Andando sobre as águas do mar

Doutrinas eternas

Lucas 9.10-17; Marcos 6.30-56; Mateus 14.13-36; João 6.1-21

pr. Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 03.10.1993 e 26.02.2021

Introdução aos fatos

01. Ao tomar conhecimento de que o rei Herodes Antipas havia mandado cortar a cabeça do profeta João, o Batista (Mateus 14.13), o Rabino de Nazaré e seu seleto grupo de discípulos tomaram um barco pesqueiro na margem Ocidental, desembarcaram na margem Oriental do Mar da Galileia, e refugiaram-se em algum lugar desabitado da região montanhosa, para gozar alguns dias de repouso de suas atividades diárias.

02. Ante a fúria do monarca judeu, navegaram para além do território sob sua jurisdição em busca de refúgio e tranquilidade. No entanto, para surpresa do grupo, ao desembarcarem e ancorarem a embarcação de pesca, os tripulantes foram recepcionados por uma multidão de carentes, que, de vários lugarejos haviam se dirigido, a pé, para o encontro com o Jovem de Cafarnaum que fazia coisas espantosas, e assim o plano de descanso foi abortado pelas massas marginalizadas em busca de cura para suas enfermidades do corpo e da alma.

03. Considerada com um rebanho sem seu pastor a guiá-las a pastor verdejantes e a águas tranquilas, a multidão pode ser comparada a ovelhas sem senso de unidade, carentes de liderança, de segurança, e de um líder que as livrassem de serem exploradas pela liderança política de Roma e religiosa do Sinédrio judaico.

Interpretação aos fatos

01. Essas “ovelhas carentes” foram acolhidas pelo jovem pregador que lhes ministrou ensinamentos divinos, e cura física foi ofertada a todos os necessitados. Após várias horas de ministração a seres carentes na periferia daquele vilarejo, ao ver o dia caminhar para seu ocaso, que a hora do almoço há muito de passara em branco, e que a multidão não arredava o pé, o grupo seleto de discípulos orientou o Jovem Rabino a despedir a todos, para que, ainda antes do escurecer, pudessem seguir para suas aldeias e comprar alguma coisa para se alimentar, porquanto o local em que estavam era uma região desabitada (Lucas 9.12).

02. Ante o conselho de seus subordinados, o Mestre Galileu respondeu-lhes que se encarregassem de alimentar a multidão de aproximadamente 15 mil pessoas. Surpreendidos com a decisão tomada por seu guia espiritual, respondeu-lhes que não dispunham de 200 denários para comprar pão suficiente que alimentasse a multidão de homens, mulheres e crianças de estômagos vazios.

03. O denário mencionado era uma moeda romana de prata equivalente ao salário de um dia de trabalho. Então, segundo os discípulos, seriam necessários 40 mil reais para a compra de pães (Mateus 20.2). Sem disporem desse montante de recursos financeiros, André e Filipe informaram a seu Mestre que isso era impossível para o grupo de seguidores, todavia, que entre a multidão havia um jovem que trazia em seu embornal cinco pães de cevada e dois peixes para sua alimentação, e que se dispunha a compartilhar o alimento com seus semelhantes. O pão de cevada era alimento típico das classes mais baixas da sociedade de então.

04. Ante a informação recebida, o Nazareno informou-lhes que, com esse alimento, a questão estava resolvida, e que eles se incumbissem de organizar a multidão em grupos de cem e de cinquenta pessoas devidamente assentadas sobre a relva da região desabitada de Tiberíades ou de Betsaida. Apesar de não entenderem de onde viria o alimento, os discípulos obedeceram cegamente a ordem para organizar os grupos sentados sobre a relva, e ainda mais surpreendidos ficaram as multidões, mas estas, também, não questionaram de onde a comida viria.

05. Com essa tomada de decisão, o Enviado Divino ministrou a todos presentes, que as coisas concernentes ao Reino dos Céus devem ter organização, disciplina, obediência e ordem.

