Guerra da Libertação 1948

Declaração da Independência

O Superintendente Angelical (Gênesis 3.14), o mesmo que Querubim Ungido, falhou, o Superintendente Humano (Gênesis 3.17), o mesmo que Adão, falhou e a nação judaica falhou em sua função de ser uma bênção para todas as nações.

De Moisés, em 1.441 a.C., a Josué, em 1.360 a.C., o povo israelita peregrinou para entrar na Terra Prometida, o mesmo que Canaã, a atual Palestina; o período dos juízes foi de 1.360 a.C. a 1.045 a.C., e em muitos anos desse período o povo esteve sob o jugo de potências da época; no Reino Unido, que foi de 1.025 a.C. a 936 a.C., a nação israelita gozou independência; em 936 a.C. o país foi dividido em duas nações, sendo que, posteriormente, o Reino do Norte foi enviado para o cativeiro na Assíria, em 722 a.C., e o Reino do Sul foi transportado para Babilônia, em três etapas, sendo a primeira em 605 a.C.

O povo judeu retornou do cativeiro em 539 a.C., por ordens de Ciro, imperador persa. Na condição de colônia do Império Babilônio, Persa e Grego, permaneceu até o ano de 167 a.C., durante o Período Macabeu, quando as tropas gregas do Império Selêucida foram derrotadas por revolucionários comandados pelo rabino Matatias, da região de Modim. Os Macabeus permaneceram no poder até o ano 63 a.C., quando as legiões romanas do general Cneu Pompeu tornaram a nação judaica colônia do Império Romano.

No ano 66 da Era Cristã estourou a Guerra Judaica-Romana, e no ano 70 a nação judaica deixou de existir, arrasada pelas legiões do general Tito Vespasiano. Tentou ainda resistir nos levantes de 73 e 135, quando, finalmente, os judeus foram espalhados por entre as nações.

Em um longo período de sua existência, o povo judeu, por violar o pacto que o Criador havia firmado com Abraão, Isaac e Jacó, sobreviveu submisso ao domínio de potências estrangeiras. A partir do ano 70 da Era Cristã, esse povo viveu espalhado entre as nações, até que, em 1947, com a Partilha da Palestina, regressou para reconstruir a pátria de seus antepassados, depois de 1.870 anos dispersos entre as nações.

Ao longo de vários anos de luta para retornar a Sião, ou Jerusalém, finalmente, no dia 29 de novembro de 1947, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu-se para votar a Resolução 242 da Partilha da Palestina. Cerca de 56 nações participaram da votação história, mas, tornava-se necessário a maioria de dois terços dos votos para sua criação. Foram 33 votos a favor, 13 votos contra e 10 abstenções. Finalmente, a decisão da criação do Estado de Israel e do Estado da Palestina estava devidamente aprovada.

Terminada a Primeira Guerra Mundial, com a derrota do Império Otomano, as nações Aliadas entregaram o território da Palestina ao controle do Império Britânico. Mas, com a aprovação da Partilha da Palestina, que ocorreu três décadas depois, a Inglaterra precisava retirar seus cem mil soldados, para que, no dia 14 de maio de 1948, o povo judeu e o palestino pudessem declarar a criação de suas nações. As Nações Unidas entenderam que o território da Palestina devia ser dividido em dois Estados, um judeu e um palestino.

O número de refugiados judeus euro-asiáticos que povoavam Canaã, no início da Primeira Guerra Mundial, era de aproximadamente 90 mil colonos concentradas em moshavim e kibutzim situados na região oeste e noroeste, e uma população urbana nas cidades de Safede, parte velha de Jerusalém e Tel-Aviv, esta, uma cidade fundada por imigrantes judeus europeus.

Segundo registros históricos, o território da Palestina, ocupado por imigrantes judeus e povos árabes, encontrava-se sob a soberania do Império Otomano, sendo posteriormente administrado pelo Império Britânico, após o término da Primeira Guerra Mundial. Portanto, nesse período, não havia nenhum Estado Palestino ou Estado Judeu funcionando na região. O último Estado que existiu na região de Canaã foi o Estado de Israel, antes de ser destruído pelas legiões romanas de Tito Vespasiano.

A faixa de terras a ser ocupada pelo Estado de Israel, conforme a Partilha da Palestina, era habitada por uma maioria judaica de 650 mil pessoas, e a área destinada ao Estado da Palestina possuía mais de 1 milhão e 200 mil povos árabes-palestinos.

Segundo estimativas das Nações Unidas, o território reservado para ser ocupado pelo Estado Judeu tinha população de 538 mil judeus e 397 mil árabes-palestinos, cristãos, beduínos, drusos e outros povos.

A região judaica apresentava áreas pantanosas e o deserto inabitável e não-cultivável do Neguev, ao sul. A região de Jerusalém, apesar de maioria populacional de 100 mil judeus, ficou como área sob controle internacional. Apesar de Jerusalém, Safede e Tel-Aviv se situarem em áreas não-contíguas, com probabilidades de serem facilmente isoladas por forças adversárias, a liderança judaica acatou a decisão das Nações Unidas, e tratou de estabelecer o Estado Judeu.

Tentando controlar o estado de ânimo de imigrantes judeus e povos árabes palestinos que habitavam a Palestina, o Império Britânico nomeou Haj Amin al-Husseini no cargo de Mufti de Jerusalém, como líder espiritual político de seu povo. Contudo, após a decisão tomada pela partilha da região, o mufti Haj Amin passou a trabalhar em prol de uma Palestina totalmente árabe. O mufti era uma espécie de prefeito.

Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o árabe-palestino Haj Amin assentou residência na Alemanha, tornou-se “aliado próximo e conselheiro” de Adolf Hitler, e devido a essa aproximação, em 1940, desejou receber apoio da liderança do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) para uma solução definitiva aos refugiados judeus. Em 1943, chegou a tratar com insistência junto a Hitler para aplicar a esses judeus a Solução Final que o Nazismo deu a judeus de nações europeias ocupadas.

O mufti descartou a partilha de Canaã para a criação do Estado Judeu e do Estado Palestino, alegando que a solução correta seria a expulsão dos refugiados judeus ou a transferência de um pequeno número deles para um país muçulmano, onde vivessem sujeitos ao sistema dhimmis, uma espécie de apartheid islâmico.

Segundo os princípios desse modelo de exclusão, de judeus e cristãos, em alguns governos muçulmanos esses excluídos podiam existir sem aderir ao Corão, mas, tinham que pagar um imposto especial anual.

Devido a uma aliança com o Nazismo, Heinrich Himmler, comandante da polícia secreta SS, deu apoio financeiro e logístico a Haj Amin para alimentar ações terroristas antissemitas na Palestina durante o Mandato Britânico. Adolf Eichmann manteve contatos e visitou o mufti na Palestina. Na condição de consultor de Hitler, na questão palestina, o mufti foi levado por Himmler a visitar o campo de concentração de Auschwitz. A posição de Haj Amin era também a mesma de Abd al-Ahlman Azzah Pasha, secretário-geral da Liga Árabe, que pediu o extermínio da população judaica existente na Palestina: “Esta será uma guerra de extermínio e de massacres monumentais, da qual se falará como dos massacres mongóis e das cruzadas”.

Após a partilha da região, a tensão tornou-se bem elevada com a recusa de povos árabes e árabes-palestinos de estabelecer um Estado Palestino e um Estado Judeu em Canaã. As nações árabes uniram-se e anunciaram que, se os sionistas ousassem proclamar o Estado Judeu, o mesmo seria invadido no mesmo dia. O período de tempo que foi da decisão das Nações Unidas pela Partilha da Palestina até o dia em que os judeus efetuaram a Declaração da Independência, passou-se seis meses de uma enorme tensão emocional na região.

