Como foram os primeiros passos da minha atividade na escrita
COMO FORAM OS PRIMEIROS PASSOS DA MINHA ATIVIDADE NA ESCRITA
Onofre Ferreira do Prado
O fascínio pelas letras me acompanha desde à juventude, escrevendo os primeiros textos, encantado com a leitura da poesia de Augusto dos Anjos, Castro Alves, Fagundes Varela, Álvares de Azevedo, Adelino Fontoura, Auta de Sousa, Florbela Espanca, dentre outros autores de ficção e do verso.
E quem na juventude não se encantou com a poesia de Casimiro de Abreu, (como no poema Meus Oito Anos), Fernando Pessoa, Drummond, Bilac e de tantos outros artistas das letras?
Mas foi mesmo a partir de 1999, movido pelo incentivo dos amigos, Napoleão Valadares, José Pimentel Filho (Zezito), Alan Lopes Gonçalves, entre outros, que passei a sentir maior gosto pelos livros, levando adiante o fascinante ofício da escrita.
Até ali, não fazia ideia do quanto que a leitura e a escrita poderiam ser benéficos em meu estado físico e espiritual. Não imaginava como viriam minimizar o medo sombrio da morte, do vazio e da indefinível dor da alma.
Os dois casos, tanto o físico, quanto o espiritual eram recorrentes. O primeiro, por uma alteração na válvula mitral que prejudicava o funcionamento do coração, trazendo frequentes mal-estar, arritmias e taquicardias. O segundo, por um trauma de infância, causado pelas mortes súbitas da minha mãe, aos 37 anos, e, no ano seguinte, do meu pai, aos 42, quando eu tinha onze e doze anos, respectivamente.
Por tudo que passei, esperava morrer moço, mas Deus tem sido muito generoso.
Tudo me leva a crer, que a ajuda da medicina e a ocupação com os livros foram os principais responsáveis para dar uma virada na minha vida, permitindo-me a reduzir a cegueira do conhecimento e a superação daquele trauma que tanto me afligia.
O primeiro texto publicado foi em 1999, com o poema Homenagem a um herói, que vai abaixo, para homenagear o Veterano da Segunda Guerra Mundial, Hemetério Gonçalves (1918-2002), primo e amigo de saudosos tempos, com quem tive o privilégio de conversar muitas vezes sobre a guerra, sendo ele, o único urucuiano que lutou nos campos da Itália, para defender a honra e a liberdade de um povo, numa guerra odiosa, pela vaidade de poder e demonstração de força, levando vários países a uma guerra catastrófica, ceifando a vida de milhares de inocentes, com o tristíssimo surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários, com fortes objetivos militaristas e expansionistas.-
Hemetério Gonçalves, merece muito mais que um simples poema em sua homenagem. Merece um busto em praça pública da cidade de Buritis, onde nasceu, para reverenciar com justiça o seu valor, pelo seu ato de grandeza cívica e de bravura, mas vamos ao poema:
HOMENAGEM A UM HERÓI
Ao herói Hemetério Gonçalves,
Rendo a ti esta simples homenagem
Pela árdua campanha na Itália,
Pela tua bravura e tua coragem.
Na Segunda Guerra Mundial,
Tu foste herói, tu foste forte
E viste a morte junto a teus pés,
Mas o Senhor não quis a tua morte.
Quantos pereceram em combate
E não tiveram a mesma sorte,
De alguns nem túmulo se conhece,
Só restou saudade, a dor e a prece!
A história será implacável,
Jamais o teu nome esquecerá,
Tu foste por Deus abençoado
E como herói - serás lembrado!
(Urucuiano, quem nasce próximo ou às margens do rio Urucuia, um dos principais afluentes da margem esquerda do rio São Francisco. É ainda, chamado de urucuiano, quem nasce na cidade de Urucuia (MG), também às margens do referido rio.)