O HOMEM QUE COLECIONA VERBOS

O homem coleciona os verbos ter, vencer, destruir, enriquecer, gastar, exibir e mentir, para garantir seus investimentos e viver a sua história intensamente. Mas, a vida dá reviravoltas e, em determinado momento, ele sente a necessidade de alcançar novos verbos: dividir, multiplicar investir, respeitar, assistir e reconstruir para chegar ao seu objetivo.

Não satisfeito com o resultado, passa a procurar os verbos esconder, falsificar, esnobar e viajar, para completar sua coleção.

O que ele não sabe é que a vida dá respostas sem se preocupar com a nossa natureza, de maneira crua e feroz, como as pandemias.

Com a chegada do Covid19, ele se vê fechado em si e começa a revelar com más intenções as suas ideias e ideais; chega à conclusão de que, mais do que nunca, necessita conjugar os verbos: mudar, arrepender, conciliar, recriar, esperar, compreender, ajudar e amar, para conviver em paz.

Como sempre, sabemos que cada um faz as suas escolhas de como viver neste mundo complicado e corrido e agora sofrido.

Penso como é triste viver sem a companhia de Tom Jobim e Dominguinhos. Bom é ter Chico Buarque traduzindo as angústias e as alegrias do nosso cotidiano em Cálice e Feijoada Completa. Encantador é saber que Nelson Cavaquinho conquistou o seu direito de sonhar. Prazeroso é ouvir Tim Maia cantar Primavera e, Nara Leão, Liberdade Liberdade, de João do Vale e Augusto Boal.

O homem cria os sonhos e deles gostaria de viver, então, cria condições para aumentar a sua coleção com os verbos: amar, evoluir, reconhecer e ter o prazer de considerar a vida como fruto do seu desempenho.