A EXCEÇÃO

Toda a regra tem a sua exceção; existe e sempre está no meu caminho fosse algum desequilíbrio social ou, talvez, o adorno nos fatos corriqueiros. É o que vejo na poesia de Jurandir Bezerra, no livro Os Limites do Pássaro, “Sinônimo de paz / não é o lago, nem o cisne, / mas teus olhos...”

A exceção é questionável quando me permito dizer que só é permitida para “os mesmos”; para os amigos ou para “grandes ambições”, não me fazendo saber exatamente o que esperar dela. Por vezes, sinto-me apreensiva, noutras a encontro favorecendo o “especial” na tentativa de equilíbrio entre o necessário e o justo.

Sou curiosa e tento lidar com a exceção com o risco e o medo; fracasso e sucesso. Tudo é possível, quando meu ritmo permite sobrar tempo, para descobrir a exceção como expectativa e oportunidade de me encantar com o mundo; motivo-me no criar uma realidade superior, então, passo horas ouvindo música e lendo, principalmente, poemas.

Foi como cheguei à conclusão de que o poeta é exceção, porque ele finge não conhecer as regras, apresentando-se esplendoroso em expressões românticas e/ou ríspidas, alegres e/ou tristes. Difícil para ele colocar o “pé no freio”, pois, diariamente vive a sua imaginação. Expõe-se em estímulos no descrever a situação – fictícia - em que todos estão felizes ou tristes. Mesmo o sorriso, às vezes, ele descreve tristemente. Mas, se revela completo em sua medida e ousado na sua emoção. Encontro em Vera Casa Nova, “Em cada verso se escreve o soluço / Em cada verso se inscreve o desejo / Dos dias melhores saudades, / Dos corpos amados prazer...”

Costumamos retratar como diferente o ritmo do poeta, por trabalhar livremente sua consciência poética ao se apropriar das situações do viver, principalmente, na busca incessante da exceção, ao construir o poema em forma de conhecimento, com o que se habilita a promover o mundo. Maneira que seu olhar seleciona para criar, enquanto resguarda segredos e palavras que gritam por liberdade; para Getúlio Neves, “... esperança é uma / palavra opaca / e permanecemos cegos, espelho / da nossa incerteza.”

O poeta não tem a obrigação de explicar; sim, de vivenciar e descrever a situação incomum: a exceção. Joaquim Cardozo coloca, “... Neste teu fruto esplêndido e vazio / Há um timbre, uma cor, um calafrio / De descobertas e de profecias...”