CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS: A ESCRITA FEMININA QUE DOCUMENTA E PROPÕE A REFLEXÃO SOBRE A VIOLÊNCIA DO PROCESSO COLONIAL EM MOÇAMBIQUE

POR MARÍLIA PEREIRA DA CRUZ

INTRODUÇÃO

O objetivo do trabalho é apresentar a reflexão sobre a violência causada no continente africano pelo colonialismo português a partir da análise da escrita feminina de Isabela Figueiredo no livro Caderno de Memórias Coloniais.

O sistema colonial capitalista foi um projeto que utilizou a violência e o racismo para pilhar a África e desumanizar o povo africano com o artifício de que estava “em uma missão civilizadora”.

É importante dizer que desde o início da colonização houve resistência e guerras, as quais foram intensificadas com a queda do Estado Novo em Portugal. O qual não tinha meios orçamentários para continuar a guerrear. Em 1975 a FRELIMO proclama a independência de Moçambique (acordos de Lusaka assinado entre a FRELIMO e o governo português em 7 de setembro de 1974) em e os colonos portugueses iniciam uma fuga para Portugal, esses colonos ficam conhecidos como “os retornados”.

Isabela Figueiredo fez parte desse grupo de “retornados”, porém com outra perspectiva, ao contrário dos demais que pensavam em África como seu “reinado” onde possuíam bens, ela registra a violência e o racismo que os moçambicanos foram submetidos pelo colonialismo.

Um livro de memórias que expõe o próprio pai e seus atos violentos e racistas contra os “pretos”. Uma escrita feminina eloquente que consegue de forma crítica transitar entre passado e presente como escreve Paulina Chiziane no prefácio do Caderno de Memórias Coloniais:

"Isabela Figueiredo, branca, filha de colono racista, tem os mesmos sentimentos que eu, negra, filha de colonizado racista. Ambas reconhecemos que a humanidade atravessa as fronteiras de uma raça. Pretos e brancos, somos todos humanos, e nada mais. Colonos e colonizados tivemos um encontro histórico que hoje estamos a analisar [...]" (FIGUEIREDO, 2020, p.13).

CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS: A ESCRITA FEMININA QUE

DOCUMENTA E PROPÕE A REFLEXÃO SOBRE A VIOLÊNCIA DO

PROCESSO COLONIAL EM MOÇAMBIQUE

O projeto colonial

O colonialismo foi um projeto econômico capitalista europeu que possuía o desejo de se apropriar, destruir pessoas, saberes e história. Ele impôs a assimilação cultural, social e política, justificando seus atos insanos com a fantasia de que tinha como objetivo construir uma nova sociedade para os colonizados.

A Conferência de Berlim configurou na partilha da África pelas potências imperialistas capitalistas, as quais utilizaram como meio de dominação o racismo, propagando a ideia de que os africanos eram pessoas inferiores culturalmente, negando-lhe sua humanidade e desqualificando-os como sujeito.

Esses mecanismos simbólicos da exclusão de África e dos afrodescendentes têm suas raízes no pensamento cultural do europeu que construiu uma imagem dos africanos como diferentes e exóticos, como nos diz Chinua Achebe:

"Esse problema de imagem não tem origem na ignorância, como às vezes somos levados a pensar [...] foi, grosso modo, uma invenção deliberada, concebida para facilitar dois gigantes eventos históricos: O tráfico transatlântico de escravos e a colonização da África pela Europa" (ACHEBE, 2012, p, 83).

A Europa determinou suas tradições culturais como superiores, avançadas e “civilizadas”, impondo aos outros territórios seus conceitos. Dessa forma, as sociedades menos desenvolvidas economicamente foram ocupadas e destruídas pela Europa capitalista, a qual criou ideologias e práticas violentas que propagavam uma verdade “única” e demonizavam o continente africano. Uma dessas ideologias criadas como arma de dominação por estes capitalistas foi apontada por Walter Rodney que diz:

"[...] O capitalismo criou também as suas nacionalidades específicas, o racismo branco, ou seja, a que dispuser de menor capacidade econômica é afetada nefastamente – e aumenta-se o fosso entre as duas sociedades em presença com as mais danosas consequências" (RODNEY, 1975, p. 22).

