O CONTADOR DE HISTÓRIAS E O JUNTADOR DE PALAVRAS

O escritor, o artífice da palavra, fecunda a ideia e vai acompanhando a gestação intelectual da sua obra até a eclosão total, até ao nascimento, ao momento mágico de apresentá-la ao mundo, explodindo do mais legítimo sentimento, da mais genuína emoção, o orgulho de criar.

Hoje Antonio Costta, experimenta esta emoção, a de continuar através da sua criação, para sempre lembrado pelas gerações sucessivas do seu amado Pilar.

Aqui peço licença para uma pequena digressão. O nosso Antonio Costta se auto denominou de “Juntador de Palavras” para explicar a sua veia poética-simples, espontânea, sem rédeas, nem limitações impostas pela métrica.

Tornei-me um caçador de penas

Ou de belíssimas aves raras?

Não importa, tornei-me apenas

Um juntador de palavras!...

O José Lins do Rego se dizia um “Contador de Histórias”, Menino de Engenho foi uma estréia que segundo José Américo “já tinha a segurança da mão de mestre”. Mais poema do que romance o estilo encantou pela espontaneidade. No romance de Zé Lins do Rego o linguajar dos personagens foge, por vezes, ao controle gramatical e a rigidez da sintaxe. Porém mesmo sem ser trabalhada a linguagem é rica, agradável e viva. Como se vê o “Juntador de Palavras” e o “Contador de Histórias” se aproximam na criação literária, pelo seu estilo espontâneo que elimina todo seu artificialismo.

É a fala poética saindo de dentro do peito, da alma, pura, cristalina e rica.

São versos falando do jeito

Que o ser humano sente

Versos extraídos do peito

De dentro da alma da gente!

E mais adiante:

Não, não quero saber

Da poesia concreta,

Da poesia abstrata

Do imaginário poeta

Sim, quero apenas saber

Da poesia virginal

Escrita com o coração

Com a linguagem universal!...

O livro de Antonio Costta me encantou e estou certa que encantará a todos quanto tiverem a oportunidade de lê-lo. Seus versos têm a força do amor a terra, à gente, à natureza de sua gleba, as várzeas pilarenses, o Rio Paraíba – esta é a sua temática mais forte.

O livro de Antonio Costta surge como um embaixador da alma e do sentimento do povo pilarense, fazendo essa cidade mais conhecida e mais amada através dos versos do poeta que retratam com tons vivos e quentes a alma do seu povo.

E o poeta se estende mais. Como o homem metafísico de todos os tempos fala do bem e do mal, das chagas sociais, da tristeza e da alegria.

Vejam o poema “João Brasil”, do qual aqui transcrevo alguns versos.

É dia santo

É feriado

É João Brasil

Desempregado

Desquitado

Processado

E confinado

Numa prisão

— Numa prisão

Acorda João...

Meu conhecimento com o jovem poeta é recente e, aconteceu, não através do interesse literário, comum a nós dois, porém através da política, sendo naquela época o jovem Antonio Costta, vereador na cidade do Pilar. (Mais uma digressão) Aí está outra semelhança com o inesquecível Zé Lins do Rego que era apaixonado por política, embora dela nada tenha conseguido.

No despontar do novo milênio, como uma premonição do seu brilho literário, Antonio Costta abandonou a política partidária para se dedicar à religião, à família e à poesia.

Sem nunca se desligar dos laços de amor a sua terra natal, o nosso Antonio residiu em Sapé, estando hoje, para a nossa felicidade morando em Itabaiana, terra do imortal poeta Zé da Luz e onde também se encontra para nossa satisfação, o grande Jessier Quirino.

Antonio Costta veio engrossar essas fileiras, jovem de Pilar, mais precisamente de Chã de Areia “onde o sol se levanta mais cedo” segundo palavras do Profº José Augusto de Brito, membro da Academia Paraibana de Poesias, que fez uma belíssima apreciação do livro de Antonio Costta .

O nosso jovem colega dirige, hoje, em Itabaiana, uma escola de informática – a tecnologia dominante neste século XXI. Parece um paradoxo – o poeta voltado para o mundo subjetivo dos sentimentos, o professor de informática lidando diariamente com computadores e botões.

Porém em “Poesia Viva” ele se explica, ele nos faz entender que o poeta é o mais forte, a poesia sobrepuja nele todas as outras facetas de sua personalidade.

Poesia Viva?

Sim! Ela está em todos os lugares

E em todos os tempos;

Sempre haverá um coração batendo

E um poeta escrevendo.

Antonio Costta você recebeu um dom de Deus. Você é um privilegiado, continue a sua trajetória cantando as belezas de sua terra natal, denunciando as injustiças sociais, falando de guerra e de paz e principalmente de amor. E tudo isto através do dom maravilhoso de se expressar em versos.

Cabe a nós o comum dos mortais esperarmos ansiosos por novos livros seus, para o nosso deleite e felicidade.

Lembre-se do que falou o mais brilhante conterrâneo, o imortal José Lins do Rego “Ser poeta é ser íntimo de Deus”.

Parabéns Antonio!

Que Deus o abençoe em sua trajetória.

Professora Teresa Queiroga

(Professora - Itabaiana/PB)