HIROSHIMA, A TRAGÉDIA DESNECESSÁRIA
Há 75 anos, no dia 6 de agosto de 1945, o presidente americano Truman dirigiu-se à nação:
"Há algumas horas, um avião americano lançou uma bomba sobre Hiroshima e destruiu as instalações do inimigo... Os japoneses começaram a guerra pelo ar, em Pearl Harbor. Foram retribuídos em muitas vezes. Mas ainda não é o fim... É uma bomba atômica. É a utilização do poder básico do universo... Destruiremos seus portos, suas fábricas e suas comunicações. Que fique bem claro: destruiremos completamente o poder do Japão de guerrear."
O clima de guerra contra o Japão era moldado pelo profundo ódio aos japoneses. Allan Nevins, historiador premiado, escreveu: "È provável que em toda a nossa história nenhum inimigo tenha sido tão odiado quanto os japoneses".
O almirante William Halsey encorajava seus homens a "matarem os macacos amarelos", e a "conseguir mais carne de macaco" ..."essa massa anônima de vermes".
A revista Time afirmava em editorial: "O japonês comum, irracional, é ignorante. Talvez seja humano. Mas nada indica isso."
No final de 1944, a marinha japonesa tinha sido destroçada, as forças aéreas dizimadas, a ponto do Japão não ter nenhum navio ou avião para defender o seu território. O suprimento de víveres e o moral da população derrotados. Na Manchúria o exército soviético preparava-se para invadir o Japão.
Em fevereiro de 1945 o imperador escreveu: "Sinto muito em dizer que a derrota do Japão é inevitável".
Em maio daquele ano o Conselho Supremo de Guerra contactava-se com os soviéticos para conseguir ajuda para assegurar melhores condições de rendição com os americanos, que em mensagem dos russos a Truman asseveram: ""A rendição incondicional é o único obstáculo para a paz."
Para os japoneses, o imperador era uma figura sagrada e o centro da sua religião xintoísta, (parecido como o Papa para os católicos), e era insuportável vê-lo enforcado e humilhado como Mussolini. A ponto do General Douglas MacArthur escrever: "O enforcamento do imperador para os japoneses seria comparável à crucificação de Cristo para nós. Todos lutariam até a morte, como formigas."
Contudo, em 25 de julho de 1945, Truman aprovou uma diretiva ordenando que a bomba atômicva fosse usada contra o Japão depois de 3 de agosto, quando o tempo permitisse.
Seis dos sete oficiais norte-americanos de cinco estrela e atuavam no comando da guerra no Pacífico, entre eles o general MacArthur, Eisenhowe, Arnold e os almirantes Leahy, King e Nimitz, consideraram a bomba moralmente censurável e militarmente desnecessária.
Eisenhower escreveu em suas memórias: "Stimson me disse que iam jogar a bomba sobre os japoneses. Escutei e não me voluntariei a nada, pois, afinal, minha guerra na Europa tinha acabado e aquilo não me dizia respeito. Mas fui ficando cada vez mais deprimido só de pensar naquilo. Então ele pediu minha opinião. Eu lhe disse que era contra por dois motivos. Primeiro, os japoneses estavam dispostos a se render e não era necessário atingí-los com aquela coisa horrível. Segundo, eu não queria que o nosso país fosse o primeiro a usar aquela arma".
Por sua vez MacArthur comandante supremo das forças do Pacífico, considerou em texto enviado ao presidente Truman: "completamente desnecessária do ponto de vista necessário", e afirmou que os japoneses estavam dispostos a se render se fosse mantido o imperador" (o que acabou acontecendo).
Mais tarde o general Curtis "Demon" LeMay declarou: "Mesmo sem a bomba atômica o Japão teria se rendido. A bomba atômica não teve nada a ver com o fim da guerra".
Como era previsto a meses antes do lançamento da bomba atômica os japoneses puderam conservar o imperador, cuja retenção foi fundamental para a recuperação do Japão no pós guerra.
A rendição aconteceria mesmo sem os lançamentos das bombas; cujo propósito foi lançar os americanos como potencia mundial e exibir as cartas de negociações da guerra fria.
Para finalizar, ficamos com as palavras de Churchill a Truman no primeiro encontro que tiveram após o final da guerra: "Senhor presidente, espero que o senhor tenha sua resposta pronta para aquela hora em que o senhor e eu estivermos diante de São Pedro e ele disser: para mim, vocês dois são os responsáveis por aquelas bombas atômicas. O que têm a dizer sobre isso?"
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Baseado no livro "A história não contada dos Estados Unidos", de Peter Kuznick e Oliver Stone; "Faro Editorial", 2014.
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Obrigado pela leitura
Sajob