O colonialismo português foi um dos mais violentos e o que mais perdurou. Criou leis que desumanizava os africanos como o estatuto do Indigenato, o qual foi criado com o objetivo de converter o “indígena” num assimilado. O colonizado deveria dar provas de bom domínio da língua portuguesa falada e escrita, ser cristãos praticantes e não incorrer em práticas e cultos “primitivos”, ter um emprego remunerado, ter renda e dar provas de modos “civilizados”, tais como calçar sapatos e comer à mesa com talheres. Uma pilhagem de culturas e apagamento de tradições impostas pelo colonialismo. Como diz Frantz Fanon:

"Para isso, é preciso destruir os seus sistemas de referência. A expropriação, o despojamento, a razia, o assassínio objetivo, desdobram-se numa pilhagem dos esquemas culturais ou, pelo menos, condicionam essa pilhagem. O panorama social é desestruturado, os valores ridicularizados, esmagados, esvaziados" (FANON, 1956, p. 37).

Nesse contexto, a assimilação foi um meio para poucos africanos escaparem do trabalho forçado ou acessarem alguns privilégios disponíveis apenas aos brancos. A assimilação foi um artifício para Portugal dizer que governava a uma só nação, Portugal e suas colônias, como um só povo com os mesmos privilégios e com igualdade. Uma “fantasia Lusitânia” que buscava ocultar ou amenizar a verdade do que se ocorria nas colônias portuguesas. Porém, o colonialismo representou uma violência física, moral e mental para os povos do continente africano, os quais ainda procuram recuperar-se.

A guerra de libertação em Moçambique

Os movimentos de libertação e guerras contra o sistema colonial no continente africano se intensificam com o objetivo de reestruturar os sistemas de referências, os quais buscam revisitar o passado propondo uma nova identidade, uma nova nação que represente o povo. Segundo José Luís Cabaço:

“Em África, o Nativismo percorre caminhos diferentes. Ele antecede não só a independência política, mas o próprio projeto da independência. Ele não parte da apropriação da Natureza, mas do resgate da própria dignidade” (CABAÇO).

É neste mesmo período que Moçambique busca sua emancipação política através da luta armada com guerras violentas e conflitos que buscavam pôr um fim ao sistema colonial português tendo como liderança a FRELIMO.

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) tinha como objetivo a construção de uma nova identidade nacional contra a segregação de classe, gênero, pelo direito do povo moçambicano “ser”, pela diversidade das etnias e contra o racismo.

Em setembro de 1974, com a assinatura dos “acordos de Lusaka”, a guerra que durou dez anos acabou. Foi estabelecido que Moçambique teria um governo provisório composto por um representante da FRELIMO e do governo português até sua independência em 25 de junho de 1975, período que Moçambique tornou-se oficialmente independente.

E as mulheres?

As mulheres na guerra de libertação foram colocadas a margem da história, não há registros da participação nem atuação delas nos conflitos. Elas sofreram um duplo e mais difícil combate, além de resistirem ao colonizador português, atuaram na guerra civil e lutaram também contra o esquecimento e a injustiça que lhes cerca mais do que aos homens. Mulheres que foram recrutadas para o trabalho forçado, para prover alimentos para guerrilheiros, mulheres que foram inseridas na guerra por rapto para serem usadas como prostitutas.

