SOBRE O MÉTODO II (CLTS, escrita, aprendizado, vitórias, pontes e outras coisinhas)

AVISO: ESSE TEXTO CONTÉM SPOILER DO CONTO "E A VIDA QUE ARDIA SEM EXPLICAÇÃO - CLTS 10".

CASO VOCÊ NÃO TENHA LIDO, PARE AGORA E VÁ LER.

É SÉRIO. LÊ LÁ. ME AJUDA, PELAMOR DE DEUS!!!

AVISO 2: Esse é um daqueles textos ENORMES onde eu falo de um monte de coisa e principalmente de mim. Se você não gosta de textos onde o autor fala mais dele do que de outra coisa, deixarei uma lista de recantistas EXCELENTES para você visitar.

Tendo dito isso... fique por sua conta e risco.

Passe um álcool em gel nas mãos e "simbora!"

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GLÓRIA A DEUS! GANHEI, MÃE! kkkkkkkk

Depois de três participações consecutivas no CLTS, consegui pela primeira vez ficar em primeiro lugar. Eita como eu tô feliz!

Mas calma! Tem algumas coisas que eu queria falar e desde já aviso que isso é MINHA OPINIÃO. Você possui de Deus uma coisa chamada LIVRE-ARBÍTRIO, ou... para que eu agrade gregos e troianos, LIVRE-AGÊNCIA, que ambos significam a liberdade de se fazer o que quiser. Portanto, tens a liberdade de discordar da cada linha desse artigo. Só peço encarecidamente que não faça dos comentários uma discussão para "FALAR ALGUMAS VERDADES NA MINHA CARA!". Vamos com calma, até porque eu tenho álcool em gel. Façamos um acordo e seremos "migos". S2

A primeira vez que participei do CLTS, era a oitava edição. Não imaginava o que enfrentaria pela frente, então decidi, antes de mais nada, ler pelo menos um texto de cada participante que se inscrevera. Não consegui ler todos, mas dos que li senti qualidade. Sendo assim quis me preparar e escrevi uma história de fantasma que foi trabalhada por um mês.

O primeiro texto daquele desafio foi O LANCEIRO DOS PAMPAS, de Gilson Raimundo. Quando li, me atemorizei, haja vista o texto ser muito bom mesmo e imaginei que se o primeiro texto foi daquele nível, os demais seriam verdadeiros tratores em cima de mim.

Vieram textos muito bons. Naquela edição os vencedores foram:

1 - BALÕES (EDISON OLIVEIRA)DISSECANDO

2 - O SILÊNCIO DA CASA (EU)

3 - A CASA DOS TIJOLINHOS VERMELHOS (FHELUANY NOGUEIRA)

No particular, recebi instruções de Iolanda Pinheiro. Meu enredo havia inconsistências. Gilson mesmo me mostrou que repeti muitos pronomes "me minha meu me". Teve gente que leu e eu precisei explicar uma coisinha e outra.

E eles estavam certos. Tirei essa conclusão ao reler depois de um tempo.

Resultado: aprendizado.

No CLTS 09 eu pude decidir um tema. Escolhi STALKER e como era um tema que quase ninguém usou, quis participar com uma história nesse tema.

Amei o enredo. Me dediquei um pouco mais que o concurso anterior. A edição 9 foi excelente. Nenhum texto ruim ou apenas bom. Todos eu amei. E tinha mais participantes.

Os vencedores foram:

1 - A ÚLTIMA VIAGEM DO SHINDA OTOKO (GILSON RAIMUNDO)

2 - A CAÇA (EU)

3 - Houve um empate entre dois textos.

A BABÁ (JONATHAN KING)

SOBRE AMORES E MALDIÇÕES DE PAPEL (EDISON OLIVEIRA) DISSECANDO

Recebi muitos elogios sobre esse texto. Porém Wallace Amorim, amigo meu, desceu a lenha.

Ele estava certo.

Resultado: mais aprendizado.

Chegou o CLTS 10. Me arrisquei outra vez. O número de participantes foi maior.

