SOBRE O MÉTODO e um pouquinho do CLTS 10 (Não. Isso não é um conto)

Sim. Tô imitando o Edison Oliveira (Dissecando). Hoje pode.

AVISO: ESSE TEXTO É GRANDE PRA BEXIGA E PARECE QUE EU ESTOU SÓ FALANDO DE MIM. SE VOCÊ NÃO SUPORTA TEXTOS COM MAIS DE 3.000 PALAVRAS, OU NÃO ESTÁ AFIM DE LER COISAS DESSE TIPO, ESTÁ CONVIDADO PARA SAIR...

SAIR UMA PINÓIA. AGORA VAI LER SIM! CLICOU, TEM QUE LER TUDO. NÃO FAÇA UMA MANCADA DESSA COMIGO NÃO. PROMETO QUE VOCÊ VAI GOST... QUER SABER... TUDO BEM. FIQUE À VONTADE.

Inicialmente quero deixar claro que ninguém perguntou minha opinião sobre o assunto. Mas mesmo assim decidi falar a respeito, como um desencargo de consciência de mim para eu mesmo.

Entrei no Recanto das Letras por incentivo da minha namorada no final de 2018 e amei o site. Sempre fui mais fã de poesia, mas só comecei a escrever prosa ficcional em meados de 2019 quando por causa dos trabalhos da faculdade tive que fazer um seminário sobre Edgar Allan Poe e também porque amava enredos de cinema. Ingressei um pouco mais firme na literatura ficcional, já que meu hobby eram somente livros de temática cristã.

Fui escrevendo um conto lá e cá. Bem mal escrito. Porém só por diversão. Alguns viraram séries. Gostei de escrever histórias. Fui pegando o gosto. Amigos recantistas incentivavam e cada vez mais eu tentava me inspirar para postar boas histórias. Então vi que no Recanto tinha concursos. Olhava de longe e nunca participava. Até que de tanto escrever, ler e ouvir contos (em tudo que é canto. Aqui, nos livros ou no canal CONTO UM CONTO) pensei: "Cara. E se eu participasse de um concurso?"

Isso foi em 2019. Não me lembro o mês.

Desde que decidi participar do CLTS, meu anseio era me inscrever na sétima edição, onde entre tantos temas bacanas eu usaria ZOOLÓGICO como mote para a criação da minha história. O prazo estava acabando, faltava apenas dois dias para encerrar o período permitido para postar os contos, quando em casa mesmo peguei uma tarde e comecei a digitar. Suponho que foi das 15h30 ou 16h até às 19h30 (E sim. Eu estudo a noite. Porém estava tão ansioso para postar a minha história que escolhi sair atrasadérrimo de casa do que perder o fluxo criativo).

Imaginei uma história onde animais e funcionários iriam morrendo e tal. Só que meu anseio era enfiar um subtexto meio pesado (até pra mim) ali como desenvolvimento e desfecho da história. Cheguei a colocar meu nome na Chamada para o concurso, aceitei os termos e deixei a inspiração falar mais alto. Ao concluir a história meus dedos tremiam de excitação (só quem termina um texto sabe como é) e mal via o momento de publica-lo e "arrasar" (Meu Jesus kkkk).

Todavia antes que eu publicasse, quis enviar para um amigo meu recantista: WALLACE AMORIM e para uma outra amiga e irmã em Cristo NICOLE BEATRIZ. Perguntei se eles podiam ler e de pronto aceitaram. Cheguei na faculdade atrasado? Sim. Mas super empolgado, tendo em vista que meu HIPER CONTO estava sendo lido e o retorno (na minha cabeça eu pensava) seria com tantos elogios que eu não saberia o que dizer... além de "Obrigado. Eu sei que sou demais".

NECROZOOFILIA. Era isso que eu meti na história. Sabe o que é? Não pesquise. E caso alguém que está lendo isso seja leitor assíduo de terror, eu sei que você já sabe disso, isso não te impressiona e se duvidar você já postou ou pensou em postar algo assim. Maravilha.

