NA SOMBRA DOS SENTIDOS
Socialmente falando, desempenhamos papel fundamental no mundo dos sentidos, ao discutirmos sobre a nossa “difícil” existência e convivência. A condição de “difícil” decorre de nos encontrarmos na igualdade e nas diferenças, o que não é compreendido com facilidade; há quem se sinta vitimado pelo preconceito dos “radicais”, o que penso ser fruto da intransigência e, até mesmo, da violência. Nas palavras de Ivaldino Tasca, “... Por que a gente demora tanto para superar alguns traumas?... Agora, livre, tinha a incompreensão de que poderia ter se libertado antes do fardo. Pura bobagem, a gente se livra quando a gente consegue, nem antes, nem depois...”.
Na sombra dos sentidos a intolerância se descobre no desejo não realizado e na incompreensão social e política, mais precisamente, na dúvida da individualidade vivenciada de maneiras diferentes e com resultados opostos; a cultura questionando valores frente ao universo da sensibilidade e do reencantamento pelo mundo através da ética e da moral. Agostinho Both questiona, “... E quem somos nós diante do universo? Com certeza, não muito mais que um grilo no campo, entretanto, ele canta para as estrelas...”.
Na sombra dos sentidos, pergunto: a razão está em descrédito na visão do mundo? A racionalidade foi engolida pela politicagem frente ao cenário de ruínas? Dançamos a música que acoberta os indícios ético-políticos na sombra dos sentidos da nossa existência?
Assim, sobrevivemos na imperdoável afronta à moralidade, como provocação aos sentidos; ponto virado em polêmicas decorrente da crise de valores. A respeitabilidade das opiniões se encontra em profunda contradição, onde o nosso relacionamento pessoal é conflituoso, que o saber questiona o poder. Perseu Abramo indaga “circunstância ou tendência”?