O sinal do profeta Jonas

Mateus 12.38-41; Lucas 11.14-16,29-30; Jonas 1

Doutrinas eternas

pr. Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira

Florianópolis, Santa Catarina, 25.03.1992 e 22.02.2021

Ainda em montagem, não revisado, nem editado.

Introdução dos fatos

01. A mensagem profética de Jonas não foi dirigida ao antigo Israel, mas aos habitantes de Nínive, o que fez dele um missionário do Antigo Testamento encarregado de levar um ultimado do Deus o Todo-poderoso a um povo idólatra e cruel.

02. Capital do Império Assírio, a cidade de Nínive, nesse período histórico, encontrava-se no auge de seu esplendor. Sua área urbana compunha uma circunferência de 96 quilômetros protegida por uma muralha com 30 metros de espessura, e uma população estimada em um milhão de habitantes.

03. O vocábulo Nínive é uma tradução do idioma assírio Ninua, que significa Ishtar, também conhecida como Rainha dos Céus, a divindade da guerra e do sexo, daí a violência e a imoralidade reinante do Império Assírio fundado por Ninrode. Esse bisneto do patriarca Noé, cerca de 100 anos após o Dilúvio, que ocorreu por volta do ano de 2.348 a.C., contrariando o plano estabelecido pelo Eterno, construiu uma federação de oito cidades-reinos, sobre as quais exerceu poder absoluto de um governo único planetário. Ninrode foi um personagem escravagista caçador de seres humanos.

04. Tanto Elias quanto Jonas foram enviados pelo Eterno a povos gentios, numa demonstração de que seu plano salvítico não é uma exclusividade do povo judeu, mas de todos os povos. Elias foi enviado aos moradores de Damasco, na Síria (I Reis 19.15), enquanto Jonas seguiu para a cidade de Nínive, na Assíria.

05. O profeta Jonas, filho de Amitai (Jonas 1), nasceu no vilarejo de Gate-Hefer, na região da Galileia, por volta do ano 790 a.C., e exerceu seu ministério no reinado de Jeroboão II, após o profeta Eliseu encerrar suas atividades terrenas.

06. Ao receber do Deus Eterno para levar uma mensagem ao povo ninivita, Jonas desceu ao vilarejo de Jope, a atual Jafa, pegou um navio com destino a Társis, nome dado a uma colônia de Cartago na Espanha, e tentou fugir à ordem divina recebida. Contudo, inflamado pelo nacionalismo doentio, e sabedor de que um dia o Estado de Israel seria conquistado pelo então poderoso Império Assírio, “o profeta fujão” negou-se a entregar a mensagem de arrependimento a esse povo, daí tentar fugir da presença do Eterno.

07. Durante várias gerações o Império Assírio conquistou nações da costa do Mar Mediterrâneo, dominando-as com extrema crueldade, e Jonas temia que essa crueldade, futuramente, pudesse chegar a sua nação.

08. A política externa assíria aos povos conquistados era uma coisa medonha, sem o mínimo de compaixão humana. Ao conquistar uma nação, inicialmente, a matança era geral, vindo em seguida uma carnificina seguida de sofrimentos cruéis aos sobreviventes.

09. Em nome de um rosário de torturas, o sobrevivente era deitado ao solo e o carrasco metia a mão na boca da vítima e arrancava-lhe a língua pela raiz. Os torturadores assírios costumavam cravar estacas de madeira no solo, devidamente espaçadas uma das outras. Isso feito, os punhos do prisioneiro eram amarrados a uma dessas estacas, e a esta eram amarrados, também, os punhos de outra vítima. O mesmo processo diabólico de sofrimento era feito a seus tornozelos, de tal maneira que o condenado ficava com seu corpo estendido, sem poder mover um único músculo.

10. Em seguida, com uma faca bem afiada, o carniceiro começava a arrancar a pele do corpo da vítima estendida, e a deixava totalmente esfolada, para deleite dos vermes que começavam a devorar suas carnes. As peles extraídas eram expostas na muralha do vilarejo conquistado, para causar estado de pânico aos sobreviventes.