Eu vibrei quando ambos responderam "TERMINEI DE LER" (cada um no seu devido tempo). Primeiro vamos a fala (não lembrarei tudo, mas uma parte) do WALLACE:

"Mano, que texto é esse? Além de já ter meio que ficado na cara como iria terminar, ele não tem pé nem cabeça. Que zoológico é esse onde funcionário nenhum se preocupa se desapareceu um bicho ou um ser humano que trabalhava lá? Cara, de todos os seus contos (e olha que eu só leio os teus), esse foi o mais mal escrito que já li. Revisa esse negócio que tá só por Deus."

Minha reação... Você deve imaginar. Mas aceitei a opinião dele. Doeu? Igual injeção na testa. Porém, ele foi sincero. E eu pedi pra que ele fosse. (Quase me matou kkkk).

Então fui ler a resposta da Nicole. E foi (pelo que me lembro) a seguinte:

"Leo... não sei. A idéia pode ser polêmica, forte... mas... sei lá. Ta faltando alguma coisa sua aí. Não sei explicar. Esse texto não me encantou como os demais. Ele não tem você nele. Deve ser isso. Melhora isso aí que tá esquisito."

Quando dois leitores assíduos teus falam isso, é melhor refletir um pouco.

Resultado: nunca o publiquei e nem vou publicar. Tirei minha inscrição do CLTS 07, joguei o texto fora e nunca mais quis saber daquele texto.

Fiquei me perguntando onde foi que eu tinha errado. E uma das coisas que percebi que não tinha feito: REESCRITA.

Já falei sobre reescrita numa crônica minha aqui na minha escrivaninha. Entretanto desejo repetir o assunto com maior profundidade.

Esperei o CLTS 08 chegar. Inscrevi-me. Tema: ASSOMBRAÇÕES.

Daí surgiu o conto O SILÊNCIO DA CASA.

Porém...

Enviei inicialmente para uma das contistas que eu mais leio, mais gosto e mais sou fã desse site: CRISTINA GASPAR.

Ela gostou da história e me disse resumidamente como dica: CORTA ISSO E AQUILO.

Revisei lá e cá. Depois fiz minha namorada ALLANA FERNANDES (um BEJO NESSA BOCONA LINDAAA) ler pra mim. Ela suportou kkkk.

Enviei depois para uma amiga minha que já revisou alguns textos meus: MARIEL. Ela escreve muito bem e então revisou tudo.

Só que então eu decidi deixar a história de molho. Não postei de pronto. Escrevi na febre da inspiração... e desliguei o computador (na época eu que eu tinha. R.I.P PC). Fiquei esperando duas ou três semanas pra voltar ao texto. E isso me ajudou muito para me afastar da idéia inicial e poder reler o que eu mesmo escrevi não com a cabeça de autor, mas de leitor. (Tem gente que posta... mas nem lê o que posta. E não tô falando de ortografia).

Todavia, eu queria aprender a revisar meus próprios textos. Então reli tudo e comecei do zero a história revisando da primeira linha até a última.

E nisso mudei uma coisa lá. Uma coisa cá. Quando fui ver mudei quase tudo.

Dei mais um tempo. Cortei... cortei... editei... editei... editei... reescrevi. MISERICÓRDIA! Uma semana inteira de trabalho. MUITO TRABALHO. Vi que reescrever te faz perder fome, sono e leva seu cérebro a trabalhar tanto que cansa seu corpo. Mas valeu a pena. Gostei.

Postei.

Resultado: ele ficou em segundo lugar no concurso. Perdi só por um ponto. ISSO SIGNIFICA ALGUMA COISA?

N-Ã-O.

A partir daí pude descobri o valor de uma revisão textual além da gramática ou ortografia. Quem digita no celular e posta sabe do risco que corre em deixar um P no lugar de um O, ou E na palavra ESTAR e ficar ESTAE... várias coisinhas bobas, mas que para o leitor são nódoas que tiram a perfeição do texto.