A princípio postei um conto chamado BRANCO que pelos comentários agradou bastante. Porém um autor chegou em mim e deixou uma crítica.

Magoou.

Saí do CLTS.

Decidi apenas ler e comentar e participar apenas votando.

Porém por incentivo de um amigo recantista BATISTA ANDRADE e também de outro autor que nem amizade eu tinha antes, Anderson Roberto do Rosário, me inspirei e decidi voltar.

Porém fiquei com o que aquele autor anterior havia me falado antes. E esse autor (Sim, Dissecando, é tu mesmo) havia me dito queimou em mim e impulsionava a querer algo novo.

Nasceu E A VIDA QUE ARDIA SEM EXPLICAÇÃO.

Pelos comentários que recebi, deve ter sido meu pior texto pra concurso de terror. E eu entendo. Já já tecerei comentários sobre o PORQUÊ coloquei ele no lugar de BRANCO.

Recebi muitos comentários positivos e nenhum negativo. Mas muitos autores me deram várias dicas e foram sinceros em suas opiniões a respeito do conto. A propósito, esse foi o propósito do certame desde sempre: crescimento.

Antes que me estenda ou alguém ache que quero polemizar sobre assunto A e B, assevero que o CLTS é o melhor caminho para quem quer aprender sobre escrita, terror e suspense. Aliás, defeito tudo e todos tem, todavia os caras que organizam tiveram a excelente idéia de escolher um texto meu e um texto seu, montar uma coletânea, enviar para a editora e NOS PUBLICAR DE GRAÇA! Sim, eu falei DE GRAÇA! Eu não paguei um centavo e os caras de bom grado aceitaram me publicar.

Se você que está lendo isso não conhece o CLTS, te convido a conhecer. Leia os textos dos concursos. Não apenas os vencedores. Leia todos. Devore, comente um por um. Veja o que cada autor consegue criar com um tema e um número de linhas. É brilhante. Se quiser, não fique de fora. Participe do CLTS 11. Todos estamos aqui para aprender e nos divertirmos... e vencer na medida do possível, claro kkkk.

Voltando ao CLTS 10. Postei.

Os vencedores foram, por incrível que pareça:

1 - E A VIDA QUE ARDIA SEM EXPLICAÇÃO (EU)

2 - JUVENAL, O POETA DO SERTÃO (GILSON RAIMUNDO)

3 - OLIVIE (ANA CAROL)

Fiquei muito alegre quando saiu o resultado. Meu texto é bom?

É claro! Não sou falso humilde e nem arrogante. Só eu sei do meu esforço.

Porém, abro um parênteses sobre essa Vitória, uma vez que na minha opinião, três fatores contribuíram.

1° o texto que ficou em segundo lugar recebeu uma nota que na minha opinião foi injusta. Se ele recebe uma nota um ponto só maior, ele venceria sem dúvida.

2° Se você fizer a soma, a vencedora foi a autora SABOR DE SANGUE, com um excelente conto: SOB OS PORÕES DA INSANIDADE. Porém como ela não conseguiu comentar todos os textos, foi desclassificada. Por um pouquinho só ela ganhava fácil fácil.

3° Veja o placar. Houveram muitas notas 7 e 8 que empataram muitos autores. Sendo assim, muitos não subiram.

Resumindo, digo que a ocasião acabou influenciando. E isso conta, não sejamos hipócritas.

O resultado então seria:

1 - JUVENAL, O POETA DO SERTÃO (GILSON RAIMUNDO)

2 - E A VIDA QUE ARDIA SEM EXPLICAÇÃO (EU.... ETERNO VICE KKKK)

3 - OLIVIE (ANA CAROL)

O ranking, na minha opinião e sem bajular ninguém, devia ser:

1 - SOB OS PORÕES DA INSANIDADE (SABOR DE SANGUE)

2 - OLIVIE (ANA CAROL)

3 - R. M. RENFIELD (ANDERSON ROBERTO DO ROSÁRIO)

"Qual é, Leandro? Tá puxando o saco de autor?"

Amigo, nunca precisei disso. Olha as duas últimas edições. Veja onde fiquei. Leia o que há em minha escrivaninha.