06. Enfim, todos entenderam perfeitamente que o Filho de Davi, aquele que havia restituído a vista a deficientes visuais, posto coxos a andar, ressuscitado defuntos e libertado pessoas incorporadas por demônios, reunia poder suficiente para saciar a fome de todos ali reunidos.

06a. Movido de compaixão por uma multidão de marginalizados pela elite dominante do Sinédrio, o Jovem Nazareno tomou em suas mãos os cinco pães de cevada e os dois peixes e, numa oração de agradecimento, os abençoou, os partiu, os entregou a seus cooperadores para serem distribuídos à multidão, e esta ficou pasmada ao contemplar pães e peixes quentinhos multiplicados aos milhares. Os cestos usados pelos discípulos para distribuir pão e peixe eram fabricados de vime, uma espécie de cipó vegetal.

07. Tanto na Ceia do Senhor de uma igreja evangélica, como em uma refeição judaica, tidos como elementos consagrados, são usados os termos tomar, abençoar, partir e distribuir. Após todos se satisfazerem com a abundância de um alimento farto e saudável, os discípulos ainda recolheram doze cestos repletos de pedaços de pães que sobraram ao serem partidos por Aquele que os havia abençoado. Ao abençoar pães e peixes, o Senhor Jesus de Nazaré ensinou a seu povo que, antes de uma refeição, primeiro, deve abençoá-la.

08. Explorados pelo poder político de Roma, que usavam publicanos para coletar impostos, e pelo poder religioso dos deuses oligarcas que controlavam o Sinédrio judaico, os carentes foram devidamente acolhidos, doutrinados, curados, confortados e alimentados pelo Pastor da Galileia, que os amava.

09. Primeiramente, alimentou as necessidades morais e espirituais dos marginalizados, ensinando-os como prestar culto de adoração ao Todo-poderoso, como ministrou cura física para reintegrá-los à sociedade. E com o milagre exponencial de multiplicar pães e peixes para saciar a fome do povo, o Jovem Pregador manifestou a todos ser o Pão da Vida, mas a elite religiosa sanguinária do Sinédrio tratou de matá-lo.

10. A representação de pães e peixes estampados em desenhos nas paredes de antigas catacumbas de Roma, por cristãos do Primeiro Século da Era Cristã, constituem símbolos do retumbante milagre da multiplicação. Assim como o Deus Eterno usou o maná para alimentar, por 40 anos, os quase três milhões de israelitas que haviam deixado o Egito dos faraós, o Jovem Galileu se revelou a seus discípulos e àquela multidão ser o Enviado Divino que viria para matar a fome da humanidade (Deuteronômio 18.15).

11. Ao matar a fome da multidão marginalizada pelo Sinédrio, o Jovem Profeta se revelou ser o Maná Messiânico que veio para matar a fome de verdade, saciar a sede de justiça, e refrigerar as dores de nossas agonias. No entanto, ontem e hoje, a elite religiosa aprisionada em sinagogas, apesar de atos e fatos efetuados pelo Enviado Divino, não o tomaram e nem o tomam como o Novo Moisés. Os inúmeros milagres que realizou constituem provas de sua messianidade, mas o Sinédrio o pendurou numa estaca.

12. Tradicionalmente, o povo judeu, ao longo dos séculos, esperou a vinda do Messias anunciado por Moisés, e quando Este se manifestasse providenciaria o maná para os seus, assim como Iavé, por 40 anos, o providenciou para os israelitas que atravessaram o deserto em direção à Terra Prometida.

13. A corja criminosa do Sinédrio tinha pleno conhecimento de que o jovem Nazareno era o Messias prometido pelas Sagradas Escrituras, pois, os estupendos milagres que realizou continham o néctar da linguagem messiânica de seus atos, mas preferiu matá-lo que reconhecê-lo. E a afirmativa de que sabiam, foi denunciada pelo discípulo João, filho de Zebedeu, ao registrar uma declaração de seu líder religioso: “Se deixarmos que ele continue fazendo essas coisas, todos vão crer nele. Aí as autoridades romanas agirão contra nós e destruirão o Templo e nossa nação” (João 11.48).

