A CASA DE PEDRA AO REDOR DO LAGO...
É uma morada primitiva
Construída a beira do lago
Envolta de muita paz e silêncio
A auréola contagia
Só se ouve o barulho dos ventos.
Ao redor da natureza
No centro, cercada de muitas pedras
Lembra até uma cabana de chão batido
Mas o fogo brilha e ilumina
Aquece nas noites frias!
Que sensação de totalidade
De refúgio e de abrigo
Um lugar de muita energia fluindo
Não só no corpo, mas também na alma
Lá têm histórias e vidas!.
Ela desperta
Um sentimento intenso de renovação
É um recanto de reflexão e de imaginação
Quanta paz de espírito!
Aberta para o céu e a natureza
Ela se integra
Com a energia da água, da terra , do ar e do fogo
Em meio às emoções surgem as imagens
O abrigo de todos os nossos desejos em fantasias
Seria ali a "Morada dos Sonhos?".
"Esta Poesia foi feita nas leituras dos apanhados da casa de Jung, construída por ele mesmo a beira do lago Zurique, em Bollingen, na Suiça em 1922.
Jung ampliou a sua casa e em 1923 construiu mais dois andares, a primeira casa de plano circular, uma habitação em forma de torre.
Para ele , a sua casa era como se fosse a "morada materna".
Jung era tão obstinado, pois queria que a sua casa representasse tudo que ele queria exprimir e desejar e em 1927, acrescentou a ela uma construção central, com um anexo, em forma de outra torre.
Não satisfeito, em 1931, depois de quatro anos, o apêndice em forma de torre foi reconstruído e tornou-se uma verdadeira torre .
Na segunda construção, reservou um aposento exclusivo para ele para as suas meditações.
Ele pintou as paredes do seu quarto, de forma que exprimisse um local, um mundo de solidão, do presente ao intemporal. Ali era um recanto de reflexão, um lugar de concentração espiritual .
Em 1935 Jung sentiu um desejo de ter um pedaço de terra cercado, que fosse aberto para o céu e para a natureza, então a construção acrescentou um pátio e uma "loggia"
ao lado do lago, constituindo a quarta parte do conjunto, separada das três outras do complexo principal.
Nascia ali uma "quaternidade"", quatro partes de construção diferentes, construídas ao longo de 13 anos".
Desde o início, a torre foi para Jung um lugar de amadurecimento, um seio materno ou uma forma materna onde ele podia ser de novo como era, como é, e como ele queria ser. A torre dava lhe a impressão de que ele renascia das pedras. Ali, havia a representação da "individuação".
Pode se dizer que Jung construiu a sua torre como em espécie de sonho, somente mais tarde ele percebeu que construiu o símbolo da "totalidade psíquica".
"Em Bollingen mergulho no silêncio e vivo "in modest harmony with nature". Idéias emergem, do fundo dos séculos, antecipando portanto um futuro longínquo. Aqui se atenua o tormento de criar, aqui criação e jogo se aproximam".
Carl Gustav Jung, do livro
Memórias, Sonhos e Reflexões.