Cambridge

Sim, é como refugo que nesses tempos difíceis

de enfrentamentos a verdadeiras catarses

mundiais, como por exemplo, a Covid 19,

quando, obrigados à reclusão, percebi o quanto

os idosos têm sido considerados supérfluos,

inúteis, desnecessários ou até verdadeiros párias.

A condição do idoso é vergonhosa e a população

se acomoda. Do ponto de vista político, com

base no capitalismo de uma economia baseada

no lucro, ouvimos com frequência que o material

humano só interessa enquanto produz.

Será este o destino que nos reserva a sociedade

em que vivemos?

Quando Simone de Beauvoir, uma das

personalidades intelectuais que mais

influenciaram o comportamento humano nos

últimos tempos, escreveu A velhice, foi

questionada sobre o porque de abordar tema tão

triste. Sua resposta foi que era exatamente por

isso: para quebrar a conspiração do silêncio,

afastar o fantasma da velhice, o preconceito que

existe quanto aos que já são obrigados a

conviver com suas próprias limitações, angústias

e incertezas do amanhã.

Os idosos não têm intensão de trapacear, é o

sentido da vida que está em questão, sabem

quem são e não ignoram quem serão, assumem

sua condição humana, têm dificuldade de

enfrentar a aposentadoria por julgarem que isso

os levará à decadência mais depressa, e julgam a

situação com repugnância. Aceitam como regra

as palavras de Rubem Alves: “Contei meus anos

e descobri que terei menos tempo para viver

daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho

mais passado do que futuro...”

Será que ao ouvirmos que a população

aposentada representa uma estagnação

econômica, menor nível de crescimento ou até

mesmo “quebra” dos orçamentos

governamentais, nos lembramos de que essas

pessoas estão vivendo neste momento?

Isso é no mínimo injusto.

Basta voltar às culturas milenares para observar

que toda a casa devia obediência ao homem mais

idoso, a condição da mulher era muito mais

elevada que o dos jovens dos dois sexos; quando

atingiam a velhice elas tinham influência

predominante na educação dos netos. Ainda hoje

é de notório saber que milhares de famílias

contam com a renda e a ajuda dos idosos,

principalmente as mulheres, que estariam

condenadas a sacrificar suas carreiras e seu

desenvolvimento profissional, condenadas a uma

vida doméstica, se não pudessem ter o apoio dos

pais e avós.

Não nos esqueçamos de que os idosos são molas

propulsoras de uma sociedade que se desenvolve

e evolui, cada passo que dão nos proporciona

uma lição aprendida e amadurecimento através

de suas vivências. Já foram jovens, já tiveram

voz e querem continuar a ser ouvidos, querem

compartilhar seus saberes, não desejam ser

invisíveis. Entendem que o organismo declina e

que as chances de subsistir diminuem, é a lei da

vida. A situação financeira em declínio é, nas

palavras de Hemingway: “A pior morte para o

indivíduo, é perder o que forma o centro de sua

vida, o que faz dele o que realmente é”.

Será muito difícil permitir que os idosos tenham

suas preferências? Que cada um possa encontrar

seu verdadeiro caminho? Fazer as escolhas de

acordo com o que sentem? Sentir-se capaz ou

mais jovem do que a idade cronológica impõe?

Viver bem?

Voltando a Rubem Alves: “... quero a essência...

minha alma tem pressa... caminhar perto de

coisas e de pessoas de verdade... o essencial faz

a vida valer a pena... e para mim basta o

essencial”.

O idoso é perfeitamente consciente do que tem

pela frente – isto é, muito menos do que já

viveu, o futuro encolhe e o presente é pesado,

mas não precisa ficar imóvel, pode fazer o que

lhe for obsequiado. A ausência de objetivo torna

sombria a vida de um velho, torna-o

melancólico, triste, às vezes até egoísta,

tornando impossível a vida dos que o cerca.

