VIDA LITERÁRIA NO BRASIL

VIDA LITERÁRIA NO BRASIL

Em se tratando de tradição literária, o nosso país ainda é uma criança. Um tanto mais se encararmos o Quinhentismo, Arcadismo e Barroco como meros derivados da literatura feita em Portugal. Podemos dizer que as obras literárias ganharam caráter nacional com o Romantismo, através de suas manifestações nacionalistas? Ou com o Modernismo? E o que dizer do movimento antropofágico? Não era uma “alimentação” da cultura europeia? Quanto ao processo editorial do Brasil, pelo que sei, Monteiro Lobato foi o primeiro a fundar uma editora no nosso país, a Monteiro Lobato & Cia, depois chamada de Companhia Editora Nacional. Não temos nem 100 anos da fundação desta.

Trago esses dados para que os escritores neófitos não se desanimem achando que as suas obras não têm valor por não venderem aos montes. Afinal, estamos num país que ainda não aprendeu a ler. Ler vai além da decodificação das letras. São poucos os que conseguem vender mais de mil exemplares duma obra. Essa situação já era vista desde o início do século XX e reparem que nesse período não havia as tantas distrações como as que a contemporaneidade oferece. Tudo bem, o acesso era mais difícil. E hoje, com tantas formas de divulgação, nada parece ser suficiente. Alguns caem na ilusão de que tendo muitos “amigos” nas redes sociais, por conhecer muita gente, vão obter êxito em vendas. Se edita a sua obra à própria custa, encontra depois inúmeras dificuldades para colocá-los nas vitrines. Quem dará espaço a alguém que ainda não tem o nome impresso nas mídias? Quem é esse que agora aparece em letra de fôrma? É melhor fazer uma tiragem diminuta, de 200 a 400 exemplares (provavelmente 30 por cento será distribuído pelos amigos e filantes).

Você escuta os incentivos: Augustos dos Anjos, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Dalton Trevisan, todos esses pagaram as primeiras edições de seus próprios livros. Mas, no geral, aqueles que acompanharam você no processo de publicação estavam apenas testando até onde chegariam os seus passos. Estes, não comprarão o seu livro. Resta a esperança de que o seu escrito seja lido por leitores inteligentes. Amigos e família são, geralmente, os que menos acreditam e entendem o seu talento; siga em frente.

Dicas: não tenha pressa. Eu tive. Jovens são ávidos. A avidez pode ser uma virtude, se bem trabalhada. Publiquei meu primeiro livro aos 18 anos. Poemas. Não me arrependo, foi bom. Entretanto, não publicaria nenhum dos versos desse livro com as perspectivas que adquiri desde então. Vá escrevendo, deixando os textos se distanciarem. Quando escrevemos, achamos o recém-chegado o máximo, porque estamos sob o efeito da euforia. Há um apego. Com o tempo, vemos as falhas. Calma. Escreva muito para si mesmo. Não relaxe na gramática e aprenda-a para subvertê-la. E claro: leia, leia muito, nunca é demais. Quem se imprime antes da hora, se deprime.

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 05/07/2021
Código do texto: T7292972
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