Antes que eu continue: eu já li textos com erros de ortografia, mas o texto era tão lindo que isso não fez diferença nenhuma pra mim. Quando digo PERFEIÇÃO DO TEXTO, refiro aos MEUS TEXTOS. Eu não posso deixar esses erros passarem batidos no que escrevo sempre.

Por que digo isso? Porque sou professor? Ou porque odeio má ortografia? Não. Mas porque participei de um CONCURSO e aqui o CLTS entra.

Esse concurso, por sinal excelente, reúne autores de todos os estilos de escrita. Eu conheci gente muito boa quando o assunto é conto de terror. De diversos modos. Não falarei nomes, mas todos os participantes são muito bons no que se dedicam.

Nesse concurso eu aprendi a me esforçar na revisão, pois se meus leitores amigos e conhecidos não gostaram de um texto meu, QUE DIRÁ os meus "adversários de concurso" (que por sinal são bons mesmo). E não digo isso com rivalidade, mas é um concurso e exige que você dê o seu melhor. E se você não se empenha nem em corrigir a ortografia, ou em reler seu texto, fica complicado reclamar depois. Justamente porque os colegas que irão ler tem liberdade de falar do que gostaram e do que não gostaram no seu conto. Seja de enredo, narrativa, furos e inconsistências, personagens ou ortografia. Devemos nos atentar para essas coisas ao participarmos.

Aprendi que devemos escrever À PRINCIPIO para nós. Mas se quisermos ser lidos e causar um bom resultado em que nos lê, precisamos aprender a escrever para o leitor. E isso só é possível com REESCRITA ATENTA E DEDICADA.

Veio o CLTS 09. Meu tema: STALKER.

(POXA VIDA. VOCÊ AINDA TÁ AQUI? JESUS AMADO, QUE CORAGEM! OLHA SÓ. NÃO VOU TE TORTURAR MAIS. CASO QUEIRA PARAR DE LER, TUDO BEM. JÁ ESTOU MUITO AGRADECIDO. É SÉRIO. PASSA LÁ NA ENTRADA E PEGA UMA PAÇOCA. MUITO OBRIGADO DE CORAÇÃO.

MAAASSS... SE SEU BUSÃO NÃO CHEGOU, SE ESTÁ TENTANDO DISFARÇAR OLHANDO PRO CELULAR PRA QUE NENHUM CONHECIDO TE VEJA, SE A FILA TÁ DEVAGAR, SE ATÉ AGORA NÃO CHAMARAM SUA SENHA AÍ, OU SE (duvido kkkk) ESTÁ GOSTANDO DO QUE ESTÁ LENDO, CONTINUA COMIGO. TEM MAIS UMAS 10.000 PALAVRAS AINDA).

Onde eu tava? Ah é. Stalker.

Pesquisei muito sobre o tema e criei uma história que deu mais trabalho do que a do concurso anterior.

A idéia ficou na minha cabeça por um mês. Então dessa vez fui escrevendo conforme dava. Cada dia eu escrevia uma parte. Sei que demorou uma semana pra ter escrito tudo.

Dessa vez deixei mais tempo de molho. 3 semanas inteiras.

Quando voltei ao texto para reescrever, admito que NUNCA SOFRI TANTO NA MINHA VIDAAA. Alterei tudo. Apaguei tudo. Mudei nome de personagem, história de personagem, enredo, começo, meio, fim, recomecei, reescrevi, reli, reapaguei, reeditei, reinventei a história fora da minha cabeça. Redormi. Relouqueci. Requasemematei.

SANTO DEUS! QUE NEGÓCIO CHATO!

Dessa vez a dificuldade estava até maior, porque antes o CLTS permitia 3500 palavras no máximo. Eles reduziram (e eu concordo) para 3000. Contudo meu texto tinha quase 3400. E cada coisa que eu mexesse ou entregaria de cara o final ou ESTRALHAÇARIA TUDO. E SIM. EU ESCREVI ERRADO A PALAVRA ESTRAÇALHAR KKKKKKKK.

