Centralidade contestada de Christina Queiros na revista Pesquisa FAPESP jan. 2022, p.38-39.
Atuais revisões biográficas e análises literárias se ancoram nas pesquisas da historiografia crítica e das ciências sociais à luz em Antonio Cândido, Roger Bastide, Jacques Lambert com visões plurais sobre o modernismo como contestação e impostação de dois Brasis paradoxais (desenvolvido e arcaico). O debate sobre o período tem base em visitas aos arquivos públicos e museus etc. As universidades, institutos como IEB-USP, IMS, UFPA, UFRN têm papel central nesse contexto. Por exemplo, outros autores estão sendo vistos como modernistas. Se os modernistas visitaram Minas Gerais e Amazonas (ambos são almoxarifados de lendas, mitos e crenças), outros estão em outros nichos culturas não-paulista em nosso pais: Theodoro José da Silva Braga (de Belém, dialoga com os indígenas Neomarajoara). O historiador Aldrin M. de Figueiredo focaliza a relevância do contexto amazônico como referência modernista descentralizada. Nesse mundo da Amazônia, o paraense Ismael de Nery alude as lembranças olfativas na sua arte. O gravurista Oswaldo Goeldi com pinturas interessantes na mesma época de Tarsila e Di Cavalcanti. Já o pesquisador Humberto Hermenegildo de Araújo, em 1924, destaca os trabalhos do folclorista e etnólogo Câmara Cascudo, embora apoiasse os integralistas brasileiros e ter tons conservadores, e seu diálogo com os nordestinos e paulistas modernistas. Tais autores enfatizam a arte popular epocal e o antiacademicismo. O rótulo Futuristas aos modernistas como ironia teve o lado sério por acreditarem na velocidade e na ciência, além da ruptura com modelos arcaicos estéticos, valorização nacionalista e avanços industriais.