DESERTO: MEU, SEU, NOSSO...
Cada Um Carrega Seu Deserto é o título do livro de Álvaro Moreyra, reeditado em 1994. Interessante maneira em que aborda o tema com poemas e crônicas. Deixa claro que somos marcados por “desertos” como se seguíssemos linhas sinuosas na solidão que delimita o nosso viver.
A cidade grande e a vivência em “gaiolas” são exemplos, percebermos o deserto desvelado pelo vazio. Manoel de Barros expressa, “Deixamos Bernardo de manhã / em sua sepultura / De tarde o deserto já estava em nós”.
Como definir o meu, o seu ou o nosso deserto, se na vida diária a necessidade nos leva tentar interferir, dentro da versatilidade de adaptação e aceitação, com procedimentos em tempo real?
O deserto se instala em nós como tendência complexa, quando nada agregamos aos nossos valores. Álvaro Moreyra confirma, “... Estão sempre, na verdade, sem ninguém. Cada um carrega seu deserto”.
Meu deserto é responsabilidade difícil de carregar; então, faço com que o ritmo do viver seja parte da estratégia com que melhoro minhas relações cotidianas, através da razão e autocontrole e na formação de hábitos, potencializando o dia.
Ciente da necessidade busco pelo menos o momento importante para tomar a decisão certa, como conquista temporal. Não me entrego ao “deserto” e controlo as emoções na superação do vazio. Manoel de Barros questiona se “Abandono de um ser: / seria maior / que o seu deserto?”.
Para pensar em como carregar o “deserto”, devemos procurar a melhor maneira para acompanhar “tais” modernidades, porque nelas encontramos pertinentes “desertos” como interface dos ciclos da vida na abordagem de variadas situações que conduzem à solidão e ao vazio, no debate sobre o papel de cada um ante o “deserto” até então vivenciado.
Ao revisar a atualidade como única referência para o esclarecimento das ações e relacionamentos que, gerais e globais, podem manter as inovações, enfrentamos o “deserto” com a agradável sensação de que quando se fecha uma porta, abre-se outra, para viver a paisagem. Como em Manoel de Barros, “Visões descobrem descaminhos / para as palavras”.