Deram-me a dica de trocar a fonte das letras ou a cor. Isso só é possível quando você tem uma conta paga aqui no site. E eu não tenho.

Além do mais, eu gosto de colocar finais surpreendentes. Na minha opinião a primeira e a última linha do texto são as principais. A primeira porque ela deve te fisgar. E a última porque ela deve ficar na sua cabeça por um bom tempo.

Com muita luta consegui concluir. Daí surgiu um dos meus contos favoritos e mais difíceis de escrever: A CAÇA.

Resultado: fiquei em segundo. (De novo. Cacilda viu kkkkkkk).

Muitos falaram da complexidade da estrutura narrativa (e eu concordo) mas alguns se envolveram e gostaram da leitura. O que me fez amar ainda mais o processo de REESCRITA ATENTA E DEDICADA.

Porém... lembram de WALLACE e NICOLE? Pedi que eles lessem. E o resultado foi semelhante ao meu texto do zoológico.

Dessa vez fiquei deveras perturbado e pensei: MAS ESPERA AÍ; COMO É QUE PODE UM TEXTO QUE ME DEU TANTO TRABALHO PRA ESCREVER, ALCANCEI UMA BOA COLOCAÇÃO E AINDA SIM DOIS DE MEUS PRINCIPAIS LEITORES NÃO CURTIRAM? (Wallace considerou meu pior texto kkkk)

Então tive um INSIGHT (é assim que escreve?) sobre uma grande verdade a respeito de escrever: PRA QUEM ESCREVER?

Eu não discordo das opiniões dos que gostaram e dos que não gostaram do meu texto, pois isso me fez ver que eu preciso escrever pra quem gosta e admira meu trabalho. Não estou dizendo que não devo querer abranger um maior público, mas que eu preciso escrever não somente pensando NO LEITOR, mas em QUE TIPO DE LEITOR.

Foi então que após conselhos de amigos cristãos (Poetatardio, meu melhor amigo Maykon Gomes e minha própria amada namorada Allana Fernandes, etc) pude refletir sobre o que eu quero realmente ao escrever. Qual é o efeito que eu desejo criar no leitor, especialmente no MEU LEITOR.

Então no final de dezembro comecei a pensar em outra história. Coloquei no bloco de notas o rascunho do enredo. E desde aquele mês fazia pequenas anotações. Esperando apenas o CLTS 10 iniciar.

(AINDA AQUI? ACABOU A PAÇOCA. DEVE TER REFRIGERANTE NA GELADEIRA. SE NÃO TIVER BEBE ÁGUA MESMO. ÁGUA É BOM. FAZ BEM. ESTÁ CANSADO? QUER IR EMBORA? VÁ EM PAZ E NÃO PEQUES MAIS.

QUER CONTINUAR? SIMBORA!)

Em janeiro foi feito a chamada para o CLTS 10. Escolhi o tema TRANSTORNOS MENTAIS e comecei a escrever meu conto mais difícil e também meu favorito até agora:

B'MIDBAR.

Escrevi. Esqueci. 3 semanas de molho. Mas lembrando que a ideia já estava sendo trabalhada desde dezembro.

Quando peguei para reescrever, me dediquei tanto, mas tanto, mas tanto, que passei uma semana e meia de puro ódio e raiva. O conto não me deixava em paz. Toda a hora eu tinha que revisar alguma coisa. Muda isso. Muda aquilo. Reler. Reler. Conferir informações. Furos. Etc. Etc.

Lembro que teve um dia em que fiquei cinco horas reescrevendo nele de dia e a noite fui inventar de mexer nele... deu mais umas duas horas. Isso em um dia.

Troquei palavras. Descrições. Cenas novas foram acrescentadas. Cenas foram excluídas. Cenas foram reformuladas. E mesmo assim nada ficava bom.

