COINCIDÊNCIA

A vida é a nossa caixa de surpresas; apresenta dois lados em que um é escuro e o outro é distante. Coincidência? Não sei. Todos os dias vejo o acaso da lógica no fio da esperança, entre mundos para o encontro das mãos. No livro A Imposição das Mãos, Vergílio Alberto Vieira descreve, “O que repousa move a luz, a terra sabe então: a lã / macia, as caravanas, o lacre incandescente, o coração”.

Coincidência? Não sei. Apenas, ressalto que minhas mãos alcançam as canções e as aquarelas para retratar a minha força. Meus braços suportam o peso das medidas para sustentar a sombra do dia. Pedro Du Bois, em As Mãos em Cena, retrata, “... nas mãos guarda o tempo / das ilusões das conquistas / e o calor o trespassa / em arenas de coragens / perdidas em imagens esmaecidas...”.

Coincidência? Não sei. Tenho coragem para surpreender o mundo, quando meu grito se transforma na mudança fazendo parte da decoração do meu belo dia. Como em Pedro Du Bois, “... a vontade de estar perto / sobre o longe e o longo encaminhar / das noites onde o coração / sabia da saudade”.

Coincidência? Não sei. Brindo a paz da conquista e de ser conquistada. Resta-me reconhecer que as coincidências existem e não mais me assombram: a força é minha, uso-a como inspiração em cada descoberta. Nas palavras de Vergílio A. Vieira, “Assim disperso / elege // Em cada coisa / inteiro // o coração”.