Apesar de nações árabes ameaçarem uma invasão iminente, obedecendo rigorosamente ao cronograma estabelecido pelas Nações Unidas, no dia 14 de maio de 1948, David Ben Gurion, aquele que viria ser seu primeiro-ministro, no Museu de Artes de Tel-Aviv, leu a Declaração do Estado de Israel:

“A Terra de Israel foi o berço do povo judeu, onde se formou sua identidade nacional, espiritual e religiosa; onde o povo conquistou a independência e criou uma cultura de significação nacional e universal; onde o povo judeu escreveu e transmitiu a Bíblia para o mundo.

Exilado na Terra de Israel, o povo judeu permaneceu fiel a ela em todos os países por onde se dispersou, não deixando nunca de orar e ter esperança no registro e na restauração de sua liberdade nacional.

Impelidos por essa associação histórica, os judeus sempre procuraram, através dos séculos, voltar à terra de seus antepassados e reconquistar seu direito à nacionalidade. Recuperaram o deserto, ressuscitaram a língua, construíram cidades e aldeias e estabeleceram uma comunidade com vida cultural e econômica próprias. Procuraram a paz, mas se prepararam para se defender.

Proclamamos, pois, o estabelecimento de um Estado judeu na Palestina, que receberá o nome de Estado de Israel.

O Estado de Israel será aberto à imigração de judeus oriundos de todos os países para onde se dispersaram; promoverá o desenvolvimento da terra, para benefício de todos os habitantes; será baseado nos princípios de liberdade, justiça e paz, conforme concebidos pelos profetas de Israel; pugnará pela plena igualdade social e política de todos os seus cidadãos, sem distinção de religião, raça ou sexo; garantirá liberdade de religião, consciência, instrução e cultura; defenderá os lugares sagrados a todas as religiões; e será fiel aos princípios da Ata das Nações Unidas. Consequentemente, nós, membros do Conselho Nacional, representando o Povo Judeu na Palestina e o Movimento Sionista Mundial, estamos reunidos em Solene Assembleia, hoje, dia do término do Mandato Britânico na Palestina; e embora em decorrência do direito natural e histórico do Povo Judeu e da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, por este meio proclamamos o estabelecimento de um Estado Judeu na Palestina, que se chamará Estado de Israel.

Colocando nossa confiança no Misericordioso, nós afixamos nossas assinaturas a esta proclamação nesta sessão do Conselho de Estado, no solo da Terra Natal, na cidade de Tel-Aviv, nesta véspera de Shabbath, em 5 de Iyar de 5708 (14 de maio de 1948). Declaração da Independência do Estado de Israel

14/05/1948”.

Região da Galileia

A Guerra da Libertação irrompeu no dia após à leitura da Declaração da Independência, e a região da Galileia foi palco de muitas batalhas sangrentas. A descrença do Império Britânico nos brios do povo judeu, de formar uma nação, era uma coisa fantástica. Achavam que um bando de pessoas recém-saídas de campos de concentração nazistas não lhes dava a experiência necessária para proclamar, ao mundo, a independência. Os britânicos entendiam que as nações árabes estavam militarmente preparadas e armadas, pela União Soviética, para “varrerem os judeus para o mar”, caso viessem a proclamar a independência. Ameaças e pressões jorravam de todos os lados. E em meio a todo esse cenário de enorme tensão, o povo judeu levantou-se determinado para a criação do Estado Judeu.

Tão logo os navios da Marinha de guerra britânica, na noite do dia 13 de maio de 1948, embarcarem seus cem mil soldados aquartelados em Canaã, e o Alto Comando Britânico deixar Jerusalém, cerca de cinco nações árabes, constituídas pela Síria, Líbano, Egito, Jordânia e Iraque, atravessaram suas fronteiras para exterminar o recém-criado Estado de Israel. Foi uma guerra com duração de seis meses, intermediada por duas tréguas de cessar-fogo, e o armistício foi assinado em maio de 1949.

Essas nações árabes não aceitaram a criação de um Estado Judeu na região, pois, entendiam que a Palestina deveria ser anexada à Síria e à Jordânia. Aos membros da Comissão Peel, uma década antes, Auni Bey Abdil-Hati, um líder palestino, foi enfático: “Não existe tal país... Palestina é um termo que os sionistas inventaram... nosso país foi, durante séculos, parte da Síria.

[OPDDEAE.V2, p.17; EXODUS, p.526].

A Comissão Peel havia reservado ao Estado Judeu a faixa de terra da costa mediterrânea e uma pequena área no lado oeste do Mar da Galileia, mas os árabes-palestinos, na ocasião, se recusaram criar o Estado Palestino, e optaram por dar início a uma intifada que durou três anos de atividades sangrentas.

Ao retirar suas tropas da cidade de Safede, os britânicos entregaram aos árabes a delegacia de polícia, a acrópole e o Forte Taggart sobre o monte Canaã. Os árabes não lutavam durante a noite, por entender que a escuridão lhes causava superstição. A cidade precisava ser tomada, mas os suprimentos e a munição da Haganah, que significa A Defesa, exército judaico durante a ocupação britânica, e Do Palmach, que significa Força de Elite de Combate, começaram a escassear. Para tomar a cidade fizeram uso de um apetrecho de fabricação caseira que arrasou algumas construções inimigas. Ao disparo da arma, a população árabe-palestina saiu em disparada, alarmando que os judeus possuíam “a bomba atômica”. Com a tomada da cidade e da fortificação militar, os combatentes judeus passaram a controlar a região. A Haganah era comandada por Davi Ben Gurion, e foi criada em 1920.

Em um improvisado aeroporto situado em algum lugar da montanhosa região da Galileia, e sinalizado precariamente por lanternas, um obsoleto bombardeiro pilotado por voluntários começou a aterrissar trazendo em seu bojo carregamento de armas modernas para abastecer as tropas sionistas. Após a queda de Safede, os judeus passaram a lançar “sua primeira ofensiva coordenada” por um plano de guerra. A Operação Vassoura de Ferro varreu toda a região em poder de tropas inimigas.

Controlando a elevada posição de Kastel, os judeus garantiram o fluxo de movimentos através o “Corredor de Jerusalém”, até que foram expulsos por Abdul Kadar, comandante árabe que tombou morto, posteriormente, com a retomada dessa posição estratégica.

A primeira Força Aérea judaica foi formada por aviões Spitfires, de fabricação britânica, e seus pilotos haviam ganhado experiência de combate durante a Segunda Guerra Mundial, ao servirem na Força Aérea dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e África do Sul. Sua Marinha de Guerra era composta por algumas corvetas e lanchas-torpedeiras.

Durante os trinta anos do Mandato da Palestina, oficiais britânicos comandavam a Legião Árabe Transjordiana como força policial. Com a Guerra da Libertação, a força policial lançou-se contra colônias agrícolas judaicas.

O general Fawzi al-Qawuqji, comandante do Exército Árabe de Libertação, viveu alguns anos na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, e seus subordinados receberam treinamento nazista para uma guerra de extermínio. Também, Fawzi al-Katab aprendeu o ofício de fabricar bombas num curso ministrado por tropas nazistas SS.

Os exércitos regulares árabes eram armados com tanques, artilharia e força aérea, e dotados com a mais moderna tecnologia da época. Contudo, essas tropas não dispunham de uma boa organização militar para lançar os judeus ao mar. Cada nação havia imposto, às demais, seu próprio comandante-em-chefe, além de desejar anexar a região após a reconquista dos territórios.

Em meio a uma discussão para definir qual a nação árabe a anexar a região, o Egito e o Iraque reclamavam o direito de ampliar seus territórios; a Arábia Saudita, por controlar as cidades de Meca e Medina, exigia o direito de anexar a Palestina; a Jordânia argumentou que a região devia entrar como parte de seu mandato; e a Síria pleiteava fazer da Palestina uma província otomana.

De maneira que o cimento que uniu as nações árabes estava relacionado em anexar Canaã a seus territórios, e não estabelecer um Estado Palestino na região.