Assim como as crianças os velhos estão

autorizados a compreender o verdadeiro sentido

do hoje. Elas por não se preocuparem com o

amanhã, têm muitos pela frente, eles por serem

conscientes de suas restrições. Portanto, que não

sejam negados aos idosos os pequenos prazeres:

o amor, a mesa, o álcool, o fumo, o esporte, os

amigos e o convívio permanente com a família,

prazeres esses que muitas vezes são dosados ou

avaramente doados.

A HUMANIDADE E AS LENDAS

Josemar Otaviano de Alvarenga Venda Nova/BH, 04/7/22

Sem a mentira, a vida humana é insustentável. Na maioria dos casos, ela permite a vida mais

fluida, não apenas para aquele que mente, mas também para quem escuta aquela afirmação

falsa. Somos extremamente performáticos, porque somos socialmente inibidos a dizer o que

pensamos. Mas, é uma situação diferente da vivida pelo mentiroso compulsivo, que pode ter

sérios problemas para se relacionar.

Claudio Bertolli Filho1

1 - O quê é lenda?2

Lenda é narrativa oral fantasiosa de perpassar por gerações e/ou culturas. Nasce de simples

relato inspirado em um fato e objetivado para a função específica, ou de mero fruto da

imaginação com o mesmo fim. Após sedimentar-se na oralidade, no geral, transformam em

tardios escritos destorcidos de seu início; é quando se avantajam as mirabolantes narrativas

fantasiosas como acrescentos explicativos ou orientações, justificativas doutrinárias de cunho

moral, aos costumes. São numerosas as lendas locais, regionais que depois se transformam em

orientação comportamental individual, social/tribal e até universal. Lenda é citação do

impossível à realidade, do inexplicável pela ciência em reforço à crença, a fé. Só um poder

superior explica e justifica a realidade do descrito, pois, “Quem conta um conto, aumenta um

ponto”. Portanto, lendas combinam fatos com a irrealidade mística e criam o ar de poder

superior, de liderança; o mito, a santidade, a deidade, o cientificismo. Para a humanidade, as

lendas apresentam explicações plausíveis ao desconhecido pela ciência, mas, justificado pelo

precedente da lenda, oportunizando e reforçando a crença com ares de absoluta verdade.

2 – O quê é folclore?3

Folclore é constituído de lendas. É conjunto de tradições e manifestações populares

perpassadas via oral, por gerações. O folclore representa a cultura de um povo. Com fins

específicos regionais, formam parte do vasto folclore brasileiro as lendas; Saci Pererê, Boi

Tatá, Curupira, Mula-sem-cabeça, Yara, Boto, Caboclo D’água.

3 – O que é a verdade?4

A verdade em grego aletheia: é aquilo que não está oculto, o não escondido, manifestando-se

aos olhos e ao espírito, tal como é, evidenciando a razão. A verdade em latim, veritas; é

aquilo que pode ser mostrado com precisão, em referência ao rigor e a exatidão. A verdade

em hebraico emunah; significa confiança, é a esperança de que aquilo que é e será revelado e

irá aparecer por intervenção divina. Thomas de Aquino definiu a verdade como expressão da

realidade, a concepção do senso comum. Verdade é a concepção do grupo em um senso

comum

4

.

E=mv2

E= Energia; m = massa; v= velocidade da luz; 2 = quadrado. Albert

Einstein5

Einstein propôs a “Teoria da Relatividade” e a “Partícula de Deus” consta desta teoria: tudo é

relativo e nada é preciso. A Física Quântica mostra; não existe o absoluto, inclusive as

erroneamente chamadas “Ciências Exatas” devessem ser chamadas de “Ciências da

Aproximação”, visto que, nada é exato no universo, devido à relatividade levando a sua

constante mudança no tempo e no espaço. Tudo é dinâmico exceto o conceito dogmático da

fé, no Criador. O comportamento é predomínio de um conjunto de propostas e aceitações

mútuas, comuns ao grupo.

- Sancho vês aquilo?

– Não. Não vejo. Senhor!

– Estás certo. Só se vê aquilo que a mente está preparada para ver.

