O novo nascimento
Vida Eterna João 3.1-15
pr. Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira
Florianópolis, Santa Catarina, 01.11.1992 e 26.12.2021
Introdução aos fatos
01. O vocábulo fariseu significa separado, devido ao fato de todo fariseu ter comportamento separado do povo comum. Após os judeus Sesbazar e Zorobabel retornarem de Babilônia para reconstruírem o Templo de Jerusalém, que havia sido derrubado pelo imperador Nabucodonosor, filho de Nabonido, o escriba Esdras foi enviado a Jerusalém para ensinar o povo a se comportar de acordo com a Lei de Moisés. E aqueles judeus religiosos que levaram avante o ministério do sacerdote Esdras passaram a ser chamados de hassidins.
02. Segundo o saudoso pastor batista, Enéas Tognini, o general e historiador judeu, Flávio Josefo, menciona o farisaísmo, como um movimento religioso atuante, desde o ano 145 a.C. Os fariseus foram revolucionários valorosos que compuseram as tropas de Judas Macabeu que libertaram o Estado de Israel, então, colônia do Império Selêucida de Antíoco Epifânio.
03. E quando o jovem Galileu deu início a seu ministério terreno, o movimento religioso fariseu gozava de muito poder político e religioso, e Nicodemos era um fariseu tão poderoso, que integrava o Sinédrio, a então Suprema Corte de Justiça do antigo Estado de Israel. Devidamente informado a respeito dos feitos extraordinários realizados por um humilde jovem rabi da Galileia, uma região tida como bárbara, desejou conhecê-lo pessoalmente, quando este se encontrava em Jerusalém, para participar dos festejos religiosos a que todo judeu do sexo masculino devia comparecer anualmente.
04. A exemplo do publicano Zaqueu que, por se sentir uma pessoa odiada por seu próprio povo, preferiu subir a um sicômoro para avistar o Homem de Nazaré, cujos feitos o fascinara, o fariseu Nicodemos refugiou-se no manto da noite para o diálogo com o jovem que arrastava multidões com feitos miraculosos.
05. Nesses dias de trevas espirituais, para manchar a imagem pública do Rabi da Galileia, seus inimigos de tocaia passaram a difamá-lo, ao difundirem a mensagem criminosa de que o jovem pregador havia nascido de um relacionamento espúrio, entre uma judia, Maria, a quem a taxaram de prostituta, com um legionário romano de nome Panthera. Supostamente, devido a essa difamação imperdoável, é que o mestre fariseu, para conservar sua imagem pública, o tenha buscado na calada da noite.
06. Essa mancha moral foi difundida por religiosos judeus fanáticos, de tendência anticristã, para envenenar a mente do povo com a mentira de que o jovem Galileu não era Filho de Davi, como afirmara Bartimeu, o cego de nascença, mas um romano. E sabemos que os romanos eram profundamente odiados pelo povo judeu.
Interpretação dos fatos
01. Ao chamar o pregador de rabi e mestre, Nicodemos reconhecia que o jovem Galileu era uma pessoa de muita autoridade, poder e conhecimento espiritual, a ponto de ir a seu encontro para conhecer a fonte desse poder sobrenatural e, supostamente, se esse pregador não era o Messias que o povo judeu o esperava. Não era um acontecimento normal o fato de uma alta autoridade político-eclesiástica se misturar a um grupo de rudes galileus, abrigados em uma tenda, para se encontrar com um jovem odiado pela cúpula do Sinédrio judaico. Mas Nicodemos rompeu a barreira de comportamento para satisfazer o desejo de sua alma, e o fez com coragem e galhardia, apesar de se refugiar no manto da escuridão.
02. A cura de deficientes visuais, a multiplicação de pães para alimentar multidões, o andar sobre as águas do Mar da Galileia, o ressuscitar defunto de quatro dias, o transformar água em vinho, o purificar leprosos e o realizar sinais, curas e maravilhas extravasaram a alma do mestre fariseu, daí, para extravasar tamanha inquietação, foi à procura do jovem Galileu, plenamente ciente de que esse pregador era movido pelo Dedo de Deus.