A Síria invadiu o Estado Judeu pelo norte. Uma coluna atravessou o Jordão, na altura do Mar da Galileia, com tanques apoiados por aeronaves da Força Aérea. As tropas de Israel, nessa área, eram de pouca monta, mas, para enganar os sírios, usaram a estratégia de diariamente enviar caminhões vazios no percurso do Vale de Huleh. Os veículos tinham a finalidade de induzir o comando sírio de que tropas sionistas estavam sendo constantemente enviadas à região. Então, quando os blindados árabes penetravam até o meio da aldeia, colonos arremessavam coquetéis molotov. Uma segunda coluna síria atravessou o Jordão, na altura de Bethshean, e uma terceira entrou pelo Vale de Huleh.

As tropas libanesas eram formadas, em sua maioria, por combatentes cristãos. Penetraram pela Celesíria e entraram na batalha pelo lado norte, mas, muitos líderes libaneses eram simpatizantes da causa judaica, e entraram na guerra por temer represálias.

Situado na encosta dos Montes Líbanos, o Forte Ester era o último inimigo a ser conquistado na Alta Galileia. Ele havia sido deixado com os árabes, pelas tropas de Sua Majestade britânica, e dali seus canhões bombardeavam kibbutz judaicos instalados na região.

A Operação Purim foi planejada para a tomada desse importante ponto fortificado, e cerca de três colunas de homens da Haganah foram envolvidas na operação. O trecho montanhoso devia ser trilhado ao escurecer, e os combatentes judaicos deviam seguir por trilhas de cabras todo o percurso até a fronteira libanesa, porque haviam três aldeias árabes-palestinas na região. Os portões da instalação militar foram tombados pelo fogo desferido por morteiros, na escuridão da noite, a bandeira illuminati israelense foi hasteada no alto da muralha, e toda a Galileia estava conquistada. A maior parte da Baixa Galileia foi limpa pela Operação Vassoura de Ferro, antes mesmo da invasão das nações árabes.

O Exército do Iraque tentou atravessar o Jordão, na altura de Bethshean, mas foi rechaçado. Então, recuou e penetrou em Canaã pela região de Samaria, onde se encontrava a base principal de combatentes mercenários de Kawukji, um general iraquiano, estabelecido em Nablus. A entrada de tropas árabes na região visava colocar uma cunha nas linhas judaicas para isolar suas ações no eixo Norte-Sul.

No dia 20 de maio de 1948, Moshe Dayan, oficial da Haganah, foi enviado para deter o avanço dos sírios no lado norte. Com a tomada de Zemahc, na madrugada desse dia, além de salvar o Vale do Jordão, bloqueou o avanço sírio em direção a Haifa. Em 11 de julho, com a conquista de Lydda, tropas sionistas estenderam-se pela região e, ao tomar Rosh Haayin, apossaram-se do Rio Yarkon, que banha Tel-Aviv, e assim garantiu-se abastecimento de água potável a Jerusalém sitiada. No dia 4 de agosto, o coronel Moshe Dayan foi designado comandante da área de Jerusalém Nova.

Deserto do Neguev

Durante o Mandato Britânico, os judeus ficaram proibidos de estabelecer kibbutz no Deserto do Neguev, devido restrições impostas pelo Livro Branco de sua Majestade britânica.

Essa região hostil foi palco de muitos combates armados. A partir de bases na Península do Sinai, o numeroso Exército do Egito atravessou a Faixa de Gaza com carros blindados, tanques, artilharia pesada e aviões de combate. Era o mais fino produto de uma tecnologia de ponta, e tinha o objetivo de chegar a Tel-Aviv. Assim, se deslocaram pela antiga Estrada da Costa ou Caminho dos Filisteus (Êxodo 13.17), que liga o Egito ao Líbano. O presidente egípcio, coronel Gamal Abdel Nasser, estava confiado que, no momento em que os judeus tomassem conhecimento que o numeroso e poderoso Exército Egípcio se encontrava em marcha com destino a Tel-Aviv, iriam fugir em debandada.

Cerca de quatro anos antes, quando, por ordens do mufti Haj Amin, “uma unidade de comando árabe-nazista” foi lançada de paraquedas para envenenar poços de águas do entorno de Tel-Aviv, o palestino bradou:

“Levantem-se, ó filhos da Arábia. Lutem pelos seus sagrados direitos. Matem os judeus onde os encontraram. O seu sangue derramado agrada a Alá, à nossa história e religião.”

Mas, as tropas de Nasser foram recebidas a fogo por colonos judeus dos kibbutz instalados ao longo da região litorânea. Isso fez o Estado-maior egípcio parar para reexaminar a situação indesejada, pois, não era um simples desfile militar, como inicialmente se pensava. Havia um preço a ser pago. Vários ataques aéreos egípcios foram efetuados contra alvos na capital judaica. Até esse momento, o Estado de Israel não possuía uma Força Aérea. A imprensa do mundo árabe passou a difundir notícias de que a capital provisória havia sido completamente arrasada pela ação do bombardeio egípcio. Mas, tão logo Israel colocou sua Força Aérea em funcionamento, a maré começou a baixar.

Após a Assembleia das Nações Unidas haver votado a Partilha de Canaã, a Junta Suprema Árabe decretou uma greve geral, e os soldados ingleses, ainda destacados na região, simplesmente, fizeram vistas grossas aos incêndios e saques que se processaram no centro comercial judeu de Jerusalém.

No dia 15 de outubro de 1948, o Exército do Egito foi apanhado de surpresa na Península do Sinai. Enquanto a Força Aérea judaica destruiu as aeronaves estacionadas na Base Aérea de El Arish, a infantaria atacou as linhas de comunicação das tropas egípcias. Em 21, tomou a cidade bíblica de Beersheba, ponto estratégico importante no Neguev. No dia seguinte, a Marinha de Guerra afundou o Emir Farouk, navio capitania da frota egípcia, nas águas do Mediterrâneo que banham a Faixa de Gaza.

Próximo à fronteira encontrava-se a cidade de Auja, localizada em um importante entroncamento rodoviário, na qual havia uma poderosa guarnição egípcia destacada, e apenas um único acesso rodoviário. Graduado em Arqueologia, pela Universidade Hebraica, Yigal Yadin, general Chefe de Operações das Forças Armadas, conhecia uma velha estrada que os romanos haviam construído nessa região desértica. Localizada, e parcialmente reparada, envoltos no manto da escuridão, na noite de 27, blindados judeus usaram o acesso para empreender a conquista dessa posição estratégica no Sinai.

No dia 29, as tropas de Israel atravessaram o Canal de Suez e, no dia 30, preparava-se para tomar a cidade de El Arish, quando chegou um comunicado do comando israelense para evacuar as tropas do território egípcio. É que a Inglaterra exigiu, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a retirada das tropas de Israel, ante a emissão de uma declaração de guerra. No dia 2 de janeiro de 1949, as tropas israelenses retiraram-se do território egípcio.

Deslocando-se para o oeste, as tropas judaicas tomaram todos os pontos estratégicos da Faixa de Gaza. Então, totalmente isolado na região, o Exército Egípcio tornou-se alvo para as tropas israelenses. No dia 6, o governo do Egito se apressou em reatar negociações de armistício, porquanto não queria ter seu exército dizimado. No dia 10 de março, as tropas israelenses chegaram ao Golfo de Ácaba, que distava 8 km a oeste do Porto de Eilat, local onde os egípcios possuíam um posto policial em Umm Rashrash.

Região de Jerusalém

A região de Jerusalém virou um terror após os britânicos entregarem o Mandato da Palestina às Nações Unidas. Com a retirada britânica, tropas da Haganah lançaram-se na tentativa de ocupar posições estratégicas deixadas pelos ingleses, antes que combatentes de Kawukji o fizessem. O Monte Scopus separava a parte velha de Jerusalém, ocupada por maioria árabe, da parte nova, ocupada por judeus.

