O MAR É DE TODOS
FATOS MARCANTES DA HISTÓRIA DO MAR NA BAHIA. CONTADAS POR HISTORIADORES BAHIANOS DO NOSSO PASSADO.
A França e a Inglaterra não considerava como justo titulo de domínio a pastilha que Papa Alexandre VI, (n.1431 m.1503) por Bula, fizera do Novo Mundo. O direito marítimo internacional ainda não havia formulado suas leis, o mar era um vasto campo de pirataria onde o direito da força imperava sem escrúpulos.
O espírito aventureiro dos marinheiros da época Colonial, encontrando apoio nos respectivos governos que não tinham escrúpulos e mantinham acordo, associar-se nas empresas piratas de seus súbditos, ensaiou suas investidas contra o Brasil, cuja conquista fácil parecera pelo abandono da Metrópole, toda entregue as opulências da Índia, deixava sua vasta colônia.
O comércio do pau-brasil despertou cobiça dos navegadores das nações rivais de Portugal logo após o descobrimento da grande colônia, e fácil o fora desde quando a poderosa Metrópole, por várias causas, se acreditava do valor da nova conquista como um litoral vastíssimo e desprovido de aparelhos de defesa.
Os resultados dos descobrimentos da América foram importantíssimo para o comércio da Índia com a Europa. As rotas do comércio, deslocadas do Mediterrâneo ao Oceano, vão enriquecer os povos e destronar Veneza, Genova e Marcella.
Até então, o mundo reduzido á Europa e uma parte da África e á Àsia, viviam desde os séculos passados com a mesma visão. À descoberta geográfica, revelaram novas civilizações, produtos, fenômenos novos, estendiam o campo de sua atividade intelectual e comercial.
A exploração tenaz do pau-brasil que constituía a anilina dos séculos remotos levaram ao comércio clandestino a vários países a pirataria e invasão á vista de Portugal.
Nas mãos dos indígenas recebiam os piratas por escambo, o pau-brasil, os papagaios e macacos como outras especiarias do país e quase sempre pedaços de ouro que as enxurradas deixavam á flor da terra. No ano de 1500, assinala um fato notável na Costa dos domínios portugueses, Diogo Alvares, lança as bases da povoação que o havia de prender a terra. E assim, cresceu o novo território português.
De todos os corsários os mais temíveis foram os do porto de Honfleur e Dieppe, como também o célebre João Ango – rico armador de Dieppe, bloqueou Lisboa com uma grande armada. Morreu em 1551, chamado de Visconde de Dieppe. D. Manoel, Rei de Portugal, se viu na contigência de transigir e negociar. As piratarias nos mares, apesar das medidas repressivas não cessou nunca. Nos séculos 16, 17 e 18, foram eles os Países representativos França, Inglaterra e Holanda. Dos navios corsários, a Fragata “La Preneuse”, comandada por Mr. Larcher, era a mais temível, tendo estado aqui na Bahia em 1797, quando espalharam os seus oficiais panfletos de ideais liberais, deram origem a insurreições, uma delas, a principal dos Alfaiates, em 1798. ( vide os Confederados do Partido da Liberdade e Primórdio das Sociedades Secretas da Bahia.)
Em 21 de novembro de 1797 a “La Preneuse” prendeu, caçou no mar o navio Santo Antonio de Polifemo do comércio da Índia, confiscando toda carga e o comandante preso Capitão-Ten. Manoel do Nascimento da Costa. Os corsários franceses tinham por base as ilhas Mauricias.
Fonte extraído do livro Novos Documentos para a História Colonial – autor: Francisco Borges de Barros. Impr. Of. Do Estado da Bahia – 1931.
Transcrito por: Álvaro Bento Marques