O que é preciso escrever para ser lido

Hoje resolvi fazer uma análise autocrítica.

Estou por aqui no RL desde 2009.

Como muitos outros alterno momentos de maior suposta produção literária, já que sou um amador nas artes gráficas, com outros de completa ausência, como o recente de 16 meses sem nada escrever.

É estranho isso. De repente vem a febre que me impulsiona a tentar criar algo, e também subitamente essa febre passa, assim como desejamos ardentemente que essa pandemia terrível (não quero invocar seu tétrico nome) que hoje nos assola se finde.

Dizem que os grandes escritores são estimulados por momentos de agonia e sofrimento. Não me vejo assim. Quando me preocupo em demasia me desconcentro e nada consigo criar. Talvez por isso eu seja um aspirante a escritor medíocre e pouco lido.

Mas assolado pelas preocupações virais atuais, resolvi atentar para a frequência de publicações aqui no RL, de acordo com a classificação dos textos; lá vai então:

1) Poesias: quase 2 milhões e 400 mil publicações;

2) Pensamentos: em torno de 465 mil (Um abismo em relação ao primeiro lugar);

3) Frases: quase 370 mil;

4) Crônicas: quase 260 mil;

5) Contos: beirando os 202 mil;

Os demais textos não superam a marca de 200 mil publicações.

Me pergunto então o que os frequentadores deste espaço, joia rara em meio à podridão cultural que reina na internet, estão a procurar?

O resgate dos sonhos, ilusões e romantismo perdidos?

A avassaladora supremacia do conteúdo poético publicado atesta essa afirmação. Muitos poetas do RL como assim sempre o foi, são inspirados pela dor e pela decepção em seus relacionamentos terrenos e produzem pérolas regadas por lágrimas; mas felizmente muitos outros, embora em minoria, são movidos por esperança e fé no futuro que está por vir.

Tem como referências Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector ou Mario Quintana, entre tantos outros gênios da Literatura.

No segundo pelotão, muito abaixo em termos numéricos, surgem as produções que navegam entre a criação poética e a realidade (pensamentos e frases), críticas e ensaios sobre o cotidiano real em diversos aspectos (crônicas) e ficção de todos os tipos (contos).

Existem por aqui nomes certos e tradicionais, cuja simples produção de um novo texto já o credencia (o texto) a novas leituras. Tipo o que acontece ao escolhermos um filme pela presença de atores consagrados e não pela temática em si. Natural, já que um bom ator ou escritor carrega consigo um passado de boa reputação naquilo que faz. O sucesso e a relevância não vem por acaso.

Mas coexistem também aqueles que pertencem e são escorados pelo cotidiano real e que tecem seus escritos baseando-se em fatos concretos do presente ou passado. Navegam pela política, história, filosofia, etc. Não se intitulam poetas. Talvez aí estejam inseridos os cronistas. Inspiram-se nos mestres, como Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Raquel de Queiroz, só para citar alguns expoentes.

Assim caminha a humanidade...

Para finalizar, já que me propus à autocrítica, tenho uma média até aqui de cerca de mais de 130 leituras por texto, desde dezembro de 2009. Tenho textos dos quais gosto e foram pouco lidos, sendo que o contrário também é verdadeiro. Confesso: gostaria de gozar de mais popularidade aqui no RL. Me sinto um tanto quanto frustrado.

A vaidade é sim um dos sete pecados capitais, a que todos estamos sujeitos. Mereço ser perdoado.

Tento então responder à pergunta que titula esta reflexão, mas em verdade não tenho a resposta. A gente escreve o que vivencia circunstancialmente. De outra forma não seríamos nós mesmos, e sim uma caricatura à procura de ilusório reconhecimento.

Este texto provavelmente será mais um na galeria dos que pouco interesse despertam. Mas fica o registro...