Há humor na literatura brasileira?

Diz que a literatura brasileira é chata, sem graça, quem jamais se dispôs a ler um livro de um bom escritor brasileiro, e quem, tendo lido algum livro de escritor brasileiro, leu um de escritor desprovido de talento, ou de um escritor, para usar uma gíria moderna, lacrador, ou, como se dizia há pouco tempo, engajado. Engajado em quê? Em defender uma ideologia malsã que corrói tudo o que toca e que não tem o desejo de contar, despretensiosamente, uma boa estória, aventura envolvente de uma personagem cativante - e o escritor lacrador é o legítimo herdeiro do escritor engajado.

E é a literatura brasileira rica de bons livros de humor, livros que divertem, entretêm, educam, agradáveis, escritos por talentosos escritores brasileiros? Sim, é. São inúmeros os escritores brasileiros que se rivalizam com os melhores de outras nações. E no humor tem a literatura brasileira mestres e escritores que, mesmo de pouco talento, souberam escrever livros interessantes, de humor impagável, que de seus autores revelam muito bom gosto, criatividade, espirituosidade, e perspicácia, que lhes propiciaram os meios para identificarem da nossa sociedade e do nosso povo aspectos sutis que escritores de maior gênio não detectaram - e muitos dos de gênio superior, detectando-os, não souberam registrá-los em suas obras, e dos que souberam, não o fizeram com a maestria que o talento superior que os animava exigia.

Sem o desejo de me estender neste texto, que nada mais é do que o registro de alguns pensamentos que hoje de manhã, doze de dezembro de 2.020, afloraram-se à mente, digo que a literatura brasileira é rica, riquíssima, de humor, de graça fina, de comédia contagiante, e que, infelizmente, ela é, num tempo em que as pessoas em sua maioria ocupam-se com outras formas de entretenimento em detrimento da leitura de contos, novelas, romances e peças teatrais, pouco, ou nada, conhecida dos brasileiros. Dentre os escritores brasileiros que escreveram obras de humor que nos fazem rir a bandeiras despregadas, há os pequenos, os médios, os grandes, os gigantes. E aqui, não sendo meu propósito classificar escritores em grupos distintos, agrupando os pequenos com os pequenos, os médios com os médios, os grandes com os grandes, os gigantes com os gigantes, discriminando-os, cito, em ordem alfabética, alguns nomes da nossa literatura acompanhados cada qual do título de uma ou mais de suas obras ricas de humor.

Arthur Azevedo - vários de seus contos.

Carlos Drummond de Andrade - Contos de Aprendiz.

França Júnior - peças teatrais - comédias de costumes.

Graciliano Ramos - Alexandre e Outros Heróis.

Herbert Sales - O Fruto do Vosso Ventre.

Joaquim Manuel de Macedo - A Carteira de Meu Tio.

José Cândido de Carvalho - Porque Lula Bergantim não Atravessou o Rubicón.

José Osvaldo de Meira Penna - Cândido Pafúncio.

Lima Barreto - O Homen que Sabia Javanês.

Machado de Assis, além de dezenas de contos, o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Monteiro Lobato - alguns volumes da série O Sítio do Pica-pau Amarelo. Dentre eles, os que mais me agradaram: O Minotauro; e, Os Doze Trabalhos de Hércules.

Estes são alguns, poucos, escritores que me vêm à mente. Todos eles têm algo a oferecer àqueles que se dignam a ler-lhes os livros. Quem os lê gargalham, dobram-se de tanto rir, choram de tanto rir. Divertem-se.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 13/12/2020
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