Por que isso? Porque quem pega o hábito de escrever sabe de uma coisa, AS PALAVRAS TEM PESOS DIFERENTES.

Um rápido exemplo, qual frase você acha que causa um efeito melhor?

"Ele segurou nas suas mãos e apaixonadamente lhe disse: EU TE AMO."

"Tomando as mãos dela nas suas disse: EU TE AMO. Podia sentir o suor escorrer pelos dedos pequenos de sua amada."

"Segurou-lhe as mãos. O jeito que segurou foi diferente. Firmeza e delicadeza juntos. Ela sentiu-se segura, pois a palma das mãos fora aquecida com o toque das mãos dele. Não era preciso dizer mais nada."

"Ele disse: NOSSA, QUE TCHUCHUCA, HEIN! ÔH LÁ EM CASA. Ela assentiu mostrando o dedo do meio."

Percebe? As palavras podem fazer o texto ter peso, cheiro, cor, temperatura, gosto, barulho, textura, movimento, sentimento, dor, ternura, fluidez, humor, adrenalina, impacto ou COISA NENHUMA se mal escolhidas. Por isso as palavras certas fazem toda a diferença. João Cabral de Melo Neto chamava isso de "catar feijão". Tem duas poesias que relatam muito bem isso que eu falo: AO AUTOR de CJ OLLIVEIRA e ARQUEOLOGIA POÉTICA de EVA VILMA. Ou leia um soneto chamado AMORES DE BEIJA-FLORES de CREUSA LIMA. (É tanta gente boa e tanto exemplo bom que não quero ser injusto com ninguém. Deixarei uma lista de excelentes autores para conferir no final).

Fora que muitos autores possuem editores e revisores contratados. Stephen King, autor consagrado no terror, do qual eu só ouvi 6 contos e só gostei de 3 (1408, AS CRIANÇAS NO MILHARAL, PRIMAVERA VERMELHA, O ÚLTIMO TURNO, EU SOU O UMBRAL DA PORTA e O HOMEM DO CORTADOR DE GRAMA) disse que: "O texto é IDÉIA - 10%. Se você não conseguir cortar pelo menos 10% do seu texto inicial sem comprometer a história, você não se esforçou o suficiente." Eles sabem que o primeiro texto nunca é O Texto. Por isso entendem do valor de uma revisão, não apenas ortográfica ou de coesão, mas de encaixe perfeito da inspiração com a técnica.

Eu ouço muito as aulas do professor Rodrigo Gurgel. E lá ele disse que "Primeiro se escreve com o coração. Depois se revisa com o cérebro." E tenho tentado fazer mais isso.

Voltando ao meu conto... B'MIDBAR foi o maior desafio de escrita ficcional da minha vida.

Certa noite fiquei das 21h até as 2h da madrugada. Gente... alguém me ajuda, por favor. Mamãe?

Chegou uma hora em que tudo se apagou da minha cabeça. Tudo. Travou de uma forma que eu não sei explicar. Uma tristeza e uma raiva muito grande se apossaram de mim. Frustração demais. Então iniciaram as dúvidas: O QUE FALTA? O QUE DEVO FAZER? EU NASCI MESMO PRA ISSO?

Um adendo: após postar meu conto O SILÊNCIO DA CASA tive várias dicas e apontamentos de uma contista já consagrada aqui no Recanto: IOLANDA PINHEIRO. Ela me deu tantos ensinamentos, dicas, instruções... a mulher é um xuxu de pessoa. Ela fez o mesmo depois da publicação de A CAÇA. Devo muito à ela e a todos os que citei e os que não citei ainda.

Então eu já pensei em desistir do concurso. Quando me veio a idéia de escrever algo diferente. Simples. Um terror mais sugestivo e mais pessoal.

Levei uma hora e meia. Nasceu o conto: BRANCO.