Não se diz nada sobre o envolvimento das mulheres nas guerras, omitem seus talentos e habilidades para superar as dificuldades e as barreiras sexistas que lhes eram impostas. Mas é importante dizer que elas se tornaram enfermeiras, médicas, chefes de hospitais, comissárias políticas, professoras, jornalistas, engenheiras, motoristas, militares de diversas patentes. Como aponta Henda Ducados:

"Uma das razões porque o movimento feminino fracassou em formar uma plataforma comum tem origem no fato de que a guerra não teve o mesmo significado para todas as mulheres. As mulheres usaram uma variedade de maneiras para sobreviver. E a realidade social das mulheres pobres, seja em áreas rurais ou urbanas, difere grandemente da realidade de mulheres mais privilegiadas. Um número maior de mulheres pobres perdeu seus maridos e filhos na guerra, ou foram deslocadas para campos refugiados. Para essas mulheres resta pouca esperança de melhoria imediata de suas condições de vida, considerando seu baixo nível de educação e o fato de que, politicamente, pouco se faz para lidar com as suas necessidades especiais" (DUCADOS, 2004, p. 59).

Caderno de memórias colônias

O livro caderno de memórias coloniais da escritora Isabela Figueiredo documenta a violência do colonialismo português em Moçambique, uma mulher filha de colono que expõe em sua escrita o racismo e à barbárie do homem colonial, seu pai, o qual representa uma estrutura maior, o sistema colonial. Uma escrita crítica que denuncia e dar voz às mulheres que não puderam contar suas próprias histórias. Um caderno de memórias coloniais de uma “retornada” que revisita o passado em busca de respostas para a violência que presenciou quando ainda criança e que busca uma “construção subjetiva de sua identidade” como diz Maria Odila Leite:

"Os estudos feministas propõem uma redefinição dos processos de subjetividade, uma crítica ao conceito de identidade, assim como ao conceito da própria racionalidade no mundo contemporâneo, que se volta para o passado a fim de se reencontrar, devidamente relativizada, no presente" (DIAS, 1994, p. 2)

Isabela Figueiredo nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo), em Moçambique, filha de portugueses, e presenciou desde sua infância o tratamento reservado aos africanos. Percebia o racismo no cotidiano, dentro de sua casa na relação de seu pai com os empregados, na escola com os privilégios a ela dada por ser branca, nos espaços da cidade como em restaurantes, cinemas, ônibus, entre outros. Ela observa e descreve a violência voltada para as mulheres e principalmente para as mulheres negras moçambicanas, propondo uma reflexão do lugar determinado para essas mulheres.

"As brancas eram mulheres sérias. Que ameaça constituía para elas uma negra? Que diferença havia entre uma negra e uma coelha? Que branco perfilhava filhos a uma negra? Como é que uma negra descalça, de teta pendurada, vinda do caniço a saber dizer, sim patrão, certo, patrão, dinheiro patrão, sem bilhete de identidade, sem caderneta de assimilada, poderia provar que o patrão era o pai da criança? Que preta é que queria levar porrada? Quantos mulatos conheciam o pai?" (FIGUEIREDO, 2020, p. 35)

É possível observar a violência que as mulheres negras moçambicanas estavam submetidas através do relato feito pela escritora. Elas eram comparadas a animais sem humanidade e sem direitos. Mulheres que eram obrigadas ou condicionadas a servir seus corpos aos colonos como objeto sexual, as quais foram submetidas a violências físicas e psicológicas, e seus filhos gerados desses relacionamentos foram considerados inexistentes, mulheres “sem histórias, sem nomes”, visíveis apenas para exploração.

Os homens negros moçambicanos não podiam de nenhuma forma se envolver com uma mulher colona, mesmo os assimilados sabiam que jamais poderiam ultrapassar este limite. O homem negro servia para o trabalho, para a exploração e uma “mulher branca, assumir união com um negro, implicava proscrição social. Um homem negro, por muito civilizado que fosse, nunca seria suficientemente civilizado” (FIGUEIREDO, 2020, p.35). É possível afirmar que:

"Assim, funcionários europeus, cientistas, comerciantes, missionários e viajantes aventureiros produziram farta literatura de viagem, na qual as populações africanas eram frequentemente descritas como supersticiosas, preguiçosas e menos apta, contribuindo de modo significativo para que a ideia de inferioridade da raça negra recrudescesse e se popularizasse" (MAGALHÃES, 2016)