Aliás, faço menção das minhas notas: dei 10 para todos.

Por que fiz isso?

Por dois motivos:

1° Reconheço o talento e a capacidade de cada autor em cada texto. Então avalio o que mais me tocou.

Em um texto...

Escrita: 10

Em outro...

Enredo: 10

Outro...

Originalidade: 10

Final: 10

Poder narrativo: 10

Uso de símbolos: 10

Eis o motivo. Até me questionaram do porquê votei assim. Porque esse foi meu critério. Eu tenho culpa de ter gostado de todos, ué? Me crucifiquem então e soltem Barrabas!

2° Já disse anteriormente no primeiro artigo SOBRE O MÉTODO, sou um péssimo competidor. Não consigo pensar em dar uma nota baixa para vencer ninguém. Sendo assim, 10 pra todo mundo. E como o voto é secreto, a gente se livra. Meu voto cronologicamente foi o segundo.

Agora que contei fatores secundários sobre minha Vitória, direi também algo em defesa do meu texto e porquê alguém pode ter gostado de verdade da história inteira onde muitos não tiveram a mesma opinião.

*** SPOILER! *** SPOILER! *** SPOILER! *** SPOILER! ***

Ponto 1: o título.

Falemos sobre escrita e processos criativos que eu gosto mais.

Se o título não for interessante o suficiente para fisgar o leitor, ele já vai entrar no conto meio com o pé atrás.

Imagine uma casa linda por dentro, mas a porta de entrada e a pintura do lado de fora é precário e feio. A pessoa não vai entrar na casa com o mesmo interesse.

E para um texto, O TÍTULO CONTA SIM!

O título do seu texto deve ser o cheiro da sua comida. Não experimentaram, mas pelo título criam uma dedução mental de variadas possibilidades.

Escolhi um trecho da música da cantora CÁSSIA ELLER. Eu já ouvi algo dela?

Só essa música O SEGUNDO SOL kkkkkk. Isso antes de ser evangélico. Parei de ouvir faz mais de dez anos.

Porém, ao usar um trecho de uma música, eu ativo a intertextualidade de toda uma gama cultural. Nisso, ganho um ponto.

Ponto 2: O primeiro parágrafo.

Existem ao meu ver (e minha visão nessa área é limitadíssima) três tipos de linguagem escrita para narrativas:

Orgânica falada

Estática culta

Narrador intruso

(Obs: calma gente. Calma! A professora me deu a apostila de literatura. O que eu quero dizer é um conceito que EU MESMO acho. Tá bom assim?)

Orgânica falada é escrever de uma paulada só e pensar na língua escrita como se fosse a língua falada. O foco aqui é a naturalidade da narrativa e a fluidez, não os dinamismos linguísticos como girias, pausas, onomatopeias da nossa boca e etc. Optei por esse. Geralmente chamam de discurso indireto ou informal. Ruben Fonseca tem muito esse estilo.

Estético culto é usando-se de linguagem mais rica. Linguagem rica não é escalafobetar o texto todo. Usando verborréias impossíveis de se ler ou entender. O ser humano tem em comum um grande senso de época. Você não escreve para José de Alencar, mas para um leitor que daqui a pouco vai descer do transporte público, vão chamar o número dele na fila ou ele vai voltar do almoço.

Todavia, na minha opinião, uma linguagem culta, esteticamente bem escolhida, com descrições muito bem caracterizadas, um MOSTRAR MAIS QUE CONTAR com termos bem rebuscados escolhidos a dedo podem levar o leitor a uma experiência de imersão ímpar. Leia (na minha opinião) a obra-prima de Edgar Allan Poe A NARRATIVA DE A. GORDON PYN. Muitas descrições. Linguagem do romantismo. Porém você fica tão imergido no enredo que você se sente dentro daquela história.

Narrador intruso. Não vou opinar muito sobre esse tipo de narrador como onisciente e etc. Só deixei esse pra demonstrar o estilo quando o narrador decide participar da história deixando suas impressões. Os textos da SABOR DE SANGUE lembram muito isso.