E não posso ser injusto: DISSECANDO, devo essa à você. Muito obrigado pelas dicas sobre exercitar a criatividade. Esse conto teve um pouco da nossa conversa sobre ser diferente como premissa, embora o foco dele seja aquilo que te disse no email. (Conheçam esse autor. Ele tem um estilo bem peculiar de contar histórias. Vocês vão gostar e se surpreender).

Não fiz revisão. Botei a ideia no "papel" e só postei. Coloquei ele para participar do CLTS 10. Algumas pessoas gostaram. Outras nem tanto. Tudo bem.

Foi então que o B'MIDBAR estava livre para existir. Quando voltei ao texto eu estava com um vigor novo, uma inspiração melhorada e pronto pra reedita-lo com maior carinho.

Postei ele. E obtive um dos maiores resultados possíveis.

Alguém chorou ao ler? Não sei. Alguém foi impactado ao ler? Não sei. Os que conversaram comigo me falaram coisas ótimas sobre a história. Mas não é disso que estou falando. O maior resultado foi: eu finalmente SABIA que o texto estava pronto pro meu público e tinha ABSOLUTA CERTEZA de que iriam gostar. E essa sim é uma sensação boa. Porque te faz ver que seu esforço não foi em vão.

Desde já, esclareço que existem outras plataformas de escrita e leitura. Eu prefiro o Recanto por três motivos: comodidade (já tô aqui, vou ficar por aqui), amizades feitas e nível de técnica dos autores desse site. Muita gente aqui escreve bem. Por isso ainda estou aqui.

É fato inegável admitir que o Recanto das Letras possui um algoritmo (linguagem de Youtube é dose kkk) onde a busca maior por contos aqui são do gênero terror. Tem muito autor bom nesse gênero nesta plataforma e creio que muitos deles participam do CLTS, outros postam sem concorrer a nada.

Me refiro a terror..mas... descobri que não sou da turma do terror.

Mudei muito meu pensamento após o texto O SILÊNCIO DA CASA e vi que terror não é bem minha "vibe". Claro, é um gênero que curto um pouco, embora NUNCA tenha assistido filmes desse tipo. Prefiro suspense policial, drama, comédia, filmes de psicologia, etc. O TERROR com sangue, "gore", "serial killers", demônios aparecendo, pactos, escatologias, e outras coisas... esses não me apetecem. Por isso me surpreendo fácil.

Então por que posto terror?

Dois motivos: é um gênero bom de se treinar a escrita se você é (como eu) iniciante. Você aprende a criar uma atmosfera, personagens convincentes, finais impactantes, e lida com emoções, as suas e as do leitor. Poe, Lovecraft, Cortazar, Maupassant, De Assis, Vitor Abdala, Fagundes Telles, Nelson Saúte, Bernardo Guimarães, Álvares de Azevedo, até um pouquinho de Rubem Fonseca, são autores muito bons no gênero. Tem muitos outros. Basicamente é um gênero que dificilmente falha quando bem escrito.

Mas quando é mal feito... meu amigo... sai de baixo.

Outro motivo é que sobe o número de leituras. Só isso. A busca por essa temática aqui nesse site é maior.

Uma outra coisa que eu prezo muito aqui não é somente o número de leituras que o texto obtém. Quem é que não gosta de ter seu texto no pódio dos mais lidos da semana? Eu mesmo já obtive essa "façanha". Porém o que mais me conta são os COMENTÁRIOS.

Tem texto com mais de 300 leituras e dois comentários. Sei lá. Não entro no mérito. A questão é que eu valorizo muito o que comentam nos meus textos, pois me faz crer que a pessoa de fato leu e sentiu até de partilhar a opinião dela sobre o que escrevi.

Onde o CLTS entra? Aqui.

O CLTS permite que os comentários sejam didáticos (apontem erros e dêem dicas). E entre os comentários o que as vezes acontece é a famosa ativação da inferência por conhecimento de mundo de alguém. Onde ocorre a comparação de uma história com outra. Eu já fiz isso e me arrependo.