11. À elite governante conquistada, os assírios reservavam um cruel sistema de tortura. A vítima era posta deitada no solo, uma estaca de madeira pontiaguda era cravada em seu peito desnudo. Em seguida, a estaca, com a vítima, era levantada e fincada em um buraco no solo. A vítima, nesse estado de terror, aguardava a morte chegar. Esses agentes do terror amavam cortar a orelha, o nariz e os dedos dos prisioneiros, como formavam enormes pilhas de cabeças humanas degoladas.

12. E como Jonas tinha pleno conhecimento de que o Eterno iria usar a crueldade assíria para disciplinar a idolatria cultuada do Reino do Norte, tentou desobedecer à missão de ir a Nínive levar uma mensagem de arrependimento a esse povo cruel.

13. Sem o temor a seu Criador, o ser humano decaído, ao longo dos séculos, tem se comportado como os antigos assírios sanguinários, e um caso semelhante vem do governo comunista da Venezuela. Um exemplo dessa crueldade é-nos narrada por um cidadão venezuelano que trabalhou como professor universitário e agente penitenciário, a serviço do governo, até o dia em que se negou atender a uma ordem emitida pela ministra de segurança penitenciária para atuar como elemento repressor da população faminta de sua cidade.

14. Ao se negar, foi taxado de inimigo da Pátria, e teve seu inferno na Terra. O professor de nome fictício Pedro Pérez, teve apreendido seus documentos, conta bancária, cartão de crédito, e até sua residência foi incendida por policiais do governo.

15. No final do ano de 2018, devido ao agravamento da crise que redundou na falta de alimentos, medicamentos, como serviços de energia, água potável, transportes, gás e hospitais caindo aos pedaços, muitos cidadãos têm diariamente morrido de fome. E ante protestos de uma população faminta, o Governo de Nicolás Maduro mandou soltar bandidos perigosos, como deu-lhes armamento, dinheiro e veículos para manter a população amedrontada, por meio de ações violentas. E como não aceitou participar de tais enfrentamentos, resolveu fugir com destino ao Brasil, escapando da polícia e das milícias que tentavam prendê-lo.

16. Ao receber uma ligação de seu vizinho a respeito do incêndio criminoso a sua residência, este ficou incumbido de pegar os filhos de seu amigo no colégio e levá-los à rodoviária, e assim o professor e filhos pegaram um ônibus para Pacaraima, estado de Roraima, procurou a Polícia Federal e exilou-se:

“Na Venezuela não há mais comida, não tem serviço, transporte, falta água, luz, gás, medicamento, não tem nada. Os hospitais estão em ruínas...

“Todos os dias pessoas morrem de fome e de falta de medicamentos. Adultos e até crianças comem lixo nos caminhões de coleta. É muito triste o que acontece lá. O pessoal dos direitos humanos não faz nada.

“Imagine que o salário venezuelano hoje não dá um dólar [um dólar equivale a dois milhões de bolívares]. O salário mínimo é um milhão e duzentos mil bolívares, mas um quilo de farinha de milho, por exemplo, custa um milhão e meio.

“Se você quer comer um frango, custa vinte milhões de bolívares. Então não dá, simplesmente não dá. Os salários são de um milhão e duzentos mil. Não dá para viver. Imagine!

“E quem falar contra o regime, já era. Perde tudo: casa, carro, dinheiro, tudo, tudo, tudo. Tomaram toda a Venezuela. Eles são donos de tudo.

“Na Venezuela está difícil retomar a democracia. Maduro está no governo sem apoio da população, só que todos os setores estão nas mãos dele: Assembleia Nacional, Ministério da Justiça e Judiciário, todos os poderes".