03. Segundo Nicodemos, que era um fariseu, uma pessoa somente podia nascer de novo, caso pudesse retornar ao ventre daquela que o havia gerado; para a teologia apostólica romana, o nascer de novo vai depender da alma pecaminosa passar algum tempo no Purgatório; para os papas da Maçonaria, o nascer de novo se processa por meio dos diversos Ritos dessa sociedade secreta; e para os deuses da teologia espírita, o nascer de novo somente se concretiza se a alma impura se reencarnar várias e várias vezes, num processo de purificação, até, no corpo de uma cadela ciosa.
04. Mas, o Rabi da Galileia mostrou ao fariseu, ensinamento, também, que serve para os demais deuses que amam o atalho da perdição eterna, que, se o ser humano, criado segundo a imagem e semelhança de seu pai, o Deus Eterno, não nascer de novo, jamais terá acesso aos portais da glória divina, e que esse novo nascimento se processa no interior do coração humano pela ação sacrossanta do Espírito Santo, exatamente, no momento em que o converso aceita a Jesus de Nazaré como seu único Senhor e Salvador.
05. Então, a condição única para abrir a porta de acesso ao reino celestial, é com a Chave do Novo Nascimento, e esta não tem o formato de religiosidade, riqueza, fama, poder temporal, cultura ou poder político algum.
06. No mês de março de 1992, o então presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jair Antônio Meneguelli, teve que se apresentar, de terno e gravata, o que nunca foi o estilo desse personagem radical, para uma audiência que havia marcado com o presidente da República Federativa do Brasil, Fernando Collor de Mello, no Palácio do Planalto.
E, numa linguagem espiritual, segundo o padrão divino, torna-se necessário portar o Terno e a Gravata do Novo Nascimento para alguém ter acesso a uma audiência com o Deus Eterno, presidente do Universo imenso, fantástico e maravilhoso. Enfim, se o ser humano não lançar fora a indumentária da hipocrisia, da idolatria, da orgia, dos bacanais, da consulta a espíritos enganadores, da roubalheira e da pilantragem, jamais, herdará a vida eterna.
07. Na condição de mestre, Nicodemos era um teólogo comprometido com a interpretação, ensino e revelação do Deus Eterno a seu povo, e como líder religioso integrante do Sinédrio, estava “encarregado da liderança espiritual e moral da nação” judaica. Entendível, é que Nicodemos não foi visitar o Jovem Galileu na condição de representante do Judaísmo, uma instituição religiosa que não permitia movimento popular algum que ameaçasse os “fundamentos da vida religiosa” da nação. Então, não foi uma visita hostil, mas um encontro individual, e até manifestou simpatia durante a reunião.
08. O Galileu recebeu o Fariseu como um personagem comum, e mostrou-lhe que vida eterna não é uma questão de formação religiosa, ou de boas obras, mas o de se nascer de novo, e essa foi a questão chave desse encontro. E Nicodemos, que era uma pessoa encarregada de ministrar ensino divino a seu povo, nada sabia a respeito do verdadeiro Novo Nascimento, pois, sua visão era puramente terrena, e foi assim que o jovem da Galileia levou o mestre fariseu a fixar sua visão no plano divino, ao mostrar-lhe que o verdadeiro Novo Nascimento é uma exigência divina.
Conclusão dos fatos
01. O encontro entre o Mestre fariseu e o Pregador galileu, que ocorreu no ano 27 da Era Cristã, tem sido considerado a mais famosa visita noturna de todos os tempos. Nicodemos agendou a visita no propósito de aliviar a enorme tensão político-religiosa, devido aos milagres fantásticos que o Enviado divino realizara, e com isso atraiu as multidões ao seu entorno; e quanto mais prosperava, mais ciúme e ódio alimentava a elite dominante do Sinédrio judaico. Pois, de acordo com a então teologia farisaica, aquele que operasse tais sinais, curas, milagres e maravilhas devia ser considerado como “um profeta semelhante a Moisés ou a Elias”, o tisbita.
02. Era costume do povo judeu se reunir à noite, no templo, para estudar a Lei de Moises com rabinos fariseus. Deduz-se que foi, devido a esse costume milenar, que levou o mestre fariseu visitar o Rabi da Galileia para discutirem acerca de assuntos teológicos. A base do diálogo, que travou o jovem e o ancião de dias, foi centrada na analogia do nascimento, uma vez que tudo o que tem vida se renova, daí o Galileu haver ensinado ao Fariseu o princípio de que o ser humano precisa se tornar com uma criancinha de colo, para ter acesso ao Reino de Deus.