Cada um com sua opinião e bagagem. Eu sou aquele tipo de cara que sabe que "não há nada novo debaixo do sol" (Eclesiastes 1), mas que inovar é possível. Todavia eu me importo mais no COMO contar do que NO QUE contar. E isso não tem a ver com criatividade, mas com estilo. Deve ser por isso que meu "terror" está deixando de ser terror e está virando mais drama e suspense do que outra coisa. Por que? Porque descobri que meu público-alvo não são os leitores assíduos de terror. Esses tais já estão calejados de tanto lerem terror e tudo o que eu produzir não será novo pra eles, mesmo que seja novo pra mim. Então mudarei gradativamente meu estilo para encaixar um público que QUEIRA me ler, sejam eles leitores de terror ou não (a maioria dos meus leitores não são).

Sobre o concurso, estou acompanhando todos os contos, já tenho os meus preferidos, porém recomendo que leiam todos os autores, pois "clichês ou não", cada um tem uma forma de narrar, um método particular de contar histórias. Podem me contar a mesma história de casas mal assombradas, mas de modos diferentes e eu ficarei satisfeito. EU. Repetindo: EU. Há quem não fique.

Mas nessa edição estarei apenas lendo, comentando e votando nos contos, tirando o meu texto da reta. Não por medo de perder (pode até ser que sim. Tem uns contos excelentes), mas apenas para refletir sobre meu estilo e meu público. Creio que não me encaixo no terror terrível. E essa edição está especificamente TERRÍVEL (no bom sentido). Vai ser difícil pra mim competir.

E aqui tenho grandes dificuldades. Não sei competir. O anseio de ganhar me incomoda. Ninguém participa pra perder. Todos participam pra ganhar. E a sede pela vitória prejudica minha visão com relação ao texto do outro. Além do meu gosto pessoal com construção de frases, tipos de enredo, elaboração de tramas, métodos de escrita e desfechos. E aquela mania de ler... e por também escrever, querer mandar no texto já criado, com o pensamento: "Se fosse eu no seu lugar faria assim e assado".

Outra coisa que eu ainda preciso amadurecer: Na minha leitura do conto, eu sou leitor. Na votação, sou concorrente. E por mais que eu dê um 10 pra alguém que pode me dar 7 ou 6, a sinceridade das notas nos deixam um pouco chateados. E não quero chatear ninguém. A menor nota que dei até agora foi um 8.

A questão é que ao ser avaliado, corremos o risco de agradar, desagradar e/ou ficar no meio termo. E para não sermos desagradáveis, somos generosos nos comentários. Todavia o coração (que biblicamente é enganoso Jeremias 17;9) vai sussurrar:

"Dá 10 pra ele não. Lembra que na edição passada ele te deu 6?"

Ou:

"Se você der 10 pra esse, provavelmente você vai acabar perdendo."

Mas o oposto também se aplica:

"Como você deu 10 pra ele, ele vai te dar 10 também."

Não estou julgando o modus operandi do CLTS. Estou fazendo uma análise para poder definir uma coisa: afinal, quem REALMENTE SABE O QUÃO RUIM OU BOM É MEU TEXTO?

RESPOSTA: pessoas como WALLACE AMORIM e NICOLE BEATRIZ.

Leitores que são sinceros, mas que acompanham e curtem o seu trabalho. E isso o CLTS me fez entender que nem todos curtirão meu estilo e devo respeitar isso. Porém preciso cada vez mais me dedicar para agradar quem curte.

Repito: não estou julgando o CLTS. Quem sou eu para tal? Meu texto não é endereçado aos que querem uma treta, uma polêmica ou ver o "circo pegar fogo". Eis o motivo porque ele é tão longo. Minha intenção no fundo era dialogar com aquele que como eu, está lutando pra conseguir seu lugarzinho no universo tão exigente da literatura. Meu texto é para aquele que como eu sente que precisa melhorar como escritor. Esse enorme artigo é endereçado para os que como eu, são sinceros em admitir que não sabem competir sem querer ganhar, por isso ou preferem "perder" ou evitar conflitos com opiniões contrárias.

