ANO NOVO

Diz a lenda que o novo ano se revela em mudanças. Mas, precisamos ficar atentos, que a afirmação contém apenas meia verdade; pouco se fala na possibilidade de realizarmos novas conquistas. Fabrício Marques diz que “não leves desta hora / nada que não seja doce...”, ou seja, não encontramos no calendário nenhuma mágica para parar o tempo.

Acordo das festas do ano novo ouvindo promessas de reinício diferente em todos os sentidos. Para acontecer, basta acreditar que é possível alcançar a sensação de bem estar, como nas palavras de Torquato Neto, ”... Estou sereno, estou tranquilo, estou contente / Nesta manhã nascendo devagar / Mas de repente uma certeza me espanta / Ninguém mais canta e eu sozinho / Não posso cantar...”.

É importante estarmos cientes de que, na vida assumimos papéis que resistem ao tempo, através das nossas atitudes, o que nos torna parceiro de todas as horas: “sorrir cores, misturar olhares e explorar os tons da beleza”. Torquato expressa, “... Ai quem me dera que hoje fosse o dia / De eu ser feliz... / Cantando com vontade e alegria...”.

O ano novo traz euforia e expectativas; ansiedade por mudanças no viver. Porém, sabemos que podemos desenvolver análise crítica, adquirindo habilidades e valores necessários para sermos éticos e melhorarmos o cenário do cotidiano. Os passos que adotamos podem gerar alegria ou sofrimento. A preocupação pode significar desafios, a compreensão pelas diferenças, a confiança nas escolhas, a seleção de com quem enfrentaremos e dividiremos as mudanças e o tempo, a revelação dos sentimentos, a recepção de novos amigos e reflexões sobre o interessante e o desafiador. Ainda em Torquato Neto, “... Ai quem me dera que outra vez na vida / Meu coração não se perdesse à toa / E que eu soubesse muito bem que é muito boa / Essa cantiga nova que inventei...”.

Em cada passagem de ano, os meus sonhos se intensificam, junto com a curiosidade. Acredito estar preparada para dar e receber abraços e ganhar ao admitir as mudanças. Hora em que me ocorrem as perguntas: quem somos que não rejuvenescemos na primavera? Por que não florescem orquídeas no nosso caminho? Por que nossa beleza não é moldada pela brisa? Por que não nos defendemos dos espinhos? Não nos encantamos com o perfume das rosas? Por que rascunhamos canções ao acaso? Não sabemos quanto tempo temos para as recordações?

A realidade no novo ano é sabermos a hora em que nossas singularidades e imperfeições importam e impactam o tempo como garantia de felicidade.