Cacatua de crista amarela
Depois de toda essa longa caminhada linha adentro, como, pela segunda vez, o louco poeta em meio ao vendaval dos incontáveis e virtuosos versos, no vai e vem das letras que sopravam para um e outro lado incansavelmente em meio as noites e silenciosas madrugadas tantas, motivo de orgulho e prazer para todos que veem sua liberdade no fino bico dourado de uma pena, enfim; motivo de orgulho e prazer repito, face ao poder que nelas existem, capaz de transformar as obscuras mentes e materializar suas ideias e pensamentos à realidade ou ao Mundo de Deus que por vez fizera parte de Seu projeto, de Sua engenharia e estrutura com um minucioso cálculo desde o princípio, tendo como base a verdade; deixando-me meio que atordoado, aturdido enfim, digo, nessa longa e estreita estrada da vida, sempre como um aprendiz, um eterno e apaixonado aprendiz, sim, de fato nunca sabemos tudo, ou nunca tudo sabemos; não sabemos nada, a ponto de doer em meus ossos e me espremer de contínuo no anseio a desvendar cada vez mais o mistério dessa vida, o mistério da humanidade, o que é puramente normal e sadio, chegando a levar minha mão à testa e num segundo de suspiro com as unhas, numa breve concentração, arranhar as sobrancelhas como que buscando uma solução, chegando-me repito, a bradar em tom maior e bom som o "ai de mim...ai de mim..." num altissonante e extasiante gemido grego, ou num “ai de mim...” Miqueiano, no que diz: “ai de mim! porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja” (Mq 7), mas enfim, sinto-me esse louco poeta nesse luminoso bico e como peregrino viajante tendo a mão seu surrado alforje de couro cru em sua dupla cinta de dois dedos embainhado com as linhas da esperança preso à cintura, SIGO A CARREIRA, como que um “Pássaro na Gaiola” - de Madame Guyon – no que diz: “Preso na gaiola não posso sair, Mas minha prisão não pode me impedir a liberdade do coração Que sempre voa em Tua direção, Minh’alma livre a Ti vai se unir” Ou como, e quando, a Cacatua de cor branca com sua belíssima crista amarela e sua tradicional intensão... Isso é literatura.