17. Na República Federativa do Brasil, também, coisas estranhas estão acontecendo. Em uma matéria do dia 9 de abril de 2020, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) estimou em 25,2 mil o número de presos que deixaram estabelecimentos penais brasileiros, beneficiados por decisões judiciais que levaram em conta a pandemia da Covid-19. Essa decisão, que teve o respaldo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), presidido pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli, foi duramente criticada pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Messias Bolsonaro. Até fevereiro de 2021, esse número ultrapassou 40 mil prisioneiros perigosos postos nas ruas do Brasil, e estes infernizam a população desarmada.

18. Em atendimento a uma ação movida pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, no dia 5 de junho de 2020, emitiu uma liminar proibindo qualquer operação policial em favelas da cidade do Rio de Janeiro, enquanto durar a pandemia da Covid-19. Qualquer operação especial terá que obedecer a “hipóteses absolutamente excepcionais”, as quais somente o STF as conhece. E quem a descumprir sofrerá “responsabilização civil e criminal”.

Interpretação dos fatos

01. O relato bíblico a respeito do profeta Jonas haver sido engolido por um grande peixe soa como anedota por intelectuais de cartola, devido ao fato de a garganta de uma baleia ser por demais estreita para permitir a passagem de uma pessoa adulta. Apesar de toda uma zombaria pirotécnica, o milagre bíblico é um ato, um fato concreto, tanto que sua veracidade foi confirmada, tempos depois, por Jesus de Nazaré, ao se dirigir a uma corja de fariseus ruins de Bíblia (Mateus 12.40).

02. Jonas desceu de Gate-Hefer para Jope, daí para o porão de uma embarcação, em seguida para o ventre de um grande peixe, e navegando em seu ventre chegou às partes mais profundas do mar. Fugindo da ordem recebida e enquanto sonhava no porão do navio, um forte vento começou a soprar, as ondas se elevaram e a embarcação de pequeno calado teve sua segurança ameaçada.

03.Segundo uma antiga crença que atormentava supersticiosos marujos da antiguidade, a simples presença de um criminoso a bordo era suficiente para colocar em risco a vida da tripulação. E a marujada, ao tirar a sorte para saber que era o culpado de um mar calmo se tornar bravio, Jonas foi tomado como o responsável.

04. O “profeta fujão” abriu o bico e confessou a seus pares ser responsável pelo mar agitado, por causa de estar fugindo de uma ordem divina recebida. Ao tomar conhecimento de que o mar e todas as coisas foram criadas pelo Deus do tripulante culpado, os marujos tentaram salvar o culpado, porém, quanto mais empreendiam esforços a seu favor, mas agitado ficava o mar. Então, os marinheiros não tiveram outra alternativa, senão lançar o profeta nas águas do mar.

Uma vez lançado ao mar, este se acalmou, e um grande peixe o engoliu (Jonas 1).

05. Ao mencionar a obra literária “A Cruzada de Cachalote”, de Frank Bullen, Myer Pearlman, menciona o tamanho e o hábito desses animais marinhos mencionados pelo caçador Bullen. Em uma de suas caçadas, capturou baleias com 21 metros de comprimento, e cuja cabeça o capitão a calculou em 15 toneladas de peso. Esse capitão fez cair por terra a teoria infundada de intelectuais de bordel, de que a garganta do gigantesco mamífero é pequena para engolir um ser humano adulto. O experimentado marujo relatou fisgado uma baleia que mantinha um tubarão de 4 metros de comprimento em seu estômago. Ainda, acrescentou que, estando moribunda, a baleia “expele o conteúdo de seu estômago”.

06. Em uma matéria do jornal “Springfield Leader”, de 07 de dezembro de 1924, Dr. Straton, um cidadão de Nora Iorque, registrou haver descoberto um homem que teve o mesmo processo de um ser humano no ventre de uma baleia. O marinheiro britânico proprietário da baleeira “Estrela do Oriente”, de nome Bartley, participou de uma expedição para a captura de uma enorme baleia nas proximidades da costa do Labrador, uma província canadense.