Miguel Cervantes6

Ora, a verdade visual do cego não se compara com a verdade visual do míope nem do

portador de astigmatismo nem do daltônico. Portadores de visão na normalidade, não vêm o

mesmo fato nem o interpretam de igual modo; depende do ângulo de observação e de outros

valores.

4 - Toda verdade deve ser dita? Devesse dizer sempre a verdade? (S to Agostinho x S.

Thomas de Aquino)7

Antiga cidade europeia, horda irada e armada aos dentes com foices, machados, ancinhos,

pedras e pedaços de paus corria perseguindo possível malfeitor. O fugidio entrou esbaforido

na praça e se escafedeu por uma das suas múltiplas vielas. Ali se encontrava Thomas de

Aquino e a tudo assistia. O líder da horda aproximou-se de Aquino e perguntou-lhe,

apontando para a via por onde o perseguido fugira: - O fugido passou por aqui? Thomas de

Aquino sabendo o perseguido sem a mínima chance de defesa; seria linchado de imediato e

covardemente em praça pública, voltou-se ao inquisidor, enquanto com as mãos sobre o

peito, e a mão direita entreaberta deslizava no antebraço esquerdo sobre a pele e debaixo da

manga de suas vestes, calma e firmemente respondeu: - Por aqui, ele não passou.

Não se falou mentira, contou-se pura verdade, uma vida salva e restou um ensinamento.

Lendas permitem saciar a curiosidade, esclarecer dúvidas, propor medidas saneadoras,

descrever e ajudar a estabelecer novo objetivo cultural: político, religioso, social, econômico,

científico, outros. Lendas aguçam, estimulam, implantam, estabelecem e fazem permanecer as

“verdades” e as mudanças ao conceito e comportar humanos.

5 - O que é parábola?8

Parábola é mensagem em narrativa indireta alegórica analógica ou comparativa, pode se

alicerçar em fato ou no imaginário, com objetivo doutrinário, de caráter moral, mormente

religioso. Exemplo são as parábolas dos Evangelhos Cristãos.

6 - O quê é mito?9

Mito é narrativa fantástica de uma tradição oral, às vezes reporta a um personagem humano,

real ou fictício, com forças sobrenaturais ou outros seres que, de mesma forma, encarnam

forças supremas da natureza em comportamentos humanos, justificando o inexplicável ao

entendimento. Há os mitos gregos, romanos, afros, afro-brasileiros; os santos, orixás, deidade

são mitos em diferentes graduações.

Existem três mentiras: A verdadeira mentira; A política; A estatística.

Benjamim Disraeli10

.

Heróis de todos os povos sejam guerreiros, santos, cientista, todos são mitos e eles modelam a

história dos povos. Sem mitos não há civilização, não há religião, não há povo, não há pátria.

A história, como a religião, a política e a economia, aí se pautam.

7 - Escritos históricos e religiosos.11

Qual a verdade dos escritos históricos e/ou religiosos? Dizem os historiadores que ao

vencedor cabe a glória e o relato da história. Ao derrotado, cabe o lamento e a aceitação. Quê

dizer dos relatos descritos da tradição oral, até por muitos escritores com pontos descritivos

convergentes, mas, ocorridos há mais de meio século ou até séculos depois do fato? Os

ocorridos foram contados e recontados, acrescentados e suprimidos, modificados e corrigidos;

quem pode garantir o contrário? A permanência na oralidade manipula segundo interesses e

outra vez, quando transcrito por escriba sem convivência no período de ocorrer. Se a

descrição do presenciado já é destorcida; qual veracidade pode-se esperar dessa certeza

histórica?

A lei é feita pelos sábios para enganar os tolos. Sabedoria chinesa

Mesmo geograficamente descritas com precisão e alguns fatos serem verdadeiros, as

exuberâncias têm finalidade indutiva a objetiva crença. A certeza das narrativas ocorre pela fé

e pela ausência de outros referenciais. Isso ocorre, por exemplo, com as obras do historiador e

apologista judaico-romano, Titus Flavius Josephus (37ou 38 – 100ac), conhecido como

Flavio Josefo12; referência na história do povo judeu e judaico-romana, cristã. O mesmo se

encontra, ao se comparar evolutivas traduções do Antigo e do Novo Testamento com as

descobertas de outros escritos da época e achados arqueológicos.