Os europeus se autodeclararam civilizados impondo a classificação da raça negra como o mais baixo da evolução humana e se auto atribuíram o dever de civilizar outros povos. Isabela Figueiredo registra este conceito quando escreve:

"Um branco e um preto não eram apenas de raças diferentes. A distância entre brancos e pretos era equivalente à que existe entre diferentes espécies. Eles eram pretos, animais. Nós éramos brancos, pessoas, serem racionais. Eles trabalhavam para o presente, para a aguardente-de-cana do “dia-de-hoje”; nós, para poder pagar a melhor urna, a melhor cerimônia no dia do nosso funeral" (FIGUEIREDO, 2020, p.59).

Os defensores do colonialismo produziram este conceito e propagaram por toda Europa, eles construíram uma visão estereotipada do continente africano para poder explorá-la economicamente de todas as formas possíveis. Uma África inventada por eles e para eles.

"O resultado da apropriação política, econômica e científica do continente pela máquina colonial moderna, de que Moçambique é exemplo, assentou na negação do reconhecimento da diversidade que o conceito “África” esconde e olvida. A “nova” África, em finais do século XIX, inícios do século XX, resultou do imaginário europeu colonial, que construiu o africano enquanto súbdito indígena situado eternamente num plano temporal anterior aos alcances do conhecimento da Europa civilizada" (MENEZES, 2018, p. 12)

Isabela Figueiredo documenta de forma precisa sua experiência como colona, não como defensora do colonialismo, mas como alguém de dentro desse sistema que se atreve a expor uma reflexão sobre a violência e destruição que ele causou em Moçambique. Não compactuando com o sistema colonial, embora também tenha sido beneficiada por ele, mas alguém que o questiona e que entende o poder masculino por trás dessa estrutura. O patriarcado inserido que afeta a homens e mulheres considerados subalternos, o qual desperta também nas mulheres “a síndrome do pequeno poder” (SAFFIOTI, 2015, p. 78), sendo elas também vítimas e, por vezes, vilãs desse sistema patriarcal.

"[...] Podia perfeita e impunemente bater-lhe. Era mulata. E a rapariga comeu e continuou em pé, sem se mexer, com a mão na cara, sem nada a dizer, fitando-me com um estranho olhar magoado, sem um gesto de retaliação. Disse-lhe, já levaste, e depois afastei-me para o fundo do pátio, absolutamente da infâmia que tinha cometido, esse exercício de poder que não compreendia, e com que não concordava. Não por ser uma bofetada, mas porque tinha sido à Marília. A Marília era um alvo fraco. Nada podia contra mim. Queixasse-se, e depois?! Eu era branca. Quem poderia cantar vitória logo à partida?" (FIGUEIREDO, 2020, p. 78)

A ação de maltratar outra criança do seu próprio gênero considerada inferior, causa na escritora uma angústia que a faz memorizar o ato, se coloca no lugar de réu questionando suas próprias ações como lembrete de o não repetir. Esse registro a faz “historicizar os próprios conceitos” como diz Maria Odila Leite da Silva Dias:

"Trata-se de historicizar os próprios conceitos com que se tem de trabalhar, tais como reprodução, família, público, particular, cidadania e sociabilidades, a fim de transcender definições estáticas e valores culturais herdados como inerentes a uma natureza feminina" (DIAS, 1993, p. 375)

O livro Caderno de Memórias coloniais também apresenta o contexto de guerra em Moçambique, ele registra a participação de moçambicanos que lutavam defendendo o sistema colonial e como eles foram utilizados na guerra para poupar os soldados portugueses.

