OS EMPODERABOS (SODOMA SOCIETY)
OS EMPODERABOS
(SODOMA SOCIETY)
Certo mesmo é que os livros de autores brasileiros novos e antigos, quando vendem muito em livrarias (excetuando-se Paulo Coelho) em todo o país, comercializam três mil (três mil) exemplares. Estamos falando de um país com 210 milhões de habitantes. Alguns fatores do porquê os brasileiros leem tão pouco ou se exercitam intelectualmente de uma maneira irrisória: a política governamental (municípios, estados e DF) não incentiva nem sequer minimamente o escrever, o editar e o lançamento de livros de autores nacionais.
A cultura editorial no Brasil parece não ter nenhuma política editora que incentive os autores nacionais. As editoras esnobam, de todos os jeitinhos brasileiros, os criadores de literatura. Não facilitam minimamente os autores, exceto se estes têm dinheiro para bancar seus livros. Nas editoras inexistem profissionais que avaliem o potencial de comercialização de livros. Isto porque a cultura de leitores no país é tão grandemente precária, que não há como avaliar o marketing de autores nacionais.
Quem quiser viver de vender livros no Brasil precisa ter nascido em berço de ouro e ter uma mulher socialite, com penetração nas altas rodas nacionais e internacionais que promova a literatura de um Paulo Coelho, por exemplo. Aí a coisa das vendas desencana: muito dinheiro no pedaço, propaganda nos jornais nacionais, nos pasquins de bairros, premiações nas academias de letras, críticas favoráveis nas folhas, gazetas, revistas, colunas sociais. Para complementar o ambiente de badalação, não faltarão produtores de filmes para explorar o “boom” do autor.
A Casa Branca, Casa Grande, não promoveu nem promove (desconfio que jamais promoverá) uma política literária que contribua com cultura intelectual. As premiações literárias das secretarias de cultura dos municípios, estados e no DF são tão vergonhosamente irrisórias que, se não existissem não fariam a menor diferença. As cidades do país são regidas por uma baixa avaliação da criatividade de seus membros, filhos de uma geração que se arrebanhou em currais eleitorais, mitificando políticos medíocres que concentram as verbas governamentais em mãos da corrupção legislativa da qual é paradigma o desgoverno do Planalto sob a égide do “Bolso”.
Um país sem literatura, sabemos ou deveríamos saber, é um país sem referências de comportamento de sua população. Essa população não possui meios de se auto confirmar em seus procedimentos, costumes e hábitos. Por que esse tipo de cultura sem literatura acontece no Brasil??? Arrisco uma resposta: os brasileiros se acham tão espertos em expectar seus, e suas, tradicionais personagens de novelas, que não se importam minimamente em fazer uma autocrítica daqueles comportamentos novelescos que, por empatia, reproduzem em suas realidades cotidianas:
Moças, mães, pais, parentes, famílias, rapazes, o conveniente garçom do bar, os atendentes de restaurantes, padres, pastores, vereadores, deputados, senadores, todos parecem satisfeitos ao ser governados pelos mesmos modelos de fancaria e deterioração cultural, herança da cultura de Senzala. Cultura esta que, ao se “libertar” da escravização pelos senhores da Casa Branca, da Casa Grande e seus latifúndios rurais, migraram para as favelas urbanas onde têm grandes oportunidades de emprego pelos senhores da Casa Branca ou Grande do tráfico armado pelas polícias e políticas de alguns membros das FFAA.
Numa cultura com essa irresponsabilidade na formação de uma mentalidade nacional que possa se ver e avaliar-se, através de personagens literários, criação de novos autores, como poderia prosperar uma cultura que não fosse do carnaval, da MPB das cantorias sertanejas de eternos apaixonados por xerecas bucólicas, rústicas, campesinas???
Para onde vai nos conduzir a cultura de cervejarias, dos canecões de papos de bar, dos blocos de rua, do bumba-meu-boi, das fogueiras gays de São João??? Certamente em direção à continuidade da subordinação aos costumes, hábitos, comportamentos e formalidades políticas de uma civilização sempre subdesenvolvida ao agrado dos senhores da Casa Branca!!! À disposição, os "buracos de vermes" da Senzala ao gosto luxurioso dos senhores da Casa Grande. Ô Brasil!!! Muda Brasil!!!