Escolhi a narrativa numa linguagem orgânica falada para fazer com que o leitor fosse escorregando pelo texto de modo que nem sentisse que chegou no final. E todos que leram disseram que sentiram isso. Mais um ponto.

Ponto 3: Enredo

Eu já trabalhei de telemarketing por três anos. A história se passa numa empresa de cobrança. E é quase biográfica kkkkkk. Por isso ficou tão crível para o leitor.

Quando se conta uma história você depende de duas coisas além da escrita:

EXPERIÊNCIA + IMAGINAÇÃO

Toda a ficção se baseia nisso. Até quem escreve ficção científica de pessoas que foram para outras dimensões e o autor sequer saiu da roça. Mas se ele assistiu filmes ou consumiu algum material desse gênero ou semelhante, ele usará aquela experiência e irá alia-la a imaginação e a sua criatividade começa a trabalhar a partir daí. Tudo o que fiz foi colocar o personagem no ambiente de trabalho, criar uma situação problema, dar voz e personalidade e pronto. História criada. Mais um ponto.

Ponto 4: Mote temático.

Aqui se iniciaram meus problemas... ou não.

Na história acontece um algo. O personagem volta do almoço, bate o ponto, o celular cai, a tela do celular trinca e trava em MEIO-DIA e a partir dali o sol não se põe mais. Devo essa ao Edison. Ele não me deu a idéia, mas me colocou pra pensar.

Eclipses e trevas já são muito utilizados em histórias assim. E se fosse o contrário? E se no lugar de uma escuridão cobrindo tudo, fosse apenas... dia? E se não existisse mais noite?

Se nunca mais o sol se pusesse? Já pensou nisso?

Em pesquisas, vi que se isso acontecesse, uma cadeia de acontecimentos catastróficos poderiam ocorrer conosco e com o planeta. E é justamente isso que vai gradativamente ocorrendo com o personagem.

Como o tema era TRANSTORNOS MENTAIS, esse me calhou. Já já digo o motivo. Mais um ponto.

Ponto 5: Desenvolvimento e conflito.

Aqui tive outro problema. Ninguém morreu. Não jorrou sangue. Nenhum monstro apareceu. A única coisa que acontece é o dia não acabar e não haver mais noite. Nem um pingo.

Na história, um personagem chamado Marcos era o funcionário número 1 da empresa. Sempre batia a meta.

De repente ele para de vir e manda mensagens dizendo que está doente.

Já o narraror-protagonista, que demonstra grande ódio pelo Marcos acaba tendo que conviver com o sol crescendo cada vez mais. Um calor que só aumenta, uma insônia mortal e onde o clima naquele local de trabalho só piorava. Cara... é sério que precisa de um monstro ou alguma cena mais frenética do que um ambiente de trabalho de uma vida NORMAL?

Leia os noticiários. O número de pessoas que se suicidam por excesso de trabalho. Empresas com metas absurdas que sufocam seus colaboradores. Barganha e injustiça. E você ali no meio. O funcionário dorme mal. Ganha mal. Convive mal. E de repente... o sol não se põe mais. Na minha opinião, creio que conta mais um ponto.

Ponto 6: Revelação 1

Aqui foi onde tive comentários diversos.

No final o protagonista, que está enlouquecendo com aquele sol enorme e cada vez mais quente sobre sua cabeça onde parece que somente sua visão enxerga aquilo, embora o mundo a sua volta esteja entrando em colapso, decide se entregar para a polícia.

Marcos foi assasinado.

Só houve um assassinato.

Só isso?

Sim autor. Só isso.

Agora vamos para o seu ambiente de trabalho?

Só foi um assassinato.

Uma pessoa perdeu a vida. Tinha um criminoso trabalhando do seu lado e você não sabia. Só isso aconteceu.

Para somar a esse ponto, preciso de mais dois.

Ponto 7: Revelação 2

Aqui caíram de pau em mim. E com razão. Ou não. Sei lá.

Na última linha do conto, descobrimos que na verdade não era um homem narrando, mas UMA MULHER CHAMADA CÁSSIA.

E mais, Cássia era a EX-NAMORADA DE MARCOS.