O alvo da Haganah era ocupar a parte velha da cidade para consolidar o objetivo da missão, mas recearam causar dois graves problemas: primeiro, danificar lugares históricos de milhares de anos; segundo, causar condições tais que permitisse ser explorado pela política internacional contra o recém-criado Estado de Israel. Como a causa era bastante delicada, para o momento, tiveram de recuar no plano de ocupação, apesar de um quarto da população ser de judeus ortodoxos residentes dentro de seus muros.

John Bagot Glubb, general britânico comandante da Legião Árabe, havia acordado com os judeus, que, tão logo o Alto Comando Britânico deixasse Canaã, as tropas jordanianas que comandava atravessariam o Rio Jordão com destino à Jordânia. Mas tudo foi um ledo engano. Ele fez exatamente o contrário, lançando-se imediatamente para ocupar a parte velha de Jerusalém, antes que judeus da Haganah e paramilitares a ocupasse.

Devido ao cerco da cidade milenar pelas tropas da Legião Árabe, os 1.700 judeus que viviam em Jerusalém Velha sofreram com a tremenda escassez de água, medicamentos, energia elétrica, água, alimentos, armas e munições. Encurralada, a população ortodoxa judaica era constituída por um “excesso de anciãos e enfermos, excesso de estudantes de Yeshivot [seminário judaico], incapazes de trabalhar ou de lutar, excesso de místicos de todos os matizes de ortodoxia, que viviam durante semanas orando junto aos túmulos de seus santos.”

No dia 19 de maio de 1948, tropas da Legião Árabe, composta de infantaria, veículos blindados e artilharia, investiram para fazer a ocupação de Jerusalém, defendida por mil e poucos combatentes judeus dotados de munição quase escassa. A estrada que ligava Jerusalém a Tel-Aviv encontrava-se bloqueada por tropas árabes na altura de Latrun, e nenhum veículo inimigo ou pessoa podia passar, e assim colocou a cidade de Jerusalém sitiada.

Com a conquista árabe de Sheik Jarrah, os judeus tiveram cortado o acesso ao Monte Scopus, local onde se encontrava a Universidade Hebraica e o Hospital Hadassah, o mais moderno e bem equipado de todo o Oriente Médio. No dia 20, canhões da Legião Árabe, apesar das intervenções da Cruz Vermelha e da Comissão de Trégua das Nações Unidas, bombardearam essas instalações, e o hospital foi destruído.

Tropas judaicas posicionadas em Jerusalém Velha não tinham mais seus comandantes, e seus defensores dispunham de tão somente 170 balas de metralhadora. Os canhões árabes disparavam de distâncias entre 45 metros e 200 metros. Assim, após as 9 horas da manhã do dia 28, a parte velha da cidade caiu em mãos da Legião Árabe. Um rabino portando uma bandeira branca, em uma das mãos, dirigiu-se ao comandante árabe, major Abdullah el Ted, e às 17h foi assinada a rendição da parte velha da cidade.

Quando chegou a noite, o bairro judeu da cidade foi incendiado, destruindo casas, lojas, hospitais, o cemitério do Monte das Oliveiras, 58 sinagogas e outras instalações judaicas. Apenas uma parede da Sinagoga Hurva restou de pé para testemunhar o crime histórico praticado contra uma relíquia arquitetônica edificada na Idade Média.

A Legião Árabe destruiu várias sinagogas, queimou rolos da Torá e profanou milhares de sepulturas sobre o Monte das Oliveiras.

Tropas árabes que ocuparam Jerusalém velha destruíram “uma vintena de sinagogas”, lugares sagrados e saquearam residências judaicas.

A Sinagoga Hurva (ruína, em hebraico) foi construída por judeus poloneses (em 1701), destruída por muçulmanos (em 1721), reconstruída por judeus lituanos (em 1864), destruída pela Legião Árabe (em 1948), e finalmente reconstruída (em 15 de março de 2010).

Uma das primeiras medidas vingativas do rei da Jordânia, Abdullah ibn Hussein, foi mandar construir uma muralha que separasse Jerusalém Velha de Jerusalém Nova, exatamente, para impedir que os judeus tivessem acesso ao Muro das Lamentações. No dia 29, Jerusalém Velha recebeu a visita de Abudallah, desejoso de anexar essa parte da cidade e da Cisjordânia a seus domínios. No início de julho, de acordo com resoluções das Nações Unidas, ficou acordado com o monarca o direito de os judeus terem acesso livre ao Muro das Lamentações, mas o acordo ficou apenas no papel. O acesso dos judeus ao Muro das Lamentações somente ocorreu duas décadas depois, quando os sionistas conquistaram Jerusalém Velha.

A estrada que ligava Jerusalém ao litoral, conhecida como “Corredor de Jerusalém”, era uma peça estratégica de elevado valor para suprir a população judaica da parte nova da cidade. Apesar dos homens do Palmach ocuparem a maioria dos pontos estratégicos ao longo desse percurso montanhoso, os árabes conseguiam bloquear os suprimentos de armas, munições e alimentos para abastecer a cidade sitiada.

É que os ingleses haviam deixado com os árabes o Forte Taggart de Latrun, uma antiga prisão política que os britânicos haviam erguido numa encruzilhada para controlar o acesso a Jerusalém. Então, conquistar o forte tornou-se elemento de capital importância. Os árabes usaram o bloqueio para matar de fome os judeus da parte nova da Cidade Santa. Latrun é o nome da antiga aldeia de Emaús, distante 12 quilômetros de Jerusalém, aquela para onde dois discípulos se dirigiam quando tiveram um encontro com o Messias ressuscitado (Lucas 24.13).

No dia 28 de maio de 1948, o primeiro-ministro David Ben Gurion designou o coronel David Marcus para comandar a tomada da Fortaleza de Latrun. O coronel ingressou na Haganah como voluntário nos dias do Mandato Britânico, cursou a Academia Militar West Point, e havia prestado “serviço no estado-maior do general Dwight David Eisenhower na Europa” durante a Segunda Guerra Mundial. O oficial morreu quando o alvo estava sendo alcançado. Eram 3h50m da madrugada do dia 11 de junho de 1948, poucas horas do início do primeiro dia da trégua coordenada pelas Nações Unidas, quando ocorreu um incidente com o oficial estadunidense na localidade de Abu Gosh, nas proximidades de Jerusalém.

As tropas judaicas sabiam que militares ingleses lutavam na Legião Árabe. Em meio à escuridão, uma sentinela israelense avistou um vulto em movimento portando um cobertor para se abrigar do frio da madrugada. No idioma hebraico, pediu-lhe a senha. O coronel respondeu-lhe no idioma inglês. Tomando-o como um comando inimigo, passou-lhe fogo. Efetuada a inspeção, descobriu-se a identidade do defunto. A sentinela havia matado seu próprio comandante. “Só a muito custo foi possível impedir que a sentinela pusesse fim à própria vida”.

O general Ben Zion, 31 anos, natural de Jerusalém, lembrou-se da existência de uma antiga estrada romana que ligava Jerusalém ao litoral. Supostamente, essa estrada romana era aquela que saia de Jerusalém, ia até Lida, e daí entendia-se a Jope, na região litorânea. Esse antigo acesso estava totalmente coberto por uma camada de aterro, vegetação e wadis, que é leito seco de riacho temporal. Uma vez localizado o antigo acesso, uma força-tarefa de Tel-Aviv seguiu com destino a Jerusalém, enquanto outra partiu de Jerusalém com destino a Tel-Aviv. Os trabalhos visavam desobstruir o acesso, e um mês de trabalho foi o prazo estabelecido para a conclusão dos serviços. Ben Zion costumava dizer: “Sem Jerusalém, não existe um Estado Judeu!”

