DE COMO SE TRAVESTE A PALAVRA
Vivo a cerrar fileiras, cotidianamente, em busca de caminhos, tentando descobrir as trajetórias, a colimação do Belo – o seu esconderijo. Não acredito que o poeta nasce (totalmente) feito, como diziam os latinos: "Poeta nascitur, orator fit", vale dizer: "o poeta nasce, o orador (o escritor) se faz", porque nada é absoluto sobre o planeta, tudo é relativo, como afirmou Einstein, na contemporaneidade. Acredito, sim, que o diuturno exercício e o contato profundo com os mistérios da palavra em seu sentido genuíno, original, e o fetiche da metáfora, sua tergiversação de sentido e entendimento, são capazes de aumentar a chama da criatividade, da disponibilidade de uso dos sentidos denotativo e o conotativo – que é neste que a Poética se corporifica. A síntese verbal sempre foi e será a fórmula do poeta, aquele que veste a palavra com o seu vestido de festa. Para os outros obreiros da Palavra, existe, à disposição, a linguagem prosaica e os seus comparativos, que são sempre excludentes da linguagem metafórica.
– Do livro inédito OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2015/19.
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