Teve gente que disse que não combinou porque o tempo todo narrei como masculino.

Onde?

Quais adjetivos foram usados no masculino?

Mas a "pegada" toda era de um homem narrando. Mulher não narra assim.

Então COMO narra?

Isso, pra mim só evidencia duas coisas:

Opinião do comentarista. Que será respeitada.

Mas para mim como autor, mostrar que o narrador não tem "estilo fixo". Ele pode narrar como quiser desde que dê coerência ao foco narrativo.

E onde estava o foco narrativo no meu ponto de vista?

Unicamente... no RISCO.

Escrever é se aventurar. Publicar é arriscar que sua aventura poderá ter a mesma emoção com outras pessoas.

Na intencionalidade de narrar de modo neutro deixando todos os leitores imaginarem que é um homem narrando. Isso me leva a crer que muitos só lêem livros onde homens narram ou imaginam o NARRADOR apenas como homem.

Calma. Não tô levantando bandeira nenhuma. Pelamor de Deus. Eu tenho mais o que fazer da vida.

Só estou mostrando que para o autor, existe uma liberdade limitada, mas existente. E ele pode conceder ou não ao leitor informações que são ou não cruciais a trama quando for do seu agrado. Se eu revelasse que era uma mulher logo no meio ou no começo, não ativaria o imaginário de ninguém, enganando assim (pelo que vi de reações) a todos, demonstrando que há não somente VÁRIAS formas de narrar, como também meios de levar o leitor a criar uma teoria... e se enganar.

Isso é bom? Sim.

Funciona? Nem sempre.

Deixo a questão aberta.

Porém darei mais um ponto do porquê pra mim funcionou.

Ponto 8: pistas

Posso não ser um bom autor. Tudo bem. Admito ser o mais fraco de cultura no concurso. Há autores que leram infinitos livros e eu ainda nem concluí o do ano passado.

Porém... posso ser tudo isso, menos um leitor desatento.

Nenhuma palavra passará por mim à toa.

Retomarei essa fala. Seguindo o raciocínio.

O conto é um gênero que deve prender o leitor de tal forma que ele queira saber de toda a história. Porém ainda temos leitores que esquecem que numa narrativa ficcional, PEQUENOS DETALHES AINDA CONTAM.

Houve autor que questionou sobre o assassinato, alegando que sequer houve menção.

Houve sim.

Há um trecho onde a protagonista sobe e o seu supervisor lhe fala que está com a roupa suja de catchup.

O SUPERVISOR QUEM FALOU. NÃO ELA.

No final é mencionado que ela roubou o celular do Marcos. Logo, ela que mandava as mensagens em nome dele.

Há outro aspecto onde aqui me prendo. No ponto 9.

Ponto 9: símbolos e elementos plurissignificativos.

Leia a história até o final sabendo agora que ela era uma mulher. Ok.

Chegue no último parágrafo e veja QUAL O APELIDO o Marcos dava para a protagonista:

"Volta pra mim, MEU SOL".

No final entende-se que o Marcos era seu ex-namorado e queria reatar o relacionamento. Já fisgamos até mais um motivo do porquê a protagonista sente raiva dele.

Agora coloque esse apelido carinhoso na mente de alguém que se sente culpado por um assasinato.

Adicione a música da Cássia Eller (Quando o segundo sol chegar...) e veja esse sol nunca mais se pôr e perturbar essa moça de dia e de noite até que ela nunca mais viva normal e se entregue a polícia.

Temos uma metáfora para a CULPA, A TRISTEZA DA QUEBRA DE UM RELACIONAMENTO, A INSÔNIA como um "sol noturno que não se põe" e a SAUDADE atrelada a INVEJA. E "voilá". Temos (na minha opinião) um desfecho perfeito, onde o terror e o suspense foram metafóricos e trabalhados em áreas da vida cotidiana. Mereço mais um ponto não?

Ponto 10: ortografia.

Ah é. Não tinha um erro de português. Kkkkkk (é difícil competir quando avaliam mais se você escreveu certo uma frase, se a linguagem tá gramaticalmente nos moldes de BECHARA, CASTILLO & CUNHA do que o enredo em si. Mas estava organizadinho. Mais um ponto.