O mundo religioso de hoje carece de críticas e de análises e lhe sobra credulidade e desejo

de ler textos sagrados à luz de nossos dias. Juan Árias 13

No início do cristianismo havia mais de 80 evangelhos. Novo Testamento começou a ser

escrito no ano 70, no primeiro século da era cristã. O primeiro Evangelho foi de Marcos, tudo

apanhado da oralidade. A decisão oficial da Igreja quanto aos evangelhos de Marcos,

Matheus, Lucas e João, foi no ano 325 d.C., no Concílio de Nicéia. A decisão ocorreu graças

a um milagre. Lybelus Syndicus13 conta o milagre: “de todos os evangelhos presentes na

Igreja, apenas quatro levantaram voo e se colocaram sobre o altar. Os restantes ficaram

imóveis, em seus lugares e foram considerados apócrifos”.14 Esta é uma das três versões: “Os

evangelhos foram colocados sobre o altar e todos foram caindo, permanecendo sobre a mesa

somente os quatro, Matheus, Marcos, Lucas e João”.14 A última versão: “O Espirito Santo

atravessou o vidro da janela, que não se quebrou, foi pousando no ombro de cada bispo,

sussurrando o nome dos evangelhos”.14

Há cinco Bíblias diferentes: judaica, hebraica, católica, ortodoxa, protestante.

Não se discute a teologia, este levantamento relaciona-se a coleta de dados históricos

comparativos com achados e outros escritos antigos anteriores ou da época e as formas

rocambolescas de confirmar a “realidade divina” para a narrativa induzir a crença. As

Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada foi traduzida mais de quinhentas vezes. Todo tradutor

quer atualizá-la à conveniência da sua interpretação, para o possível entendimento atualizado.

Só Alá é Deus e Maomé, seu profeta. Fé islâmica

Maomé nada escreveu. Maomé citava o que foi escrito como Corão. Dois de seus seguidores

ouvintes transcreveram os ensinamentos, cada qual ao seu modo conservando os princípios da

religião. No pós-morte, a disputa entre os herdeiros fiéis a Maomé, seu maior Profeta, resultou

em duas facções sectárias; Os sunitas, palavra derivada de “Ahl al-Sunna,”, ou “as pessoas da

tradição” e correspondem de 85% a 90% dos fieis e os xiitas de origem na facção política,

literalmente os “Shiat Ali” ou partido de Ali, genro do profeta Maomé.15

Deus é aquilo que existe por si só, e por mais nada é determinado a existir e todo o

mundo, ou tudo aquilo que existe, existe Deus e é parte essencial de Deus, ou seja,

Deus é tudo e tudo é Deus ao mesmo tempo. Baruch Spinoza16

Perguntaram ao Einstein se ele acreditava em Deus, assim ele respondeu: Creio no Deus de

Spinoza. Não creio nesse Deus preocupado e vigilante do comportamento do homem. Ou tudo

é milagre ou nada é milagre.

8 – Conclusão

Ficam as questões: A verdade é relativa? A verdade prevalece na mentira mais bem elaborada

e aceitável? O mentiroso é ético? A mentira evidente, a trapaça perpetrada é moralmente

válida? Afinal, o que é a verdade e o que é a mentira?

9 - Bibliografia

1 – Claudio Bertolli; Professor de Antropologia da UNESP (Universidade Estadual Paulista)

2 - Lenda; Oxford Language.

3 - Luís da Câmara Cascudo foi o primeiro folclorista brasileiro. Em 1941 fundou a

“Sociedade Brasileira de Folclore”, em 1943 redigiu o “Dicionário Brasileiro de Folclore” –

Bibliografia de... por Dilma Frazão, bacharel em biblioteconomia pela UFPE.