03. O mestre fariseu, pelo fato de ser da linhagem de Abraão, deve ter se sentido ofendido, ao ser instado a nascer de novo, não, segundo a vontade do varão, mas, segundo vontade de Iavé. O pensamento do fariseu era de que, por seu uma pessoa idosa, não poderia entrar no útero da senhora sua mãe, que já devia ter falecido, para nascer novamente. E isso o incomodou. Nicodemos entendia que, por ser da linhagem de Abraão, não precisava de Novo Nascimento. Porém, aprendeu com o jovem, que hereditariedade não é passaporte para a eternidade.
04. A teologia farisaica de então, era de que toda a nação judaica iria renascer, quando da manifestação do Messias a seu povo. Nesse encontro noturno, o Jovem galileu ensinou ao Mestre fariseu que o ser humano nasce apenas uma vez, e que todo aquele que não Nascer de Novo não tem direito algum na herança de seu Pai, o Deus dos deuses e Senhor dos senhores. O interessante era que a teologia judaica ministrava o ensino de novo nascimento, apenas, para todo gentio que se convertia ao Judaísmo. Então, no momento que o converso aceitava a Iavé, com o único Deus criador, devia batizar-se a si mesmo, após haver jurado observar os mandamentos da Lei Mosaica.
05. Em seguida, praticava a circuncisão do prepúcio, aceitava o conteúdo do Antigo Testamento como a expressão única da vontade divina e, finalmente, confirmava sua crença oferecendo um sacrifício no Templo de Jerusalém. Isso feito, o prosélito adquiria todos os direitos e deveres de um judeu natural.
06. Todavia, a teologia do Novo Nascimento ministrada pelo Judaísmo foi aniquilada pelo Galileu, ao incluir, tanto judeus como gentios no processo de nascer de novo, por meio da água e do Espírito Santo do Deus o Todo-poderoso.
07. Ainda, aprendeu que, assim como Moisés havia levantado a serpente, no deserto, para que todo israelita mordido não morresse, Ele, o Messias prometido pelas Sagradas Escrituras, quando ressurgisse da tumba, escavada pelo Sinédrio judaico, atrairia, para si, a todo aquele envenenado pelo pecado, que passasse pelo processo do Novo Nascimento.
08. O apóstolo Paulo de Tarso registrou, na carta que dirigiu à igreja implantada na cidade grega de Colossos (Colossenses 2.14), que o Senhor Jesus Cristo já cravou na cruz o Escrito de Culpa que pesava sobre todos os seres humanos, quando de sua vitória na cruz. Nos dias do Império Romano, o Escrito de Culpa era uma listagem na qual o escrivão relacionava os crimes que o réu havia praticado, e o afixava na porta da cela do prisioneiro, para que todos soubessem a respeito da culpa do condenado. E quando o tempo de condenação se extinguia, o réu era liberto das grades, e sobre a porta da cela era afixado uma nova listagem, com os dizeres: “Está consumado”. E o brado de vitória, proferido na cruz do Calvário, de que tudo Está Consumado, continua valendo para todo aquele que passar pelo processo de Novo Nascimento.
Questionário dos fatos
01. Os fariseus conheciam o novo nascimento?
Sim, conheciam. Só que era um novo nascimento criado pela mente da liderança religiosa do farisaísmo.
02. Nicodemos ficou perplexo com o processo do Novo Nascimento do Rabi da Galileia?
Sim. E ficou tão perplexo, que não entendeu como esse processo se realizava.
03. O Rabi da Galileia era amado pela cúpula do Sinédrio judaico?
Não. Pelo contrário, era odiado pelos deuses da Suprema Corte de Justiça do antigo Estado de Israel.
04. O que significa nascer da água e do Espírito?
Nascer da água significa que o converso precisa de batizar, para testemunhar a todos que, ao imergir, morre para as coisas que a vida mundana oferece, e ao emergir, nasce para servir a seu Senhor e Salvador; quanto ao nascer do Espírito, significa que o coração do converso se torna o Templo do Espírito Santo do Deus Eterno.