Para o autor, todo o texto merece 10.

Cabe ao leitor avaliar. Todo o tipo de leitor.

O fato é que: sim, estou feliz por ter vencido.

Não. Não creio que tenha sido o melhor conto. Teve melhores, digo sem forçar a humildade.

E sim, eu tenho uma justificativa muito bem pensada para ter escrito o que escrevi.

Com isso não digo que quem comentou tais coisas no meu texto estava errado. Não é isso. Eu só não quero ter que ficar justificando e respondendo nos comentários. Afinal todos tem a liberdade de opinar. É a SUA experiência com meu texto. Somente VOCÊ sabe o nível da experiência. Se gostou, sinta-se a vontade para voltar. Se não gostou, tudo bem. Veja se algo que escrevi te agradou de alguma forma. Caso não, tudo bem. Agradeço de coração sua leitura e avaliação para meu crescimento. Se acha que algo precisa melhorar, me diga. Não cheguei até aqui com elogios 24 horas.

Se acredita que o que construí não tem fundamento, aí preciso pelo menos me explicar.

No demais, valeu muito o aprendizado. Vi que preciso aprender bem mais e que ficar em primeiro realmente não é comprovante de excelência, mas que devo continuar a me empenhar.

Sei que o texto é enorme. Quero falar mais algumas outras coisas. E aqui abro o coração sem medo.

Meu desejo ainda não é competir. É vencer? Sim. Mas de maneira justa. Sem sabotar o texto de ninguém com uma nota baixa. NINGUÉM, repito, NINGUÉM precisa me dar uma nota alta porque me conhece, ou por seu amigo. Muito pelo contrário.

Já conversei com JONATHAN KING, e nos falamos quase todos os dias. Ele foi no meu privado e me explicou porque meu texto não merecia um 10 nem um 9 na opinião dele, mas também não merecia um 7.

BATISTA ANDRADE é outro amigo meu. Até mais próximo. O caso foi o mesmo.

Porém, ao conversar com BATISTA ANDRADE, fui sincero com ele e disse:

"Eu não preciso da sua nota. Já tenho sua amizade. Isso me vale mais que um 10."

Caso alguém ainda ache que eu não merecia ganhar, imagine que eu não desse 10 para todos, mas votasse como a maioria. O que acha?

Voltando ao raciocínio, é sobre isso que quero falar agora. Nesses três concursos que participei em não apenas competi, eu construí pontes.

Não sou exemplo para ninguém. Longe de mim. Não venho aqui pagar de Madre Tereza de Calcutá. Porém confesso que criei um vínculo de autor para autor com todos aqueles que podem me ensinar muita coisa.

O cara que me criticou, Edison Oliveira, na verdade estava torcendo por mim. Tenho aprendido muito com ele.

Um cara super gente boa e que é conhecido por enredos alucinantes e que não deixam o leitor respirar, Jonathan King. Também tenho aprendido com ele.

Iolanda Pinheiro, uma contista já consagrada. Aprendi muito com ela.

E de cada texto de cada autor que leio, eu aprendo e absorvo alguma coisa. E ESSE É O FOCO DO CLTS, meu camarada.

Posso indicar vários textos de vários autores participantes dos certames e asseguro que você irá amar.

Não quero contendas com ninguém, mas todas as críticas, dicas e ensinos que eu ver que cada um pode me passar, estou aberto para receber. Não existe o MELHOR AUTOR do CLTS, existem os MELHORES AUTORES, que aprendem uns com os outros, com as críticas, e até com os elogios, porque não?

Um incentivo que você dá para alguém pode motiva-lo a desejar melhorar cada vez mais e mais.

Uma crítica também pode, porém as vezes precisamos saber em quem dar essa crítica e como dá-la.

Minha alegria maior não é ter ficado em primeiro lugar no CLTS 10. Mas me lembrar que cada elogio e crítica que me deram, foram para que eu chegasse onde cheguei. Apenas isso. Aprendizado.

