A venda de sentença
Por volta do ano 1446 a.C., Moisés, filho de Anrão, liderou cerca de 3,5 milhões de israelitas que viviam escravizados no Egito do faraó Ramsés II. Após atravessar o leito tornado seco do Mar Vermelho, o povo seguiu em direção ao Monte Sinai. Enquanto Moisés se colocava em contato com seu Criador, em alguma posição elevada desse elemento geográfico, a multidão confeccionou um bezerro de ouro, para adorá-lo, e caiu na dança e na prostituição desenfreada. E ao provocarem a ira de Iavé, muitos desceram à cova profunda.
De Moisés a Samuel, filho de Elcana, que era sacerdote e profeta, o povo israelita foi governado pelo sistema de juízes, um período de tempo de 403 anos. Estando em idade avançada, Samuel constituiu a seus filhos, Joel e Abias, juízes sobre a nação, e os estabeleceu em Beersheba.
Em pouco tempo, no governo desses gestores, foi montada uma enorme Orcrim, com a venda de sentenças e rachadinhas, nos altos escalões do governo teocrático. A venda de sentenças, suborno e rachadinhas se tornaram tão insuportáveis, para a sociedade, que os anciãos do povo foram até Samuel, em Ramá, e exigiu-lhe que pusesse fim ao sistema de gestão de juiz político-religioso.
Samuel lhes expôs que o sistema de monarquia iria tomar seus filhos e filhas para compor o exército, para fabricar armas de guerra, para cuidar das colheitas, para serem perfumistas, como a criação de impostos intermináveis.
Todavia, como a Orcrim se tornou tão cruel, os anciãos não declinaram em pedir que o sistema de monarquia fosse instituído (I Samuel 8.10-18).
Ante a determinação dos anciãos, Samuel ungiu a Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamin, um jovem extremamente belo e alto, como rei, mas este era tão medroso que, no dia de ser apresentado ao povo, escondeu-se “por entre a bagagem”. (I Samuel 9.1,2; 10.1,22,23)
Esse rei inconstante, que chegou até usurpar o cargo de sacerdote, ao oferecer holocausto e ofertas pacíficas, uma atividade divina reservada, exclusivamente, a sacerdotes, foi uma das razões de sua queda e desgraça (I Samuel 13.8-14).
Saul era tão medroso, que não acatou o desafio de Golias, o gigante filisteu de 3,20 metros de altura, para um duelo, por ocasião da batalha no Vale de Elá (I Samuel 21.9), mas foi muito corajoso para mandar matar, a sangue frio, cerca de 85 sacerdotes e passar os habitantes de Nobe ao fio da espada (I Samuel 22.18-19).
Antes de ocorrer a batalha dos Montes Gilboa, temendo os temíveis filisteus, o rei Saul tentou consultou Iavé, mas, como este não o atendeu, desesperado, o monarca foi até En-dor, pela madrugada, ao encontro de uma bruxa chefe de terreiro (I Samuel 28). Devido aos crimes que cometeu, a Justiça divina caiu sobre sua cabeça. Seus três filhos morreram na batalha e, ele, Saul, se suicidou, lançando-se sobre sua espada.
Enfim, o sistema monárquico vigorou de 1043 a 586 a.C., um período de tempo de 457 anos. E assim como o sistema de juízes caiu, também, o regime monárquico desapareceu, e tudo isso por causa da corrupção, o câncer que devora as entranhas da sociedade.
Supostamente, a Orcrim que vigorou nesses sistemas de gestão fazia uso de um Cabeça de Pinico e de uma Agente do Prato Feito para alimentar uma rede de venda de sentenças e de rachadinhas que enriquecia, de forma ilícita, vampiros da gestão pública.
E como punição a esses bandoleiros palacianos, o Eterno permitiu que o antigo Estado de Israel se tornasse num pão que foi diversas vezes fatiado pela espada de vários impérios: assírio, babilônio, persa, medo, macedônio, selêucida, ptolemaico e romano.
E o Brasil não será um pão a ser fatiado pela faminta China e seus tentáculos? Só mesmo o Eterno para livrar o povo brasileiro, ordeiro, dessa pretensa gestão comunista sobre o extenso território verde e amarelo. E espera-se que o povo esteja intercedendo, jejuando e buscando as madrugadas, para que a nação não seja fatiada por comunistas execráveis.
Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2022