Morro da Cruz
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
Parece que, nas cidades menores há mais devoção...
Nestas, quase sempre se vê uma grande cruz fincada em algum lugar estratégico: numa praça, em frente uma igreja, no cume de montanha.
A ela, devotos convergem, cultivam as suas práticas religiosas; na minha cidade não é diferente quanto a isso.
No “Morro da Cruz” em Campos Belos, há uma enorme cruz no seu cume; bastante conhecido pelo cultivo da tradição católica; há mais de meio século, eu creio.
Percebo que a cada ano a demanda por essa travessia religiosa à cruz no morro, se intensifica mais, se recignifica...
Na Semana Santa os católicos rumam à montanha; alguns idosos que não contam mais com as forças de antes, não se arriscam a subirem ao íngreme relevo.
Muitos devem se lamentarem de não mais poderem participar da penitência, pelas energias lhes faltarem.
A comunidade eclesiástica fervorosa são os irmãos católicos. Devotos doutras instituições cristãs adoram a Deus junto à natureza, sem a necessidade duma cruz a isso.
Na capital mineira o 'Sermão do Monte', evento evangélico parecido ao que narro, também ganha forças a cada ano. Onde participam pessoas de vários credos e a tradição se estende…
Não sou adepto da busca ou adoração a Deus nos montes, mas não duvido da sua eficácia; — obrigações sagradas nunca é demais…
Lembro-me de ter subido uma única vez ao Morro da Cruz da minha cidade, não numa ocasião dessa. Se deu ainda na minha mocidade.
Desejo retornar mais vezes, se der tempo.
É bom estar no cume desse monte, respirar livremente seu puro ar. Fazer orações, ver lá das alturas minha cidade, com um novo olhar; agora mais crescida e formosa…
O Morro da Cruz é para nós, cidadãos desse lugar, uma área de beleza natural de especial grandeza; que deve contar com a nossa admiração e respeito sempre.
Seria bom se esse santuário não fosse visitado, unicamente por fiéis, mas por moradores de modo geral; para assim ser mais conhecido, amado…
Ao estar nesse mirante de contemplação da vida, somos agraciados pela deslumbrante beleza paisagística, do entorno da cidade e, do Horizonte além.
Esse presente do Nosso Criador é um daqueles lugares que nos permite ver a integração e a exuberância do trabalho da natureza…
Ainda abriga uma biodiversidade riquíssima que precisa ser mais pesquisada e protegida.
No Morro da Cruz , homens tementes do passado, fincaram uma cruz de madeira a indicar uma fé, a devoção cristã que cultivavam.
Não somente esta colina da cruz , mas outras do seu entorno embelezam, protegem a cidade dos fortes ventos, erosões... Além de zonas de recargas de reservatórios aquíferos, dentre outros benefícios.
As nossas montanhas possuem características que permitem a sobrevivência das árvores, plantas e animais ameaçados de extinção; são molduras naturais…
Saibamos verdadeiramente, valorizar mais essa preciosidade Divina que temos diante de nós.
Que os nossos legisladores locais criem leis, de preservação das nossas belezas naturais. Se possível, uma, sobre o seu
tombamento como patrimônio perpétuo da cidade.
A sua preservação significa a manutenção da tradição religiosa do lugar, bem como das espécies que nele vivem e do próprio homem.
Uma população de homens, plantas e bichos órfãos, seria o fim. Não?
O evento do Morro da Cruz fortalece a união entre os moradores da localidade. Estimula a coletividade a uma interação à fraternidade não somente entre si, mas também com o Meio Ambiente.
A comunhão entre os irmãos e a natureza pode tornar-se um verdadeiro marco da religiosidade e da fé, do povo campos-belense.
Saibamos da sua importância e sintamo-nos dono deste imponente patrimônio natural, religioso (o Morro da Cruz).
Tenhamos esse real sentimento!
*Nemilson Vieira
Gestor Ambiental e Acadêmico Literário.
Matéria original publicada no Jornal "O Vetor".
(2016).