Se eu puder, por mais que eu não lembre de cabeça, gostaria de recomendar um texto de cada participante do CLTS (os que me lembro, repito. Minha cabeça é falha) que muito gostei. E caso você queira ler, notará porque dei 10 para cada um nessa edição:

BATISTA ANDRADE - AMOR CATIVO

EDISON OLIVEIRA (DISSECANDO) - MAXWELL MORRE DE VERDADE

GILSON RAIMUNDO - O COME-BUNDA

IOLANDA PINHEIRO - O GATO MERWELL

JONATHAN KING - PRÓLOGO DO INFERNO (ou INFERNO DE ARTHUR)

CHRISTIAN CANTO - OS SONS DE CLARISSE

ANDERSON ROBERTO DO ROSÁRIO - A SINFONIA DA MORTE

JULIANA SLUCA - NÃO ABRA AS CORTINAS

MARIÂNGELA RAGASSI - TOC TOC TOC

DEVILLE - CADÊ TODO MUNDO?

OLISOMAR PIRES - BAALPEGHOR

ANA CAROL - OLIVIE

FHELUANY NOGUEIRA - A CASA DOS TIJOLINHOS VERMELHOS

RAPHAEL MEZA - O FURA-OLHOS

FEFA RODRIGUES - SINAIS

JOTA ALVES - UMA CANÇÃO PARA O FIM DO MUNDO

SABOR DE SANGUE - A INSANIDADE

BIRIRI PELADO - UMA COVA GRANDE PARA TEU PARCO DEFUNTO

DIOGO EMANUEL COSTA - TRILHA DE ESTACAS

E. A. SCHAURICH - O GRITO

AGNALDO SOUZA - TÉPIIII

INVESTIGATION MAN - O RETORNO DO CRIMINOLOGO

THE KEY - A DOR E SUAS MEDIDAS

Entre muitos e muitos outros. Confira!!!

Sempre agradeço citando nomes. Aqui não será diferente:

Ao Edison Oliveira. Muito obrigado por me instigar e me forçar a pensar.

Ao Anderson Roberto do Rosário. Muito obrigado por me incentivar a voltar ao concurso.

Ao Jonathan King. Muito obrigado pelas dicas e muitas horas de conversa.

A Juliana Sluca, Sabor de Sangue, Gilson Raimundo e Biriri Pelado. Muito obrigado por terem sido sinceros, mas ao mesmo tempo muito cortês e educados. São pessoas como vocês que nos impulsionam a rever nossos conceitos e nos dedicarmos cada vez mais.

A todos os que deram seu voto coerente com sua experiência de leitura. Muito obrigado.

Aos organizadores do CLTS Gilson Raimundo e Jonathan King que com essa iniciativa nos mostraram que a literatura e a genialidade brasileira permanece viva. Mesmo que oculta e escondida dos holofotes, é como ouro. Oculto, mas muitíssimo valioso.

Obrigado por me permitir ser publicado pela primeira vez na minha vida. E sem me cobrar nada. (E me perdoe pela demora ao mandar o texto revisado kkkkkk).

Porém... antes de terminar, quero dizer mais uma coisa:

Eu sei que BRANCO (na minha opinião) é melhor do que esse conto. Entretanto BRANCO é um conto que já estava no meu imaginário após a experiência de luto que tive no início do ano, quando minha tia Nalva faleceu dia 01/01/2020. Sim amigos, a vida não é fácil.

Aquele cenário de angústia gerou o conto BRANCO. Creio que esse deve ter sido o motivo dele ter impactado mais. Todavia, no fundo, eu sabia que ele teria um efeito maior, mas por respeito a minha tia, não quis que ele vencesse.

Sendo assim, essa Vitória (prevista ou não. Não estou sendo soberbo. Apenas sincero) dedico a minha querida tia Marinalva. Você ainda faz falta tia.

Leiam a poesia PARA MINHA TIA NALVA.

DEUS EM CRISTO ABENÇOE A TODOS.

Ass: Leandro.

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 23/03/2020
Reeditado em 24/03/2020
Código do texto: T6895381
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