14. E não deu outra. Devido ao crime perpetrado, cerca de três décadas depois as legiões romanas, comandadas pelo general Tito Vespasiano, riscaram o antigo Estado de Israel do mapa. Os quem não morreram ao fio da espada foram vendidos no mercado de escravos.

Conclusão dos fatos

01. A multiplicação dos pães e dos peixes ocorreu pouco tempo antes de a nação judaica comemorar os festejos da Páscoa (João 6.4), uma data típica do calendário religioso anual, quando se celebrava a libertação de antigos israelitas que viviam como escravos no Egito dos faraós. E foi dentro desse pensamento de liberdade que seus discípulos aproveitaram a oportunidade para incentivar as massas a que proclamassem o Filho de Davi como rei de Israel, aquele que libertaria a nação do regime de escravidão imposto pelo jugo romano.

02. Plenamente ciente desse plano revolucionário, o jovem rabino tomou uma decisão rápida que obrigou seu grupo de seguidores a entrar no barco e navegar com destino a Cafarnaum, quartel-general de seu ministério terreno. Isso posto, despediu a seus ouvintes para que retornassem a seus lares, antes do anoitecer, situados a alguns quilômetros de distância, e em seguida se dirigiu a um monte do entorno, e passou horas e horas em oração. Durante esse período de tempo, o barco dos discípulos não conseguia avançar, devido à fúria do vendaval, da tempestade, e das ondas que arrebentavam na praia.

03. Esse lago de água doce com o formato de uma pera, profundidade máxima de 50 metros, altamente piscoso, e envolto por uma cortina de montanhas, é sacudido por fortes ventos que deslocam nuvens de ar quente, as quais causam tempestades inesperadas geradoras de turbulências. Esse fenômeno agita as águas, o lago enfurece, e surgem ondas de até 5 metros de altura. Durante o dia há calmaria, ao entardecer ventos fortes começam a soprar, e durante a noite o vendaval é bravio.

04. Por volta da quarta vigília da noite, que corresponde ao período de tempo entre 3h e 6h da madrugada, o Rabino de Nazaré desceu do monte e começou a andar sobre as águas do Mar da Galileia em direção a Cafarnaum. E quando seus discípulos, que lutavam para conduzir o barco sacudido pela tempestade, pelo vento forte, pelas ondas, pela escuridão e pelo mar bravio, ao avistarem um vulto humano caminhando sobre as águas em direção à embarcação, tomados pelo medo de um estado de profunda superstição, supondo ser um fantasma, começaram a berrar a plenos pulmões.

05. Nesse momento, do fantasma ouviram uma voz de consolo: “Tende ânimo, sou eu, não temais”. Simão Pedro, que falava mais que a “Nega do Leite”, pediu ao fantasma que permitisse ir a seu encontro, caminhando sobre as águas. Mas, temendo a ação do vento forte, começou a afundar. E ao gritar por socorro, foi resgatado por seu Mestre.

06. E ao entrarem na embarcação, o vento cessou, as ondas se normalizaram e o mar se acalmou, porque, com o Senhor Jesus Cristo no barco, reina uma absoluta calmaria.

07. E no momento em que alguém estiver afundando nas águas das drogas alucinógenas, da corrupção, da roubalheira, do câncer, da leucemia, do crime organizado, da artrose, do sexo anal, oral, grupal, animal, da masturbação, da pedofilia, ou de qualquer outra cepa de pecaminosidade, é preciso clamar ao Enviado Divino, como Pedro o fez, e Ele o socorrerá e acalmará a fúria do mar da vida que o sacode.

RNF Cerqueira
Enviado por RNF Cerqueira em 04/03/2021
Reeditado em 05/03/2021
Código do texto: T7198505
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