Durante o dia as equipes de trabalho ocultavam-se para não serem detectadas pelas tropas da Legião Árabe e, com a escuridão da noite, lançavam-se a remover as camadas de terra, vegetação e detritos ao longo de ravinas da região montanhosa. Uma mensagem de Jerusalém acabara de chegar. Era a mensagem de número 1.358. Ben Zion apanhou a Bíblia para ver o conteúdo da mensagem que se encontra no capítulo 35, versículo 8, do livro do profeta Isaías: “E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será somente para os remidos; os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão”.

Os comboios que procediam de Tel-Aviv com destino a Jerusalém eram bloqueados pelas aldeias árabes ao longo do “Corredor de Jerusalém”. Sitiados pelas tropas da Legião Árabe, os judeus da parte nova de Jerusalém sofriam com o frio, fome, sede e escassez de munições. Além de defenderem a cidadela para não ser tomada, os homens da Haganah tinham também a tarefa de alimentar, garantir a segurança da população civil sitiada, e ainda dar proteção a judeus ultraortodoxos, que, além de se recusar a pegar em armas para se defender, tentavam obstruir a ação dos combatentes.

Os religiosos “continuavam à espera do Messias”, que, segundo eles, viria para tomar posse da terra e expulsar os árabes. A tarefa de expulsar os inimigos era exclusiva do Messias, e não dos judeus que combatiam os árabes, assim entendiam fariseus incircuncisos. Na verdade, o Messias prometido pelas Sagradas Escrituras veio no primeiro século da Era Cristã, mas o Sinédrio judaico o tomou como impostor e o pendurou no madeiro.

Ao ocupar o Forte Taggart, as tropas da Legião Árabe explodiram a estação de água que abastecia a população da parte nova de Jerusalém. Assim, sem abastecimento de água potável, a população conseguiu localizar antigas cisternas, abertas há dois mil anos, e as colocaram novamente em funcionamento, por meio de um sistema de canalizações. Para garantir a posse da cidade durante o bloqueio árabe, cada residência tornou-se um campo de batalha, com o envolvimento de homens, mulheres e crianças combatendo nas trincheiras, até o “Corredor de Jerusalém” ser conquistado por tropas judaicas.

Somente depois de trinta dias de árduo trabalho as tropas desobstruíram a antiga estrada romana. Isso posto, a Haganah usou a estrada romana para contornar a fortificação árabe, que posteriormente foi tomada, e o acesso a Jerusalém ficou totalmente desobstruído. Esse acesso foi o último reduto a ser conquistado na guerra que durou seis meses de combates.

Forte Taggart é o nome dado a 52 postos policiais britânicos construídos em posições-chaves por ocasião do Mandato Britânico, devido a uma recomendação de Sir Charles Taggart, que havia sido nomeado “conselheiro em assuntos de segurança para a região”. A fortificação constituía uma rede de proteção em torno da Palestina ocupada.

Com o fim do Mandato Britânico, ao deixar a Palestina, as tropas britânicas deixaram muitas fortalezas com o general Glubb, comandante da Legião Árabe. Devido ao bloqueio árabe à população judaica de Jerusalém, a cidade milenar ficou isolada e, logo, logo, podia ser conquistada. Suprir as tropas judaicas sitiadas com armas, munições e alimentos tornou-se um tremendo obstáculo a ser suplantado. A desobstrução, de forma secreta, da antiga estrada romana, ocupou cerca de 500 militares trabalhando em sua limpeza e desobstrução. Enfim, no dia 11 de agosto de 1948, uma nova adutora, passando pela antiga estrada romana forneceu água à população de Jerusalém Nova.

Os árabes intentaram matar de sede os judeus de Jerusalém sitiada. Se não podiam afogá-los no mar, que então morressem de sede. No dia 12 de setembro, perante uma enorme multidão, o primeiro-ministro David Ben Gurion inaugurou a estrada com percurso de 24 km, e a batizou com o nome Estrada da Coragem.

Em um congresso realizado em Jericó, em 1º de dezembro de 1948, Abdullah foi aclamado Rei de toda a Palestina pelos delegados árabes presentes ao evento. No dia 13, o Parlamento da Transjordânia aprovou a anexação da Cisjordânia ou Margem Ocidental a seus domínios, ratificando aquilo que, anteriormente, havia sido acordado no Congresso realizado em Jericó. Devido a isso, as nações árabes romperam com a Jordânia. No dia 20, foi a vez do rei Abdullah romper com a Liga Árabe, e Haj Amin, o mufti de Jerusalém, foi exonerado de sua função.

Em 24 de janeiro de 1950, apesar de ser advertido pelo secretário-geral da Liga Árabe, Abdullah anunciou a incorporação da Margem Ocidental a seu reino; e, no dia 27, a incorporação foi reconhecida pela Inglaterra, sua protetora de todos os dias.

Internacionalização de Jerusalém

No dia 22 de julho de 1948, Moshe Sharett, ministro do Exterior judeu, recebeu do representante do Mediador da Comissão de Trégua da ONU, em Tel-Aviv, a proposta de uma Jerusalém desmilitarizada:

“retirada das tropas árabes e judaicas de Jerusalém e localidades circunvizinhas sob a supervisão da Comissão de Trégua das Nações Unidas; forças de polícia organizadas por comitês locais sob o controle da Comissão de Trégua; severas restrições à entrada de civis na área; proibição de estoques de armas e suprimentos militares; controle pela Comissão de Trégua da importação e armazenagem de alimentos e outros suprimentos civis; e cerca de seis mil soldados “bem armados” para defender a cidade contra perturbações oriundas de qualquer dos lados”.

No dia 2 de agosto de 1948, o doutor Dov Joseph foi designado governador militar de Jerusalém. Era mais um passo para efetuar sua incorporação ao Estado de Israel. Em 26 de setembro, uma delegação do Conselho da Comunidade Judaica compareceu ante o Governo Provisório, em Tel-Aviv, para solicitar “a inclusão de Jerusalém no Estado de Israel’.

Em 24 de outubro, o papa Pio XII emitiu a Encíclica In Multiplicibus Curis pedindo que Jerusalém fosse governada por um regime internacional.

Apesar de toda uma pressão internacional, poucos dias depois o Governo judeu acatou a solicitação da Comunidade Judaica.

Em 3 de março de 1949, o Estado de Israel solicitou ingresso nas Nações Unidas, e foi aceito no dia 3 de maio.

Por haver anexado a parte velha da cidade, a Jordânia também se opôs a uma internacionalização de Jerusalém. No dia 15 de abril de 1949, o papa Pio XII voltou novamente à baila, com a Encíclica Redemptoris Nostri, pedindo Jerusalém e seus arredores subordinados a uma administração internacional.

No dia 10 de novembro, a União Soviética, Nações Unidas, Igreja Católica Romana, Igreja Ortodoxa Grega, Estados Unidos, Inglaterra e outros países emitiram parecer favorável a uma internacionalização de Jerusalém. O Comitê Ad Hoc da ONU designou um grupo seleto de membros para, até o final do mês, formular um projeto de resolução para a questão. Em 2 de dezembro, o relatório foi concluído, e recomendou a internacionalização regida por um estatuto a ser preparado pelo United Nations Trusteeship Council, o mesmo que Conselho de Administração Fiduciária das Nações Unidas. Para fazer valer o relatório elaborado, a ONU teria que usar a força militar para implantá-lo.

No dia 7 de dezembro, a internacionalização foi aprovada pelo Comitê Ad Hoc. No dia 9, a proposta foi aprovada na sessão plenária da Assembleia-Geral da ONU. No dia 19, o francês Roger Garreau, presidente do Trusteeship Council, foi incumbido de preparar o estatuto para a internacionalização de Jerusalém. A ONU e os Estados Unidos ficaram incumbidos de advertir o Estado de Israel e a Jordânia para não tentar impedir a implantação do estatuto.

No dia 26 de dezembro de 1949, o Parlamento de Israel e vários ministérios foram transferidos para Jerusalém Nova. E no mês de janeiro de 1950, o Knesset, o mesmo que Parlamento, aprovou a proclamação de Jerusalém como capital do Estado Judeu.