4 - Para entender a História... ISSN 2179-411. ANO 2, VOL SET., SERIE 05/09.2001, P.01-

04.

5 - Albert Einstein, físico alemão de ascendência israelita, cidadão norte americano, propôs a

Teoria da Relatividade.

6 - Miguel Cervantes, autor do livro que consolidou a literatura espanhola “DOM QUIXOTE

DE LA MANCHA”.

7 - Santo Agostinho/ São Thomas de Aquino: Teólogos do cristianismo, ambos são doutores

da Igreja.

8 - Parábola; definição de Oxford Language.

9 - Mito. In, Os Pilares da Civilização; Marco Aurélio Baggio.

10 - Benjamim Disraeli; Filósofo, economista, Primeiro Ministro do Reino Unido.

12 - Flávio Josefo – Infopédia; https//pt.m.wikipedia.org>wiki>FF...

13 – Lybelus Syndicus Os nomes dos títulos dos Evangelhos designam seus autore? Paulo da

silva Neto Sobrinho. Evoc Editora virtual O Conservador- Londrina PR.

14 - “A rocambolesca história de como a Igreja Católica escolheu os quatro evangelhos

cristãos”. Juan Arias. 12/12/2019 – EL PAÍS.

15 - Entenda as diferenças e divergências entre sunitas e xiitas. - BBC NEWS Brasil.

16 – Baruch Espinosa ou Benedictus Spinoza; filososo holandês de origem serfadista

portuguesa. Um dos primeiros pensadores do Iluminismo e da Crítica Bíblica moderna,

considerado um dos grandes racionalistas da filosofia do séc. XVII.

DOCE MÃEZINHA

Homem de muita ação e pouca conversa, era

o tio-avô Leopoldo, que provinha de extensa

irmandade, lá das bandas da Abadia, que é

como o atual município de Martinho

Campos antes se conhecia. E até hoje, à

revelia.

Era o Leopoldo, na realidade, tio de mamãe,

mas seu mais constante prosear, nas poucas

vezes que nos visitava, era com papai, que

corda e borda lhe dava. E aí, de contido, o

tio virava fluido, bem fluído.

Era, por natureza, irriquieto e empreendedor

- e sistemático. Após passar alguns anos na

boléia dum caminhão e ter rodado o país nas

estradas de chão, resolveu botar em prática a

idéia de montar uma fábrica de doces.

Estabeleceu-a em Divinópolis e, como o

negócio se expandia, passou-a para o filho

mais velho, e foi procurar outras bandas para

se rearejar e a vida continuar. Em Sete

Lagoas é que foi dar. E labutar, que era seu

princípio salutar. Não podia parar.

A paradinha que se permitiu foi para nos

visitar na Velha Serrana e, como gentil

oferta, trouxe-nos um pacote de sua nova

produção, que antes fora de amendoim, e

agora, sim, virara do puro leite, pra nosso

antecipatório deleite. Orgulhoso, do

conteúdo e embalagem, mimoseou-nos com

o Doce Mãezinha.

Enquanto papai o entreteve na sala de

visitas, zarpamos com a barra para a copa e a

disputa foi engalfinhada, deixamos sobrar

quase nada.

Ao voltarmos à sala, quis o tio sistemático

ser simpático com a garotada:

- E então, moçada, gostaram do doce?

A resposta imediata - antes não fosse - foi

despachada pelo Nacho,

na franqueza de seus seis anos:

- Elé infaroso...

Paulo Miranda

O DIFERENCIAL DA BUCHA

Quando criança, não tínhamos o conforto

que hoje usufruímos. O único sabão que

usávamos era o preto que minha mãe fazia e

nós ajudávamos a mexer o tacho, a fazer as

bolas, depois de pronto, ainda bem

quentinho. Usava-se o sabão preto em todo

tipo de limpeza doméstica. E com a bucha

vegetal formava um casamento perfeito no

processo de higiene.