07. A embarcação foi virada pelo cetáceo, e apenas dois pescadores foram resgatados por uma baleeira da equipe que ainda conseguiu abater o animal e rebocá-lo para a praia, onde foi esquartejado. No segundo dia, ao abrir o estômago do gigantesco animal, encontraram o companheiro que haviam dado como afogado. Ainda estava vivo e inconsciente, mas se recuperou tempo depois de haver sido internado em um hospital britânico. O caso foi averiguado pelo jornalista investigativo M. de Parville, editor do “Journal des Debates”.

08. Dentro do ventre do grande peixe e sentindo a morte a caminho, o profeta clamou a Iavé, seu senhor e salvador, e este ordenou que o mamífero o vomitasse nas praias de Nínive.

09. Os ninivitas prestavam culto de adoração a Dagom, o deus-peixe, o qual era representado no formato humano e no formato peixe. Essa sociedade idólatra e depravada cria que essa divindade nefasta havia saído das águas do mar para fundar a nação, e que, de tempos em tempos, um mensageiro saído das águas era enviado para lhes aconselhar.

10. O Eterno usou essa estratégia teológica, para que o Jonas, saído das águas, levasse a essa sociedade cruel uma mensagem de arrependimento. Os ninivitas que avistaram o “profeta fujão” saindo das águas, vomitado pelo grande peixe, o acompanharam à cidade de Nínive, e se prestaram como testemunhas do milagre divino.

11. Atraído pela mensagem de arrependimento enunciada pelo profeta saído das águas, de que, caso a comunidade não se consertasse dentro do prazo de 40 dias, a nação seria destruída, o imperador emitiu um edito real conclamando a população a um período de jejum nacional, do qual até os animais dela participaram.

12. Citando Earle, o pastor Isaltino Coelho menciona o historiador grego, Heródoto, o qual descreveu os persas cortarem o pelo de seus cavalos e de suas mulas de carga, em sinal de luto nacional pela morte de um de seus generais.

O ato de se vestir de saco e abstinência de alimentos expressam estado de arrependimento de um povo, e os ninivitas assim procederam.

01.Ante a prova cabal de que a sociedade ninivita havia se arrependido com a mensagem do profeta, o Grande Eu Sou a poupou dos juízos amargos que cairiam sobre ela. Todavia, cerca de 150 anos após o perdão divino, o babilônio Nabopolassar, aliado ao medo Ciaxiares, marcharam para pôr fim ao Império Assírio, que caiu no ano de 612 a.C.

Conclusão dos fatos

01. Após o jovem Rabino de Nazaré haver libertado a um cidadão possuído por um demônio mudo, um grupo de fariseus incircuncisos, numa atitude de zombaria de sua pessoa, pediu-lhe que se lhe mostrasse um sinal, para que, vendo-o, nele cresse.

02. Esses fariseus não somente haviam visto, como tomaram conhecimento dos inúmeros milagres que o jovem pregador havia realizado ao longo de seu ministério. Tinham pleno conhecimento de pessoas que haviam sido curadas de enfermidades mis, de endemoninhados que haviam sido libertos desse estado de escravidão, de haver alimentado multidões com apenas alguns pães e peixes, de fazer coxos andar normalmente, como de andar sobre as águas do Mar da Galileia, enfim, de operar inúmeras maravilhas, atos e fatos de conhecimento de todos, mas nada disso os fariseus conseguiam enxergar, devido à dureza de seus corações.

03. E como resposta ao questionamento desse grupo religioso, o Enviado divino mostrou-lhe que, assim como o profeta Jonas havia passado três dias e três noites no ventre de um grande peixe, para levar uma mensagem de arrependimento a uma sociedade idólatra e cruel a ser destruída, Ele, Jesus de Nazaré, era o “Jonas” que iria passar, também, três dias e três noite no ventre da Terra, e ressuscitaria, como sinal de que a humanidade deve se arrepender de sua existência pecaminosa, condição única para que não seja condenada à perdição eterna.

RNF Cerqueira
Enviado por RNF Cerqueira em 25/02/2021
Reeditado em 26/02/2021
Código do texto: T7192905
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