Oficiais Britânicos na Legião Árabe

Quando as nações árabes invadiram Canaã, o Estado Judeu não tinha exército regular, nem força aérea e nem marinha de guerra. Segundo analistas internacionais, a nação judaica iria ser facilmente riscada do mapa. As tropas israelenses tinham um efetivo estimado de 35 mil combatentes e revolucionários de organizações paramilitares (Irgun Zvai Leumi, Leji e Grupo Stern). Esse exército, sem uniforme, era equipado com 22 mil obsoletos fuzis; 11,1 mil submetralhadoras Sten de fabricação caseira; 1.500 metralhadoras leves; algumas metralhadoras médias; 105 morteiros de 3 polegadas; 682 morteiros de 2 polegadas; 16 morteiros Davidka de fabricação caseira; 75 Piats; fuzis antitanques; 4 canhões de 65 mm; e munição escassa.

A Haganah, exército clandestino durante o Mandato Britânico, deixou de existir no dia 31 de maio de 1948, porque, no dia 1º de junho, surgiu o Exército de Defesa de Israel. Segundo Alexandre Lissovsky, descrevendo a roupagem do Exército judeu, Kenneth Bilby observou que “os uniformes eram uma miscelânia arrecadada de várias nações estrangeiras. Os soldados estavam com a barba por fazer, eram desleixados no vestir, e descuidados na manutenção de suas armas e veículos”.

Em julho, com a reorganização da força militar, foram instituídos uniformes padronizados, insígnias para oficiais, criada uma Polícia Militar, soldados foram submetidos a treinamento intensivo e instruídos no manejo de novas armas, muitos foram enviados para escolas de oficiais, foram adquiridas armas leves, morteiros e tanques blindados britânicos, tipo Cromwell, os quais foram adquiridos corrompendo-se britânicos que deixaram a Palestina.

Cerca de 37 oficiais britânicos que haviam ingressado na Legião Árabe, como instrutores militares, tomaram parte ativa no litígio armado contra o Estado Judeu. No dia 26 de maio, questionado na Câmara dos Comuns, o secretário do Exterior britânico confessou a participação de oficiais ingleses nas fileiras da Legião Árabe, e que medidas seriam adotadas pela 10 Downing Street, sede do governo, para que esses oficiais fossem desligados. O Governo britânico declarou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, vencido os contratos existentes, seu país suspenderia a venda de armamento aos árabes.

No dia 30 de maio, a Legião Árabe sofreu um tremendo baque. Com tropas superiores bloqueando a estrada que passava em Latrun, a tomada de Jerusalém Nova seria uma questão de tempo; mas, por determinação do governo de Sua Majestade, “todos os oficiais transferidos do Exército britânico” deviam deixar imediatamente seus comandos na Legião Árabe e se retirar da luta. Segundo Lissovsky, num comentário do general Glubb, em seu livro Soldier With The Arabs, observou:

“A retirada dos oficiais foi um golpe estraçalhador. Incluíam eles todos os oficiais de estado-maior, os comandantes de brigadas, os oficiais-comandantes de três dos quatro regimentos de infantaria e todos os oficiais de artilharia experientes. A artilharia tendo sido formada somente três meses antes, nenhum dos oficiais jordanianos era ainda realmente competente para dirigir o fogo dos canhões... Os oficiais britânicos eram, portanto, a base de todo o edifício em 1948”.

Na madrugada do dia 15 de maio de 1948, um dia após a Declaração de Independência, aviões Spitfires da Real Força Aérea Egípcia, voando a uma altitude de 300 metros, despejaram bombas sobre a cidade de Tel-Aviv, a capital provisória do Estado Judeu, e um avião invasor foi atingido por disparos de uma metralhadora, o sistema de defesa antiaérea israelense. Também, a Força Aérea do Iraque bombardeou a região de Tiberíades. No início da guerra, o Estado de Israel não dispunha de Força Aérea e de um único avião de combate; de maneira que os árabes eram donos absolutos do espaço aéreo de Canaã. Porém, na noite do dia 16, um domingo, cinco naves de guerra C-46, adquiridos da Força Aérea Norte-Americana, aterrissaram ao sul de Tel-Aviv, em um pequeno e improvisado aeródromo secreto.

Na tarde do dia 20, o sexto dia da existência do Estado Judeu, a cidade de Jerusalém foi sobrevoada por quatro aviões da recém-criada Força Aérea judaica. Tendo asas e hélices desmontadas, o primeiro caça Messerschmidt M-109 checo chegou, transportado por um DC-4. Passando a vender aviões a Israel, a antiga Checoslováquia cedeu seu aeródromo militar por um período de três meses, elemento base para o transporte de armamento e aviões aos judeus.

A Legião Árabe e a Real Força Aérea Britânica (RAF) dispunham de uma base aérea a poucos quilômetros de Amã, a capital da Jordânia. Mas, no dia 01 de junho, três aviões israelenses, numa incursão fenomenal, despejou um bombardeio estrondoso sobre a capital jordaniana. De tão furioso que ficou com a humilhação sofrida, o rei Abdullah, de rifle na mão, tentou derrubar os caças israelenses. A irritação britânica veio na hora, ao comunicar que, no caso de um novo ataque a sua colônia árabe, a RAF tomaria a defesa da Jordânia.

Na noite do dia 11 de junho, por meia hora, sob um luar sem par, Damasco, a capital da Síria, foi bombardeada por aeronaves israelenses.

Num sábado, dia 10 de julho de 1948, Jerusalém, pela primeira vez em sua história, foi bombardeada por aviões egípcios, que despejaram bombas mortíferas em vários quarteirões urbanos. No dia 13, fortalezas-voadoras adquiridas aos norte-americanos, em seu percurso para Israel, despejaram duas e meia toneladas de bombas sobre o Cairo, capital do Egito. No dia 15, a antiga Iugoslávia cedeu um campo de pouso junto ao Mar Adriático, garantindo a Israel um ponto de abastecimento para seus aviões adquiridos no exterior.

No dia 15 de outubro, aviões israelenses atacaram a base aérea egípcia de El Arish, na Península do Sinai, destruindo as belonaves estacionadas no solo. No dia 30 de dezembro, toda a Península do Sinai foi ocupada por tropas judaicas. Devido ao Tratado de Amizade Anglo-Egípcio , a Grã-Bretanha enviou um ultimato a Israel. Ou abandonava o território egípcio, ou emitiria uma declaração de guerra. Em voo de reconhecimento sobre o Deserto do Neguev, seis aviões britânicos foram abatidos por caças israelenses na batalha travada no espaço cósmico.

Refugiados de 1948

No dia 20 de maio de 1948, sexto dia de guerra, a China, Estados Unidos da América, França, Reino Unido e União Soviética, as cinco poderosas nações que compõem o Conselho de Segurança das Nações Unidas, acolheram a sugestão britânica, designando o conde Folke Bernadotte, membro da família real da Suécia e vice-presidente da Cruz Vermelha Internacional, no posto de Mediador para a Palestina.

Com o litígio armado, refugiados árabes passaram a ter seu inferno na terra. Por ocasião da segunda trégua intermediada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 18 de julho de 1948, os combates em Jerusalém eram renhidos. Em meio a esse cenário bélico, a população civil árabe, que residia nos arredores da cidade, seguiu para a Transjordânia, a atual Jordânia, em busca de refúgio. Segundo Harry Levin, correspondente do jornal Herald Tribune, de Nova Iorque, publicou Lissovsky, questionado a respeito da causa pela qual se punha em retirada para o outro lado do Rio Jordão, certo retirante árabe respondeu:

“Os judeus!

O que foi que os judeus lhes fizeram?

Não nos fizeram nada. Não os vimos. Mas ouvimos dizer...

Vocês sabem o que farão na Transjordânia?