A bucha — este fruto de uma trepadeira de

origem asiática — cultivávamos no quintal.

Ela foi mais um presente dos africanos que

muito bem se adaptou às condições de solo e

clima de nossa terra. Sabia-se que a bucha

podia ser colhida, quando a casca ficava

amarelo-castanho. Cortávamos o cabinho e,

durante alguns dias, ela ficava secando para

que as sementes se soltassem. Arrancávamos

a casca e depois a batíamos a em superfície

firme; uma festa ver as sementes pulando e

caindo longe.

Aí, cortava-se a bucha em duas partes,

recebia um banho de água quente para

amolecer as fibras e começava sua labuta.

Um pedaço, reservado para o banho,

trabalho que exercia com muita eficiência.

A outra parte, para a lavagem dos

vasilhames da cozinha. A fim de lavar bem

as panelas, usadas no fogão a lenha, a bucha

recebia a ajuda de areia fina para tirar a

barrela, porque esponja de aço não havia lá

em casa. Depois da cozinha arrumada,

guardava-se aquele material de limpeza,

bucha, sabão preto e areia, debaixo da pia

dentro de uma cuia.

Minha mãe era uma ótima administradora

dos serviços domésticos. A cada semana

fazia rodízio de todas as tarefas rotineiras

distribuindo-as entre nós, as cinco filhas.

Um dia, chegou a vez da Maria Elena lavar

o vasilhame do jantar. A cozinha, já meio

escura. Nossas lâmpadas incandescentes,

fraquíssimas, pouco iluminavam aquele

ambiente de fogão de lenha. Da janela da

cozinha avistávamos o quintal que, a esta

hora da noite, era puro breu e nós crianças

tínhamos medo só de olhar... Então minha

mãe escalava uma outra das meninas para

sentar no banco perto da pia e ali

permanecesse, enquanto durasse a lavagem

das vasilhas.

Maria Elena recolheu todo o vasilhame

usado no jantar e foi pegar a bucha em

baixo da pia. Como era seu costume, antes

de usar a bucha, espremia-a para tirar o

excesso de água que por acaso tivesse.

Apertou e a “bucha” esperneou! O que

ouvimos foram os seus gritos desesperados.

Vimos então um sapinho que, tão assustado

quanto minha irmã, pulando, rapidinho,

alcançou o quintal e sumiu na escuridão.

Lúcia Rodrigues

Divinópolis / MG

(37) 9 8425 4847

FALTA UM PEDAÇO

Quando te vi...

apaixonada fiquei.

Lindo.

Garboso.

Elegante.

Forte.

Correto.

Um encontro perfeito!

Ouvia os meus anseios...

sorria para os meus apelos.

Acenava para a finitude

da minha pontualidade.

Calado...

olhava me...

silencioso

amoroso.

E eu te...

admirava.

agradecia

a poesia

dos seus sons

alinhados aos meus tons.

De repente...

pura e simplesmente

você me deixou...

desatou o laço

sem abraço.

Partiu...

não se despediu.

O seu espaço...

está vazio.

Os meus olhos...

procuram o seu afago.

Instintivamente...

falta me...

um pedaço!

Numerais romanos...

formato de esfera.

O meu relógio de parede

calou se ...

no sereno da noite.

Sem conserto...

meu fiel companheiro

ausente...

para sempre!

Falta me um pedaço!

Falta me um pedaço!

Zaciss

Lavrinhas/SP

Contato (12)9 9126 5454

FOI DEUS

Foi Ele que plantou

nos campos as açucenas

soberbamente pintou

as florestas e searas plenas.

Foi Deus quem deu ao riacho

limpidez e suave murmúrio

ao pássaro colorido penacho

e ao poente um manto purpúreo.

Ele fez toda a Natureza

o sol, as estrelas e o mar

criou em êxtase a beleza

para Sua criatura, o homem, desfrutar.

Autora: Maria Antonieta Camargo Amarante

Celular 41-9991-6023

E-mail antonieta.amarante@gmail.com

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 13/09/2022
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