VAZIO AFETIVO

A vida pode se apresentar ou não rica em afetos. O essencial é cultivar o diálogo para passar pela transformação sobre o que realmente pensamos e vivemos. Em cada conversa fazemos novas amizades. Reencontrar pessoas é conviver todos os dias com o prazer do afeto.

Ao viver nosso olhar vai mudando de direção, preenchendo os vazios e nos ajudando a seguir em frente, para realizar nossos desejos. Todos têm um jeito especial de ver a vida e driblar o vazio afetivo. Nas palavras de Dinair Fernandes Pires, “É em momentos de tristeza, vazio / isolamento e frio, / o rumo se vai, / o andar fica incerto, / o coração escurece, / os olhos turvam, / os versos saltam como catarse...”

O afeto nos consome, e sua falta também, mas, de modo consciente, o vazio afetivo reflete o que não temos: na mágoa vivida, na falta de alguém em quem possamos nos espelhar, no não demonstrar o nosso melhor e, ainda, em não nos dedicar ao cuidar de nós mesmos e dos outros, deixando o tempo se espedaçar em momentos únicos e solitários. Dinair Pires retrata, “... A cada dia que nasce/a tarefa é descobrir / o recado da existência / que deseja se expandir, / do SER...”

Vazio afetivo acontece quando não sentimos a vida e nem encaramos os desafios que se fazem cotidianos; como as palavras recolhidas, que não nos preocupamos em entender; assim, provocamos o avesso da relação. A mudança na convivência se reflete no mundo, como expressa Dinair, “Algumas coisas grande / pequenas / fazem todo o vazio: / catálogo de endereços no celular com nomes tão especiais, /recadinhos e lembretes / pra quem pode interessar?...”

Somos quem nos permitimos ser e, muitas vezes, acabamos errados. Não acreditamos na influência que as coisas têm sobre nós e tendemos a pensamentos ruins, que nos desviam do caminho que deveríamos trilhar. Perdemos importantes momentos e os tornamos vazios de afetos. É triste olharmos e percebermos o vazio afetivo alterar nossa qualidade de vida, simplesmente, por não acreditarmos na capacidade de amar. Sim, dependemos do afeto recíproco de todos, o que vai desde o amigo mais próximo até o desconhecido, que também atinge a nossa linha do tempo ao vivermos essa situação, por que transforma a nossa alma. Dinair revela o ‘Vazio// Não há revolta / nem queixumes. / Não há desespero / nem lamentos. / Não há maldição / nem prantos. // Apenas / o silêncio, / a inapetência, / a inércia, / a escuridão”.