Não, mas o grande Rei Abdullah cuidará de nós até que os judeus sejam expulsos”.

No dia 28 de julho, o Medidor, ao tocar no assunto da internacionalização de Jerusalém, propôs que um certo número de refugiados árabes-palestinos retornasse, a partir de 15 de agosto, o que não foi aceito pelo governo sionista.

A questão dos refugiados árabes continua sendo uma guerra diplomática latente. No dia 12 de maio de 1949, na Comissão de Conciliação das Nações Unidas, reunida em Lausanne, na Suíça, as nações árabes propuseram o retorno dos refugiados em troca de paz na região. E no dia 29 de maio, por sugestão, ao que parece, do membro americano da Comissão de Conciliação, em nome do presidente estadunidense Henry Truman, uma nota foi enviada a Tel-Aviv, destinada ao Governo Provisório do Estado Judeu. A Comissão expressava seu desapontamento pela questão dos refugiados árabes não serem absorvidos, num desrespeito às resoluções da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

No dia 30 de agosto, em Lausane, na Suíça, veio a proposta israelense. O Governo judeu concordava em aceitar o retorno de 100 mil refugiados, todavia, seriam distribuídos “onde se adaptassem no plano geral de desenvolvimento econômico do país. Mas as nações árabes rejeitaram a proposta sionista”.

Antes de estourar a guerra, o Alto Comando Britânico havia declarado que iria ocupar parte da cidade de Jerusalém até o dia que expirasse o Mandato da Palestina. A partir dessa declaração deu-se início a um processo de fuga de árabes-palestinos em busca de refúgio na Transjordânia, Síria, Líbano e Faixa de Gaza.

E antes da leitura da Declaração da Independência, Golda Meyer, judia nascida em Kiev, procurou o rei Abdullah da Transjordânia para tentar evitar que o monarca emitisse uma declaração de guerra. Abdullah respondeu-lhe que evitaria a guerra se “o fizessem rei em Jerusalém” sobre toda a região da Palestina. Tão logo Meyer deixou o país jordaniano, avistou tropas do Iraque prontas para invadir Israel.

Houveram dois cessar-fogo das Nações Unidas durante a guerra. Depois de alguns meses de batalha, justamente no momento em que o avanço das tropas árabes havia sido imobilizado, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decretou um cessar-fogo temporário. Para os árabes, a oportunidade foi boa para se reorganizarem. Para os judeus, foi a oportunidade de melhor equipar seu arsenal de guerra. Decorrido um mês de conversações entre as partes em conflito, os assistentes da ONU não conseguiram obter o entendimento para uma paz honrosa. Com o reinício das batalhas, a Força Aérea Israelense atravessou as fronteiras e bombardeou o Cairo, Damasco e Amã. No Neguev, as linhas de abastecimento egípcias sofreram ataques constantes das Raposas de Sansão, uma denominação usada para batizar as unidades de jipes equipados com metralhadoras.

Uma nova trégua de cessar-fogo foi promovida pelo Conselho de Segurança. Abdullah, rei da Transjordânia, aproveitou a oportunidade, entrou em negociações secretas com o Estado de Israel, e retirou suas tropas da guerra.

Riad es Solh, ex-primeiro ministro do Líbano, encontrou-se com o rei Abdullah ibn al-Husayn, em Amã, para, em conjunto, planejar uma política de paz com Israel, mas foi assassinado no dia 16 de julho de 1951. E, no dia 20, quando saia da Mesquita de Omar, Abdullah foi também assassinado por um árabe, que foi imediatamente abatido. Supõe-se que o assassinato foi planejado pelo coronel Abdullah el Tel, ex-comandante da Legião Árabe, e por Haj Amin al-Husseini, o antigo mufti de Jerusalém, seus renhidos inimigos. Por sua vez, o rei Faruk do Egito pagou o preço. Foi deposto do cargo.

Terror do Irgun

Criado em 1938, por estudantes da Universidade Hebraica de Jerusalém, o grupo terrorista Irgun tornou-se notável pela violência implacável com bombas que espalhou em praças e mercados da cidade. No ataque à aldeia palestina, Deir Yassin, em 1947, cerca de 254 civis foram massacrados por grupos terroristas israelenses. No dia 9 de abril de 1948, ainda antes de estourar a guerra, os grupos terroristas Irgun e Leji alinharam velhos, mulheres e crianças contra o muro de suas aldeias palestinas e os fuzilaram impiedosamente.

No mês de julho de 1948, tropas israelenses expulsaram 70 mil palestinos que viviam nas cidades de Lida e Ramle e, no mês de outubro, efetuaram a matança de centenas de aldeões em Dueima, Quibia e outras aldeias palestinas, como ainda expulsaram milhares de beduínos de zonas desmilitarizadas.

Além do Irgun, o judeu polonês comunista Menachem Beguin criou o grupo terrorista Stern e o extremista Partido Kahal. O famoso terrorista lutou por um Israel com fronteiras bíblicas e, anos mais tarde, elegeu-se primeiro-ministro e também recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ele sonhou com Israel comandando um governo único planetário, com gentios na condição de seus escravos.

Na memorável ação perversa levada a cabo ao Hotel Rei David, em Jerusalém, no dia 17 de setembro de 1948, dos 91 hóspedes que matou, o grupo do terrorista deixou centenas de outros feridos e inutilizados. Dentre os mortos, encontrava-se seu alvo principal, o conde Bernadotte, como seu assistente francês, o coronel André P. Serot.

No mês de agosto de 1949, uma unidade israelense destacada em Nirim, no Deserto do Neguev, matou um beduíno e capturou sua filha adolescente. Os soldados do Exército de Israel tiraram a jovem palestina de sua tosca tenda e a forçaram banhar-se, desnuda, em frente aos tarados que portavam a Estrela do deus Renfã (Atos 7.43), em seus uniformes militares, quando foi inicialmente estuprada por três soldados. Após a cerimônia religiosa do Shabat, o comandante do pelotão, de nome Moshe, que havia servido nas fileiras do Exército da Inglaterra, durante a II Guerra Mundial, concordou com a posição do pelotão de que a beduína fosse também estuprada pelo restante da tropa. Foi assim que, durante três dias consecutivos, a beduína palestina foi impiedosamente violentada pelos 20 tarados sionistas do Estado de Israel. Terminada a sessão de estupro grupal, a beduína estava fisicamente arrasada e, para esconder o crime perverso, o comandante judeu ordenou a um de seus sargentos que matasse a filha do bebuíno assassinado. Ao ser conduzida para morte, a donzela tentou escapar do criminoso, mas foi abatida com um tiro nas costas.

Os juízes militares absolveram o comandante do batalhão de ter violentado a adolescente beduína, e os 19 soldados receberam sentenças de apenas um a três anos de prisão por suas “negligências para impedir um crime”, mas suas penas foram reduzidas pela Corte de Apelações. Mantido como segredo de Estado, o caso de terror somente foi tornado público em 1956, quando soldados de Israel massacraram 43 civis árabes palestinos da aldeia de Kafr Kassem.

Finalmente, muitos anos mais tarde, componentes de um kibbutz das cercanias de Nirim se depararam com os restos mortais da adolescente beduína, que ali permaneceram para denunciar, à luz do dia, o crime do Exército Judeu, os quais afloraram pela ação de ventos sobre dunas da região desértica. A matéria foi publicada, em 6 de novembro de 2003, pelo periódico argentino, El Clarín, e a tradução é de Claudia Martines do The Guardian.

Não houve comando unificado

A Operação Hiran levou a Haganah atravessar a fronteira do Líbano no encalço das tropas mercenárias de Kawukji, que haviam fugido do território de Samaria. A região de Beersheba foi tomada no outono, e as tropas egípcias recuaram para formar uma linha de defesa impenetrável. Mas as tropas de Israel descobriram um atalho de milhares de anos, e assim contornaram as posições de defesa que os egípcios haviam estabelecido. Com o ataque mortal pela retaguarda, o Exército Egípcio fugiu, contudo, as tropas judaicas seguiram em seu encalço.

