POESIA, A INTEIRA VOZ

O poema (aferido com Poesia) nada mais é do que uma peça estética autoral que contém breve reflexão resultante do ato de recriação que o poeta-leitor faz sobre os míseros versos que se encontram deitados sobre o papel e/ou volátil na virtualidade contemporânea. Geralmente trata-se de uma fugaz prece aos ouvidos necessitados de harmonia e beleza. A peça poética nasce e se completa na cabeça do seu leitor, quando voeja no entorno e/ou agregada aos desejos do receptor. É uma medusa: está sempre se recriando na ponta dos esparramados cabelos deitados ao vento. Os vocábulos, versos e linguagem de conteúdo da peça vão muito mais além do que aquilo que está singularmente apresentado pelo seu autor, ao seu tempo de criar e viver. Fenece quando abandonada pelos olhos e ouvidos em sua genuína linguagem e entendimento, ainda que trespasse sua idiossincrasia de verbete sem dono e rumo, em qualquer formato e idioma. Recria-se, também, a cada versão feita pelos tradutores, que são hábeis manipuladores de centelha e palavra. Deles, comumente se exige mais do que do autor original das ideias e versos concernentes ao poema. Ao nos toparmos com o verso com Poesia, é bom ter em conta que ele se perfaz no insólito silêncio confessional, onde tem a probabilidade de louvar sua ínsita sacralidade. Porque ele sempre vive sozinho enquanto palavra.

– Do livro inédito OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2015/19.

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