"Esses, faziam-nos comandos, para irem à frente e morrerem primeiro; assim se poupava um branco. Que os pretos morressem na guerra era mal menor [...] A vida de um preto valia o preço da sua utilidade. A vida de um branco valia muito mais, mesmo que não valesse grande coisa" (FIGUEIREDO, 2020, p. 86, 88)

A guerra passa a ser parte do relato feito por Isabela Figueiredo, ela historiciza os acontecimentos de forma pontual citando no livro os processos de independência de Moçambique pela FRELIMO e problematizando o 7 de setembro de 1974, ironiza o desejo dos portugueses que viviam em Moçambique quando relata que “percebi que os colonos desejavam a independência, mas sob o poder do branco, além de zombar das falas dos retornados que diziam “deixei o meu coração em África” e ela o traduz como “deixei lá tudo, e tinha uma vida tão boa” (FIGUEIREDO, 2020, p. 97).

É importante pensar como a guerra de libertação decorre do fato que ela constitui a reivindicação, tanto da terra quanto da identidade pelo colonizado. O êxito ocorre a partir do movimento de grupos sociais considerados subalternos que causam a transformação de baixo para cima como diz Frantz Fanon:

"A extraordinária importância de tal transformação é ser ela querida, reclamada, exigida. À necessidade da transformação existe em estado bruto, impetuoso e coativo, na consciência e na vida dos homens e mulheres colonizados. Mas a eventualidade dessa mudança é igualmente vivida sob a forma de um futuro terrificante na consciência de uma “outra espécie” de homens e mulheres: colonos" (FANON, 1968, p. 26)

A transformação que a vida dos colonos teve, é outro tema recorrente no livro Caderno de Memórias Coloniais, a escritora expõe o pensamento eurocêntrico de dominação dos colonos quando eles a aconselhavam o que dizer quando chegasse em Portugal, o que ela não fez.

“Diz que eles hão de matar-se uns aos outros. Que não querem trabalhar e morrerão de fome. Que África sem brancos está condenada. Vão chorar e clamar tanto por nós” (FIGUEIREDO, 2020, p. 128).

Mesmo com a guerra de independência de Moçambique e toda a violência que foi causada nos 10 anos de luta armada e consequentemente com a independência alcançada, os mesmos conceitos ainda eram proclamados e reafirmados. Os colonizadores portugueses ainda se viam como salvadores do povo africano moçambicano e perpetuavam os estereótipos criados para dominar. Muitos deles que voltaram para Portugal, queimaram suas propriedades antes de partir, como se fosse seu último ato de destruição.

A escrita feminina de Isabela Figueiredo documenta um período importante da história de Moçambique, ela faz uma viagem no tempo registrando a violência causada pelo colonialismo de uma forma pessoal, porém, crítica e eloquente. Uma escrita feminina de uma filha de colono que mesmo tendo afeto pelo seu pai, expõe seus atos racistas violentos não omitindo os fatos que ali ocorreram, como ela mesma diz “e que o traí para que pudéssemos levantar a cabeça” (FIGUEIREDO, 2020, p. 146), uma escrita de reparação que de alguma medida a conduz a fazer as pazes com seu passado. O livro Caderno de Memórias Coloniais se faz necessário para se entender o presente a partir do passado como diz Maria Odila Leite da Silva Dias:

"O ofício da história é necessariamente o diálogo da nossa contemporaneidade com o passado, de que gostaríamos de nos libertar ou pelo menos de ver à distância, com os olhos iluminados pelas possibilidades do nosso vir a ser no futuro" (DIAS, 1994, p. 378)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência do sistema colonial português em Moçambique teve como projeto econômico sucatear a África e desumanizar o povo africano. Utilizou a violência para se apropriar, destruir pessoas, saberes e história. Impondo a assimilação cultural, social e política, justificando seus atos com a “missão de civilizar”.

A escrita de Isabela Figueiredo registra de forma eloquente a violência do colonialismo em Moçambique por ela presenciada. Ela relata no Caderno de Memórias Coloniais o racismo no cotidiano, dentro de sua casa na relação de seu pai com os empregados, na escola e em outros espaços.

Propõe uma reflexão sobre o papel da escrita feminina como registro histórico que busca encontrar no passado e em suas memórias respostas para o presente. Uma hermenêutica das diferenças.

REFERÊNCIAS

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