Receoso de que os israelenses penetrassem pelo Canal de Suez, o Exército Britânico enviou um ultimato a Israel, e ao mesmo tempo mandou que seus aviões Spitfires bombardeassem as tropas judaicas, porém, a Força Aérea Israelense abateu seis caças britânicos.

Depois de quase dois mil anos, a bandeira israelense, novamente, voltou a tremular, e dizem, os judeus, “para nunca mais ser arriada”. Peritos militares internacionais ficaram pasmados pelo fato de Israel haver resistido bravamente à invasão de cinco nações árabes fortemente armadas e, ainda, como pôde se lançar à ofensiva. Analistas militares ficaram confundidos e, realistas, confusos.

O mundo islâmico não acatou a divisão de Canaã em duas nações, e quando o Império Britânico devolveu o Mandato da Palestina às Nações Unidas, as nações árabes desencadearam a primeira guerra contra os judeus. Vitorioso na guerra, o Estado Judeu anexou as regiões da Galileia, ao norte, e do Deserto do Neguev, ao sul.

Segundo o escritor judeu-estadunidense, Leon Uris, o fracasso das nações árabes resultou numa odisseia de insultas. A Transjordânia colocou a culpa no Iraque, por este não ter posto uma cunha que separasse a Galileia da Judeia; o Iraque culpou suas linhas de abastecimento; a Síria culpou os norte-americanos; a Arábia pôs a culpa nas demais nações árabes; e o Egito colocou a culpa na Transjordânia por ter assinado um acordo de paz com os israelenses.

Com o fim da guerra, no dia 18 de janeiro de 1949, o governo de Sua Majestade imperial anunciou “a libertação de todos os judeus ainda internados nos campos de detenção em Chipre”. E no dia 19, o Império Britânico, finalmente, mandou libertar todos os judeus que mantinha retidos nos campos de concentração que instalou na Ilha de Chipre. O navio de passageiros israelense, Galila, fez sua entrada no Porto de Formagasta para transportar judeus mantidos em cativeiro desde os dias do Mandato Britânico.

Terminado o conflito bélico, o Estado Judeu passou a olhar com carinho a região pantanosa do Lago Merom, a quem os árabes o chama de Huleh, alimentado pelas águas do Rio Jordão. No início de 1951, na zona desmilitarizada da Baixa Galileia, as terras adjacentes vinham sendo paulatinamente drenadas para sanear pântanos, com a instalação de colônias agrícolas.

Em setembro de 1955, foi concluída a primeira etapa de drenagem desse viveiro de aves diversas, e no mês de setembro de 1958 deu-se início aos serviços da última etapa para a drenagem de suas terras.

Formado pelas nascentes do Rio Jordão, o Lago Merom, também chamado Mar Merom, ou Águas de Merom, quer dizer Superior, por encontrar-se 68 metros acima do nível do Mar Mediterrâneo. Ele dista apenas 14 quilômetros do ponto em que três nascentes se unem para formar o Rio Jordão. A bacia pantanosa do Merom mede 28 quilômetros no sentido norte/sul, por 10 quilômetros no sentido leste/oeste.

Nessa região, anteriormente infestada de mosquitos transmissores de malária, crescia flores e abrigava uma enorme quantidade de pássaros migratórios. Ela dista 18 quilômetros do Lago Merom ao Mar da Galileia, ou Mar Tiberíades. A lâmina de água media 8 quilômetros de comprimento por 6 quilômetros de largura, sendo a área restante uma enorme região pantanosa. Porém, com a drenagem total da bacia, o lago ficou reduzido a pequenos açudes de peixes. Do Merom ao Mar da Galileia foram abertos dois enormes canais de escoamento, retificou-se o percurso sinuoso e aprofundou-se o leito. E a enorme área pantanosa, após devidamente drenada, tornou-se prósperas colônias agrícolas.

O dia 9 de Av, ou 9 de agosto, é uma data de luto do povo judeu, que costuma comemorá-la lamentando a destruição do Templo de Salomão, pelos exércitos de Nabucodonor, e a destruição do Templo de Herodes, pelas legiões romanas de Tito Vespasiano. Numa certa ocasião, quando judeus franceses comemoravam essa data de luto, passando por uma sinagoga lotada, o imperador Napoleão Bonaparte ficou admirado ao ouvir tantos lamentos em voz alta. Ao tomar conhecimento da razão desse lamento pela destruição de sua pátria e de seu templo, o imperador bradou:

“Um povo que chora a perda da sua pátria há 1.800 anos passados e não consegue esquecê-la, jamais perecerá. Ele pode estar certo de que voltará para a sua terra”.

O surgimento repentino do Estado Judeu ocorreu de forma tal, que as pessoas passaram a questionar uma resposta que lhes satisfizesse plenamente. Inquirido por alguém sobre a razão do povo judeu ter voltado novamente a formar uma nação na terra de seus antepassados, depois de quase dois mil anos de dispersão, o primeiro-ministro David Ben Gurion, respondeu-lhe: “Eu falo oito idiomas, li tudo, e inquiri tudo, e não sei qual a razão destas coisas”.

No mesmo ano que terminou a Guerra dos Seis Dias, Yael Dayan, filha do general Moshe Dayan, esteve no Brasil. Questionada sobre o sucesso de seu país na guerra, respondeu: Vencemos porque o nosso armamento é moderníssimo; vencemos porque o nosso soldado é o mais adestrado...”.

Quando o primeiro ministro do Estado de Israel, Ben Gurion, uma pessoa atarracada, baixa, entusiasta sionista e “profundo conhecedor da Bíblia”, em uma de suas viagens aos Estados Unidos da América, encontrou-se com Albert Einstein, famoso físico judeu. Gurion perguntou-lhe: “Do ponto de vista científico, existe ou não existe esse Deus de Israel? O cientista deu-lhe a seguinte resposta: Esse Deus, nosso Deus de Israel, existe. Ele vive e Ele reina”.

O Armistício de Paz estabeleceu as fronteiras do Estado de Israel. A nação judaica ganhou a guerra, não porque suas tropas fossem dotadas de uma boa cultura, boa técnica militar, capacidade intelectual da liderança, boa formação universitária, excelente treinamento militar, amor à pátria, sofisticados equipamentos ou outro mérito humano qualquer. A ganhou por causa de uma determinação divina a respeito da ‘Figueira’, o Estado de Israel, que deveria “Brotar”, ou seja, voltar a formar novamente uma nação independente, para, então, uma “Geração”, ou seja, até 80 anos depois, o Messias que havia sido pendurado num madeiro, retornasse para tomar posse do planeta Terra, que vem sendo esbulhado pelo Capeta, conforme consta em Mateus 24.32-41, Salmos 90.10 e Daniel 9.27.

Após o antigo Israel haver sido riscado do mapa, pelas legiões romanas de Tito Vespasiano, o povo judeu voltaria a formar novamente uma nação, no Oriente Médio, porque, essa é uma determinação divina.

Infelizmente, para desgraça do sofrido povo árabe-palestino, suas lideranças cometeram erros históricos imperdoáveis. Durante o Mandato Britânico, Haj Amin rejeitou a criação do Estado Palestino e do Estado Judeu, para viver embalado no sonho irrealizável de ocupar, sozinho, todo o território de Canaã. Uma década depois, o mufti rejeitou a proposta da Partilha da Palestina pela criação dos dois Estados, agarrado na mesma fantasia. Nessas duas ocasiões, o Estado Palestino teria área contínua e maior extensão territorial.

A figueira renasceu

Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 29.05.2021

Ainda não montada, nem revisada, nem editada

RNF Cerqueira
Enviado por RNF Cerqueira em 29/05/2021
Reeditado em 30/05/2021
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