SEM MEDO

Sentimentos de alegria e tristeza, às vezes, se misturam como desejos ao agirmos com emoção. Assim escreveu Cândido F. Ferreira, ”... Vou mergulhar / sem nenhum medo. / Vou lhe falar / do meu segredo”.

Reconheço que os sentimentos dependem da situação em que nos encontramos, mas, não podemos escolher só pelos sentidos. Precisamos pensar o que fazer com eles em relação às conquistas, o que não significa não sabermos cuidar de nós mesmos, sem medo. Construímos o viver ao ajustar o olhar na direção certa. Mia Couto expressa, “A idade é isto: o peso da luz / com que nos vemos”.

Conversar abrindo o coração, para entender o que acontece ao nosso redor, é atitude para compreender a razão de num minuto estarmos alegres e tristes no outro. Cândido Ferreira questiona, “... o que fazer / Quando o amor mete medo / um medo escondido, que parece segredo...”.

Um dos cuidados para agir sem medo é não entrar em conflito com os sentimentos ao nos dedicar ao que nos dá prazer. Outro é ficar longe das situações desagradáveis. Muitas são as alternativas, mas, não podemos confundir valores e comportamentos. Temos poder para decidir, sem medo de ser feliz, qual o melhor caminho a seguir e até nos surpreendemos com a nossa força, como em Cândido Ferreira, “Não quero mais chorar nem ficar tonto / tento acreditar que já estou pronto / Para recomeçar de um novo ponto. / E outra vez criar um lindo conto”.

Um ponto é certo, não podemos fugir ao que nos amedronta; precisamos medir os conflitos, atitudes e os valores para impor a nossa posição: triste ou alegre, difícil ou fácil, verdade ou mentira. Assim, trataremos o medo sem desviar da questão principal, podendo analisar as possibilidades e as impressões sentimentais como mero estoque argumentativo e coragem para defender os nossos interesses, ou seja, acordarmos os sentidos para conquistarmos posição melhor no futuro. José Castello retrata, “A saudade não é a falta do que fomos, mas do que nunca fomos. Diante dela, só temos a palavra, a mentira, a invenção como consolo”.