Sobre B'MIDBAR. As opiniões foram bem melhores do que sobre o conto BRANCO. E isso me ensina três coisas: identificação com seu público, percepção do próprio estilo e dedicação na arte da reescrita faz toda a diferença.

Sobre os 4 contos citados (SILÊNCIO DA CASA, A CAÇA, BRANCO B'MIDBAR) tentarei falar "por cima" como a idéia de cada um surgiu.

No conto O Silêncio Da Casa eu me baseei no que me assustaria numa história de fantasma, nas minhas aulas de LIBRAS e num fato da vida real que chocou o Brasil, mas teve pouca divulgação da mídia.

No conto A Caça eu já estava interessado no tema. Pesquisei e adicionei à ficção coisas que vivenciei (não a perseguição, mas burocracias de universidades) e relatos de pessoas perseguidas.

No conto BRANCO, usei o clima triste de luto que vivenciei no começo de ano e algumas coisas que particularmente tenho medo como Alzheimer.

No conto B'MIDBAR, me baseei numa notícia de 87 corpos encontrados no deserto do Saara.

Calma. Não dei spoiler de nenhuma história. Se quiser conferir, passa lá.

Tudo pode dar uma história. Tudo a nossa volta pode ser útil para criarmos alguma coisa. Mesmo que alguém já tenha criado algo parecido, devemos imprimir nossas digitais na nossa forma de contar. Foi o que a NICOLE BEATRIZ me disse quando viu que um conto meu estava ruim: "Falta um pouco de você no texto...".

Aos participantes do CLTS, continuem, se dediquem e nos surpreendam. A competição está acirrada.

Enquanto isso eu ficarei na arquibancada torcendo e treinando para quem sabe voltar melhor na próxima edição.

Se você leu até aqui, eu te devo umas 20 leituras kkkkkk.

Eu tenho a mania de sempre citar nomes de pessoas que me ajudaram e ajudam. Citarei novamente. Caso eu não te cite, não é por maldade, desvalorização ou ingratidão. É minha memória mesmo que é um lixo.

Agradeço à (recantistas):

ALLANA FERNANDES (minha namoroiva)

WALLACE AMORIM

POETATARDIO

DIOGENES LESSA (antigo Lobo do Cerrado)

BATISTA ANDRADE

JOTA GARCIA

CRISTINA GASPAR

CREUSA LIMA

IQUITIS

CJ OLLIVEIRA

RAPHAEL MEZA

MARIA TEREZA BODEMER

L K WALKER

JULIANA MONTENEGRO

IOLANDA PINHEIRO

FEFA RODRIGUES

HICS

FRANCISCO DE ASSIS GÓIS

EVA VILMA

CARMEN LÚCIA

WALDRYANO

LUCIANO RF

LUIS CLÁUDIO SANTOS

MÁRCIO TADEU

A todos os participantes do CLTS da edição 8, 9 e 10 e a organização.

E agradeço à (não recantistas):

JOÃO JÚNIOR (meu irmão)

NICOLE BEATRIZ

DANIELE LIMA

THAYNARA

THASSYANE

JANAINA MARQUES

WESLEY PEÇANHA

LEVI GUERRA

CLEIDIANE

Minhas primas LIMA ROSALINDA, BELL OLIVER e MARIA OLIVEIRA

SILVA GOMES

NEIDINHA

JOSIMAR GOMES

THAMIRES GOMES

GILMAR SANTOS

MARIEL F. SANTOLIA

EVERTON

WESLEY RODRIGUES

R. LEÃO

Indistintamente, desejo sucesso à todos.

Deus em Cristo vos abençoe.

Att:

Leandro Severo Da Silva.

Se leu até aqui... realmente tu não tinha o que fazer hein Kkkkkk

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 29/02/2020
Reeditado em 08/05/2020
Código do texto: T6876857
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